sexta-feira, 29 de junho de 2007

ARQUITETO DAS LETRAS




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-> Trilha sonora


Sou Arquiteto de Letras
Que se combinam de forma torta
Sem lamento, nem dor
Sem pergunta, nem resposta
Se beijam fazendo amor
No êxtase d`alma exposta

Nenhuma palavra
Pálida sem cor
Nenhum sentimento
Frio, ameno

Da razão abstraído
No profundo do íntimo
Puro veneno
Em verso se transforma

Prazeroso o vício
Do vinho que embriaga
Sorvendo segredos
Emergindo desnudos

O poeta amolda
Sílabas em sons
A palavra conforma
Ao sabor de seu dom
Intenso confessa
Sentimento retido
Foragido do âmago
Disperso, banido

Do recôndito ninho
Elevam-se preces
Libertas e plenas
Em perfeito desalinho
Segredos e devaneios
Verdades fantasiadas
Inexatas rimas

O poeta se cala
Confissões transborda
Desatinado incorpora
O ourives sonhador

O vocábulo lapida
O ouro craveja
Em diamantes e pérolas

Na jóia mais rara
O tino perdido
A alma liberta

O poeta se confessa
Solene a entrega
De quem se embriaga
No vinho Nostalgia

O ser despido
Cauteloso revestido
Protege a nudez
Na melodia, no ritmo
Na imagem que transcende
O próprio sentido
Na rima polida
No final do verso

Interpreta o trovador
Infindas personagens
Vaporizando a culpa
Dispersa o pudor
Na máscara que usa

Os olhos vêem
A razão se perde
Só o coração entende
O que a paixão concebe

Assim a essência
Benévola ao alcance
Ainda que desnuda
Sensata se esconde

Se ledes poesia
Sem tua alma
Na verdade nada lês
Desmerece a magia

O sentido foge
Entre os dedos escorre
Escapa da visão

No escuro da noite
São cegos de olhos vendados
Analfabetos de espírito e dementes

Na fonte clamando por água
Que sacie a secura do corpo
Bocas não têm

Tampouco mãos e pés
Para girar a chave
Abrindo a porta
Cruzar a ponte
Da abstrata compreensão

Perdidos se arranham
Nos espinhos que ferem
Mas a alma não sangra
O íntimo não chora
Quem enxerga não ama
O ser não padece

Assim são aqueles
Que a vida arrefece
Quando versos lêem
Sem absorto o coração
Imerso em igual paixão
Do poeta sonhador
Que poesia concebe.




Rob Azevedo




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