sexta-feira, 22 de junho de 2007

Murmúrios de Eco




Murmúrios de Eco



Minhas ovelhas debandaram
Espavoridas pelos campos
Enquanto obscurecida a razão
Sonhei erguer castelos de areia
Em cada um de meus versos

Ninguém é tão pobre
Que não tenha o que perder
Nem tão rico
Que possa comprar
A pureza do Amor
Que guardo em meu peito

Fui um pastor cego
Perdi meu rebanho
Em vertigens de amores
Levados pelo vento

Já nem me ouvem as ovelhas
Nem o gado
Que pasta nos montes
Se toco o berrante

No alto de penhascos
Na profundeza de vales
Reverbera Eco
São as palavras de Narciso
Ao contrário das lendas
Deparando-se com a ninfa

O Amor se aquieta
Lentamente definha
Quando não há alternativa
Viceja nos braços
Da Senhora Erva Daninha

Dos vilarejos onde a plebe habita
Se esquiva
Quando tudo lhe aborrece
Mirando-se no espelho
E vendo-o em pedaços

Refugiado em ermo bosque
Simplesmente
Vive a vida
E arrefece
Os desejos grandes

Os pássaros de seus ninhos
Erguem-se em vôos
Encontro-me sozinho
E não tenho asas

As águas dos rios
Seguem para os mares
As nuvens outros caminhos
E troveja forte

Anoitece
E sinto na boca
O gosto frio
Acre
Da morte

Definho
Feito lenda
Num beco escuro
Ao murmúrio de Eco



Rob Azevedo





Nenhum comentário: