sexta-feira, 29 de junho de 2007
Na Duração do Gozo Don Juan
Na Duração do Gozo
Don Juan
Peregrino nos caminhos e descaminhos
Da paixão
Aprendi
Calejei o coração
Tive altos e baixos
Dormi na alcova de princesas
Onde a castidade de fato valia
E sorumbático na sarjeta
Embriagado de amores quiméricos
Por alguma pretensa Julieta
Vulgar garota de programa
Com agenda repleta
Cavalgando em alazão
Rumo à prado verdejante
Tendo paradeiro
Nalgum sombrio deserto
Sem controle sobre as rédeas
Hora à trote largo
Adiante levando coice
Derribado ao chão
Fiz jus
Ao título de nobreza
Que ostento no Amor
Don Juan
Amor do lado avesso
Não aquele que é eterno
Verdadeiro e único
E tem real valor
Mas naquele que é efêmero
Imagem e semelhança de Narciso
Que se orgulha em si mesmo
Em cada conquista
Entre tantas quanto puder distribuída
Amante da beleza
Que reluz do lado externo
Ignorando a que vem de dentro
E amante
Das estrelas cadentes que riscam o céu
Na forma de mil e uma mulheres
Cortejadas com artimanhas maliciosas
E diplomáticas
Incapaz de dizer não
Mostrar-se como lobo
Se opor
Fazer drama
Sempre agradando
Aparentando perfeição
Perito na lábia
Contemplando a presa de mimos
Porque almeja um único destino
Na duração do percurso
A cliente tem sempre razão
E dois corpos nus se entrelaçam
Despudorados e perdidos
Em suores
Inebriados no gozo
E o cometa se foi
Em sua brevidade
Seguindo outra direção
Aquela que entre outras pernas se encaixe
Nenhum endereço
Referência onde encontrar
Nem explicação ou por quê
Tampouco o passado importa
Ou mesmo o nome
E o que faz
Porque não haverá amanhã
E seu papel de macho foi cumprido
Do feedback que as mulheres nos dão
Nascem os Don Juan
E tudo é vão
Na duração do gozo
Meu caráter não faz curva
Não se atreva
Porque não se pode agradar a dois deuses
Se assim fazem as mulheres
A muitas deusas se entrega Don Juan
Rob Azevedo
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