segunda-feira, 9 de julho de 2007

San Pedro de La Sierra



San Pedro de La Sierra

...........
I

-> Trilha sonora


No meio do mato
Uma casa
De sapé
Telhas de barro
Cor de terra molhada
Chaminé de zinco
Umbrais das janelas e portas
Azul marinho desbotado
Brancas paredes

Alta do chão
Erguida por vigas de madeira
Fugindo da umidade
Por debaixo
Armazém de lenhas
Pro fogão dos eremitas
E ninho dos gatos malhados
Janis Joplin, Mel e Che

Ao lado a horta
De verduras tantas
Frutos intocados da terra
E água dos regatos e chuva

Regatos que formam pântanos
E lago defronte
Jardins cristalinos de flores de lótus
Águas que murmuram
No correr das cachoeiras
Incessante o canto não pára
Da água entrechocando nas pedras
Cobertas de musgos, entre samambaias

O verde inunda os olhos
Em folhagens, galhos e troncos
Torna-se o mundo
Abrigo dos pássaros
E todos seres da floresta





.........
II


-> Trilha sonora



O contorno das colinas ao longe
Sob o manto das névoas
Estradas sinuosas
A se perderem detrás do montes
Vilarejos pacatos ao léu
Um coreto, uma igrejinha
Uma ruazinha central
Meia dúzia de mercearias

Um cavalo passa
Outro além
Puxando carroça

Chapéu de palha
Fumo de rolo
Camisa quadriculada
Cachaça da venda
Do Seu José

Na noite de sábado
Diz o cartaz:
Cabeça de Égua
No Forró Estrela

Sanfona
Triângulo
Bumbo
Cuíca
Chocalho
Cavaquinho
Saia vermelha e amarela
De babado rendado
Girando no salão

No burburinho de gente
Que se esbarra, se acotovela
Aos passos da dança
Um beijo roubado na alta noite
Quando os gatos são pardos
E namoram no telhado

Juras de Amor, promessas
Paixão que se alvoroça, incendeia
Requebrando nos quadris da menina
Roçando as pernas do caipira
Guiando a dama com mãos envoltas na cintura

Beijo roubado
Vira doado
Devora lábios
Línguas e pernas se entrelaçam
E roçam

Rastro vermelho de batom
Por todo rosto e pescoço
Do cavaleiro que conduz a dama

Mãos na cintura
Mente que imagina
A moldura em que se pega
No vai e vêm do Amor

Mãos intrometidas
Deslizam por quadris que requebram
Beliscam, apertam
Vulcões despertam

A cabeça gira
O olhar se finca
Nos seios da menina
Que saltam pelos decotes

Duas colinas roliças
Saltitantes gelatinas pontiagudas
Nos picos róseas
Vez ou outra se mostram
No bailado da dança
Aguando a boca

Luzes violetas piscam
Vermelhas, laranjas, verdes, azuis, amarelas
O homem se enfeitiça
A mulher atiça

De mãos enlaçadas
Cruzando a porta
Do Forró Estrela
Se vão embora
À luz de pirilampos
E Lua cheia
Colhendo cadentes estrelas
Trilhando estradas sinuosas
De terra batida
Subindo a colina
Sob os olhos da Camélia Prateada
Confidente testemunha
Dos corações enamorados

Dez passos um beijo
Dez beijos uma jura
De Amor e Desejo
Cem beijos uma cura
De um mal qualquer
Mil beijos uma flor
Em pétalas se abre
Bem-Me-Quer
Na tosca madeira da porta
Da casinha de sapé
No alto da colina

Se abrindo floresce
Nas tranças da rede
Em que adormece
Extenuado de prazer
Um homem embalado
Num colo de mulher



Rob Azevedo





Don Juan




Don Juan

Sou o lendário Don Juan...
Nunca me aproveito das mulheres

Dou a elas prazer
Se assim desejam

-> Trilha sonora


Os dons de Don Juan
Levo no sangue
Sou doutorado no Amor
Aquele que é eterno
Na duração dum segundo
Num toque de pele
Cada pêlo se arrepia

A chama arde
Cruzando meus olhos verdes
Penetro o íntimo d`alma
Da mulher que se rende
Ao Amor ardente
Perde a cor e treme
Meu nome é Don Juan

Oferto uma rosa
Presa nos lábios
Sob a capa, meu corpo
Perdição das deusas
À luz de velas

Serenata “caliente”
Choram violões
E roubo num lance
Mil corações

Em voz rouca
Sussurrante
Declarações
Jamais ouvidas
Invadindo o âmago
Da mulher que deseja
O instinto que clama
Devassidão no leito
Ao lado de quem
Entregar-se é honra
E o Amor perfeito



Rob Azevedo





Casablanca




Casablanca


-> Trilha sonora


O Amor diz adeus
Para quem espera
Na estação de trem
Sob a chuva
Nas palavras
Escritas num bilhete

Ninguém entende
A razão
Porque transcende
Toda explicação

Confunde
Quando deveria
Clarear
Se despedindo
Na última linha
Com jura eterna
Entre dois amantes
Apaixonados:

I`ll always love you

Por que todo romance
Que vence a noite dos tempos
Tornando-se monumento
Do Amor
É triste?

