quinta-feira, 28 de junho de 2007

DEUSES VIVOS




DEUSES VIVOS


-> Trilha sonora


Esses burgueses afetados me cansam
Nunca levaram porrada na vida
E acham sempre que somos os burros de carga
Que nascemos para cumprirmos ordens
Opressão do capital maldito
Criados nas elites refinadas
O único tratamento que lhes julgam cabível
É de nobres da corte
Princesas e rainhas
Reis e príncipes
E todo séqüito de empedernidos obesos
Com faces rubras de vinho
Resmungando que o Bourbon
Não era da safra que queriam

Aduladores do déspota assentado no trono
De ouro maciço cravejado em diamantes
Erguendo seu cedro
Murmurando cansado aos súditos:


- Atendei meus caprichos
Sou o deus vivo!
Preparai minha carruagem
À tarde passearei no parque
Calçai vossas pantufas
O piso palaciano é de madeira nobre
Resplandece feito cristais
Donde a marquesa contempla excelsa beleza
Cearei ao chegar
Faisão à moda Marseille
Em pratos e talheres de prata
Champagne vienense no cálice sagrado
Prostrem-se e beijem minhas mãos

Ides, agora basta
As mucamas banharão meu corpo celeste
Trocarão minhas vestes
E sairei ao parque



Afetados burgueses
Reinos e impérios caíram
Ainda julgam-se
Os mesmos déspotas
Revestidos de esplendor
Lançando olhares de repugnância
Aos plebeus escravizados
Imponentes em suas auto-intituladas
Divinas superioridades

Arrotando arrogância e prepotência
Pisando em seres humanos
Como se fossem vermes
Nascidos pálias
Por méritos legítimos do karma
Reles casta de ordenanças
Merecedores de chibatadas
Quando não as cabeças guilhotinadas

Miram-se em espelhos
De bustos e estátuas nas praças
Opulentos palácios em madre-pérola
E mármore Carrara
Vitrais e lustres franceses
Jardins babilônicos

Até suas tumbas são magnificentes
Em recantos secretos nos sarcófagos
Barras de ouro e jóias

Vil metal!
O que ajuntam em bens materiais
Perdem em riquezas d`alma
Ó reis de coroas das trevas
Sois mesmo camelos presunçosos
Buscando passagem
No buraco da agulha



Rob Azevedo





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