quarta-feira, 20 de junho de 2007

A Ninfa de Olhos Verdes




A Ninfa de Olhos Verdes
Poema Sinfônico em Sol Maior
Minha Vida é Amor e Encanto



"Olhos verdes, por que não me vedes? Se verdes são,
por que nenhuma esperança me dão"? (Camões)




Menina de olhos verdes
Assentada mirava as águas
Azuis do Danúbio

Lágrimas de dores e mágoas
Dum menino de olhos
Cor d`esperança

Que pairava n`outra margem do rio
Cismando solitário perguntava:


- Credes em Amor
Profundo como mares
Menina de olhos verdes?
Das traições do Cupido
Restou a dor
O coração ferido



Danúbio indiferente
Fazia ouvidos moucos
Nada respondia
Caçoava do menino
Choroso e aflito

Cupido cantarola divertido:


- Olhos Verdes
Danúbio Azul
Coração Vermelho Sangue
Sangrando ferido
Pelas setas do Cupido

Beijar seus lábios
Fazer amor nos prados
Feito poesia

Colher gerânios
Ornar sua fronte
De rosas e jasmins



- Ai de mim, Cupido!
Ai de mim!

Sou menino!

Sê compadecido!


Que as águas turvas do rio
Escurecem meus pensamentos
Desatinados em doce ventura
De amores arredios
Evocando perigosos devaneios
Pungentes melodias ao léu


Na margem oposta o Danúbio
- Em que assentada repousa a ninfa -
Ri de nós impassível
Separando rosados lábios
Do bardo menino choroso



Preces a Narciso
Entoa o menino
Afogar-se-á no rio
Cruzando as águas que o separam
Do Amor Eterno jurado?


- Ai de mim, Cupido!
Ai de mim!


Que as águas turvas do rio
Escurecem meus pensamentos!

Se o Danúbio atravesso
As fronteiras da vida cruzo
Nos braços do barqueiro sombrio
Adentrando os Vales da Morte



A razão se perde
Vã, passageira
Nuvem plácida
Imerge em água turva
O bardo pequenino
Na aurora da vida

Descompassadas braçadas
Respiração entrecortada
Paixão e lassidão
Sucumbindo o fôlego
Naufraga no alto Danúbio
Ao sabor do descaso...

O réu confesso:
Senhor Destino perverso!

Se via nos olhos
De ninfa tão formosa
A mesma cor
De sua esperança
Por que o Amor
Nada respondia
Refletindo somente descrença?

A poesia se foi
Num ímpeto desesperado
Cruzando o rio
Nos braços do barqueiro sombrio

N`outra margem
Em que assentada repousa
A ninfa de amores perdida
Derrama lágrimas
Insensatas rimas
Transbordando o rio
Seguindo calado seu Destino
Além de Viena
Inunda a Baviera
Em lágrimas pelo menino
Olhos cor d` esperança


Subindo as escadas do paraíso...


Um anjo entristecido
Comovido conduz o bardo pequenino
Entoando suas derradeiras melodias
Saudosas ao léu
- Escritas, nunca enviadas -
À menina de olhos verdes:


Nas estrelas do céu haverei de contar
Os beijos com paixão que haverei de te dar...




Rob Azevedo





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