De trovador
Hei de ser
Sofredor
Eu que tanto amo?

Quisera Deus
Não houvesse
Inventado o sofrimento
Para quem sente
Amor tão grande

Partirei sozinho
Para Casablanca
Onde sorverei
Minha tristeza
Nos acordes
Dum piano
Sangrando
Dia e noite
Nas mãos de mestre
Do velho Sam:

As Time Goes By

Em tempos de cólera
Que disparam canhões
Enfrento a maior batalha
Dentro de mim

Lembrança duns olhos
Que não me saem do pensamento
Fino semblante
Sutil, delicado
Madeixas de seda perfumada
Duma boca tão terna e doce
Que meus lábios
Jamais esquecerão

Lembranças
E os acordes
Do piano
Em Casablanca
Sussurram
Nos ouvidos de minh`alma
Que as pessoas dizem adeus
O Amor não
Insiste em crescer a cada dia
No coração de quem ama
Amargurado pela saudade
Enquanto o tempo passa



Rob Azevedo






sábado, 7 de julho de 2007

Madrigal dos Aflitos - Romeu & Julieta -




...
♡ ♥ ♡ ♥
Madrigal dos Aflitos ♥ ♡ ♥ ♡

♥-♥-♥-♥-♥- Romeu & Julieta -♥-♥-♥-♥-♥

-> Trilha sonora



Estórias tristes
De Amor
São maiores
Shakespeare
Tinha razão
Romeu e Julieta
Não podiam viver
E serem felizes para sempre
O Destino perverso
Havia de pregar-lhes
Grande peça
E morrerem afligidos
Nas próprias mãos
Do Amor
Tão curtamente
Vivido

Assim eternizados
Transcendem os séculos
Que se sucedem
Não em túmulos padecidos
De mármore frio
Mas nos corações
De amantes enternecidos

E a lua quando vai alta
No madrigal derradeiro
Dum suicida em prantos convertido
Vertendo amores não vividos
Uma canção ecoa mais forte
Dando alento e esperança
Na alma dos aflitos

Sons de órgãos
Cânticos de anjos
E as lágrimas do piano
Celebram Romeu
Exaltam Julieta
E o Amor de ambos
Atravessa a noite dos tempos
Sepultados
Nos corações apaixonados


Rob Azevedo







Um Anjo do Céu




Um Anjo do Céu


-> Trilha sonora


De repente
Gostei de você
Meu coração bateu mais forte
O astral subiu ao alto do monte
A felicidade inundou minha vida

De repente
Me peguei pensando em nós
Deitado na solidão do quarto
Mirando o teto
Enxergando teu rosto

De repente
Suspirei sozinho
Olhei pro lado
Te procurei na varanda
No corredor
Dentro do armário

Confundi você
Com desconhecidas
Trafegando pelas ruas

O telefone tocou
Meu coração disparou
Era o pessoal
Do Telemarketing

Ouvi uma voz
Doce
Sussurrando coisas
No quintal
Adivinha quem lembrei?

De repente eu acordei
Pra vida flutuando
Num mar de rosas
Meditando perguntei
A um solitário num bosque
Mirando um par de cisnes
Enamorados desfilando
No espelho das águas
Dum lago resplandecente:


- O que se passa em meu peito?

Tenho andado diferente
Cismando pelos cantos
Sentindo falta de alguém
Que não me sai do pensamento...



- Meu jovem
Olhai o par de cisnes
Graciosos nas águas
Do lago defronte
São enamorados

Se os bichanos inocentes
Necessitam companhia
Que se dirá de nós
Seres humanos
Nesse mundo tão carente?

Companheiro, te digo
Seu coração foi roubado
Já não te pertence...



- Não me deixe aflito
Amigo desconhecido
Desvanece as brumas
De tanto mistério
Sou vítima de feitiço?



- És vítima do encanto
Comum àqueles que amam
Alvejados pelas setas
De Amor envenenadas
Do Anjo Cupido



- Como é isso
Estou amando?



- Amando de paixão
Jovem companheiro



- Mas veja o casal de cisnes
Enamorados
Desfilando no lago
São dois
E eu estou sozinho
Como posso amar assim?

Acaso sou Narciso
Que ama a própria imagem
No espelho refletida?



