sexta-feira, 29 de junho de 2007
Poesia Morta
Poesia Morta
Às vezes a poesia se cala
Embora tentemos
Trazê-la à tona
Tantos esforços
Quando vem
Nasce morta
Fúnebre lamento
Dilacerando as vísceras
De quem vive
Derramando lágrimas
Por cadáveres e ossos
Um zumbi perambula
No cemitério desterrado
Clamando que me deite
Ao seu lado no esquife
Ó nefasto vampiro d`alma!
Busca cravar os dentes
Naquele que foge
Exaurir o sangue
Ó morbidez insaciável
Espreitando novas vítimas
Elege seu esposo
Dentre moços vistosos
O leito matrimonial
Uma lápide de mármore
Da tumba
Morto-vivos se levantam
Jazem os vivos
Agora mortos
Venenos letais
Arruínam sonhos
Na astúcia demoníaca
A fraude mesquinha
Em miragem oferecida
Numa casca de ovo esbelta
A gema podre
Tentações da carne
Causando dolo à alma
Sangrando o coração
Vilipendiando o sagrado
Um corpo putrefeito
Cremado no forno do ódio e desprezo
Em cinzas viceja
Dizendo-se Fênix
Balbuciando es-pe-ran-ça
Deixando em sua trilha
Rastro sangrento
De carnificinas
Ó Nosferatu apodrecido!
Tuas traições não me atingem
Ledo teu engano
Aprendi vossas tramas
Adquiri a força
De dez mil demônios
Teu veneno
Há de beber
Len-ta-men-te
De teu próprio cálice
E padecer
Dores lancinantes
Gemer
Gritar
Vomitar as entranhas
A-mar-ga-men-te
Definhar nas sombras
E morrer
Num riso insano
Como indigente abandonado
Na cova 6-6-6
Do cemitério
Dos amaldiçoados
Rob Azevedo
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