sábado, 30 de junho de 2007

Reencontro




Reencontro



Em meu funeral
Desejo somente
Que a turba dos hipócritas se afaste
Para que sozinho me cale
Estendido no esquife

Se rosas houverem
Cobrindo meu corpo
Que sejam negras
Como a noite
Que fria desterra

Meu terno, aquele
Da formatura
Na universidade
Guardado como relíquia
Longe das traças

Se a taça de vinho
Inteira se derrama
E murcham as rosas
Sobre meu cadáver
Que eu viaje sozinho
Ao Vale da Morte

Sem dogmas
Nem a porta
Que eu deva cruzar
Para entrar no Reino das Fábulas
Ou na fogueira do Tártaro
Transpassando Cérbero
O Guardião dos Portais

Na noite profunda
Vagarei acompanhado
Do fantasma que fui
No Mundo da Luz
Para que beba da fonte
Sombria
A vida
Que nunca vivi

No Deserto Solidão
Peregrino, maltrapilho
Desterrado, empobrecido
Encontrar-me-ei
Não com Deus
Mas comigo
Celebrando meu Eu
Relegado ao Nada

Somente assim
Sem posse alguma
Do desejo despojado
Da ilusão liberto
Que embaça a mente
E morto imerso
No Vazio Eterno
Reencontrarei
A mim


Rob Azevedo




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