sexta-feira, 29 de junho de 2007

Saudades do Antes da Partida...




Saudades do Antes
Da Partida
Solo em Flauta Doce



Amanheço
Da janela do quarto
Vejo nuvens escuras
Vasto mundo de prédios
O mundo repenso
Fugitivo do caos
Chegando leve e traiçoeiro
Procuro abrigo
Refugiado em teus braços
Perdido na esquina
O nada me diz bom dia
Enquanto descanso
Ao sabor do descaso
Vejo a menina
Enveredando nas vielas
Estreitas dos morros marginais
Sedenta por drogas
Que já não satisfaz
A manhã avança
O dia cala
A tarde cai
Na noite que brilha
Teu sorriso me atrai
Reflito a vida
Amarga dessa menina
Sexo sem afeto
Deslizando em carros dourados
Nas luzes de estradas
Tudo se desfaz
A noite se passa
Ligeiro me disperso
A saudade me mata
Quando penso em ti Carolina
Seguindo em passos largos
Perdida a alegria
Meu coração se conforma
Atravessando a rua vazia
Acendo um cigarro
Na dor me embriago
Na última taverna
Lembrando a menina
Meus olhos avistaram
Jamais esqueceram
Minhas pernas cansaram
Amigos se apartaram
Crescendo mais forte
Somente o desejo
Seguindo esperançoso
Tua sombra Carolina
Os anos se passaram
Meus irmãos envelheceram
Vidas se foram
Não retornaram
Só meu amor
Não sentiu cansaço
Levando a ti no peito
Onde te guardo
Nas mesas limpas
Da última taverna
As portas se fecham
Enquanto me embriago
Lembranças consomem
O tempo que desterra
Não diz o relógio
Seguindo meu caminho
Ando solitário
Hesito um segundo
Apresso meu passo
Em casa não te encontro
Padeço embriagado
Quando me deito
Penso no mundo
No pouco que fiz
Desejando teu beijo
Meu coração arde
Cerro os olhos e vejo
Tua sombra juvenil
Fantasma de outrora
Assombrando meus sonhos
De perdição e desejo
Se apagam imagens
Repouso em sono vazio
Desperto mais cansado
Não estás ao meu lado
Novo dia amanhece
Sem teu corpo macio
A vida passa ligeira
Como nuvens se desvanece
O Sol não se abre
Pessoas se transmutam
Águas caem do céu
O tempo se consome
Quando olho no espelho
Não reconheço quem encaro
A estranheza me desespera
Quando na rua te vejo

Vagando melancólico
Resta-me a certeza:

Não é quem está no retrato
Antigo e desbotado
Na parede
Ao lado da janela de meu quarto




Rob Azevedo




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