- Meu jovem
Faça por onde
Dela se aproxime
Devote carinho
Declare o que sente
E peça a Deus em prece
Quando adormece
Que te faça merecedor
Atento e zeloso
A todo instante
Que o Amor vos brindará
Gratuitamente

Porque o Amor
Quando transborda num coração
Inunda outro coração
No mesmo Amor
Tornando-se ambos
Um oceano
De puro Amor

Tudo se resume
Em doar Amor
Fazer por onde
E esperar
Desperto
Que a semente germinará
Em seus jardins
Fincando raízes
Crescendo
Florescendo
Desabrochando Amor



- Ó companheiro
Que tão sabiamente fala
Amores são como flores
É preciso se cuidar
Ser bom jardineiro
Para que floresçam
Em belos ramalhetes



E o jovem a suspirar
Assentado à beira do lago
Inebriado de encantos
Levantou-se
Despediu-se
E seguiu caminho
Rumo ao pôr do sol

Assoviando pelas veredas dos bosques
Dialogava com tulipas
Jasmins e avencas
E arvoredos floridos
Em doces colóquios
De idílios amorosos

E de repente
Entristecido
Sentiu saudades
De alguém
Que feito semente
Germinava
No profundo íntimo
De seu coração
Fincando raízes:

Uma menina mulher
Mais deslumbrante
Que todas as flores

Um Anjo
Um Anjo do Céu
Por quem morria de amores




Rob Azevedo





Colhe Rosas




Colhe Rosas


-> Trilha sonora


Colhe rosas
Em meus lábios
Que nascerão mais rosas
Tantas quanto
São as estrelas do céu

Colhe rosas
Em meus lábios
Que colherei minha rosa
Em teus lábios
Rosas
Com meus lábios
Corpo e Alma
A mesma Alma
Que te fala
Em meus versos
Derramando Paixão

O toque do beija-flor
A rosa desabrocha
Nascendo mais rosas
Regadas no cio do Amor

Colhe rosas
Em meus lábios
Que estrelas contaremos
Cada qual que reluz
Nos canteiros do firmamento

Colhe rosas
Em meus lábios
Que minha rosa
Colherei
Em teus lábios
Rosas
Rosas semeando
Nos jardins
De meu coração




Rob Azevedo






sexta-feira, 6 de julho de 2007

Transbordando Êxtase no Santo Graal




Transbordando Êxtase No Santo Graal

-> Trilha sonora


Minhas mãos envolvendo aquela cintura
Macia, fina, delicada
Trazendo para junto de mim
Em ímpetos de volúpia desmedida
Minha Princesa Amada.

Nossos corpos se encaixando
Na perfeição de anatomias
Feitas uma para outra
Roçando nuas
Comprimindo-se
No movimento do vai e vem
Feito ondas do mar
Explodindo na praia
Indo e voltando...

O calor do corpo
Pele na pele
O mais íntimo de nós
Em profundo contato.

Nas leis da física
A fricção
Entre o rígido e o macio
O profundo e o extenso
Em doação total
Nos ensandecendo
Na umidade quente
Desprendendo energia
Percorrendo dos pés à cabeça
Arrepios e tremores.

Concentrado no centro de nós
O Olho do Furação Kundaliní
Em dois Chakras Muladhara
Que originam a vida
Se amando com paixão:

O Chakra da mais pura essência feminina
Com aquele
Da masculinidade que se encaixa
Na forma exata que o completa.

A Perfeição de Deus
Que assim nos fez
Encontra-se infinitamente além
Em Seu Trono
Aos dogmas humanos.

A nós amantes
O beneplácito desse êxtase
Que avidamente buscamos
Não é privilégio único
Dos deuses celestes.

Gozamos
Cada momento
Em toda sua extensão ilimitada
Abençoados
Pelo Pai Altíssimo
Porque nos escolhemos
E nos amamos em verdade
Somos cúmplices
No desejo que devotamos
Um pelo outro
No mais profundo
De nossas almas.

Rendemo-nos
Santificados
No Amor que fazemos
Infinito e soberbo
Venerável
Mais-que-perfeito
Sacralizado em cada ato
De nossos corpos desnudos
Se entregando rendidos
Ao prazer irrestrito
De quem lhe ama e é amado
Comungando
O lúmen de nossos espíritos
No Amor ao Amor consagrado
Que deliciosamente fazemos
Abençoados por Deus.

Segurando-a pela cintura macia
Minhas mãos trazem-na para junto de mim
Num movimento de vai e vem
Em ímpetos de volúpia
Penetrando-a pelas ancas
Libertando suspiros
Deleitando nossas almas.

Na duração infinita do ato
Minhas mãos percorrem seu corpo
Acariciando, apertando, arranhando
E tudo se perdoa
Na redenção que há de vir
No cataclismo de nossos orgasmos
Arrebatando-nos ao firmamento.

Minhas mãos a prendem por mechas
De suas negras madeixas
E tenho minhas rédeas
Em meu cavalgar
Penetrando o Cálice Santo Graal
Onde haverei de transbordar
O gozo na mulher que amo.

Sou seu cavaleiro real cavalgando-a
Domo-a nas rédeas de suas madeixas
E na cintura fina e delicada.

Ah, Minha Princesa Amada!
Com seus lábios rosas
Sorverá de mim o vinho mais puro
De minha masculinidade
No íntimo recôndito
De sua essência mulher.

Minha língua percorre seu dorso
Sentindo o calor da pele
E vou cobrindo-a de beijos
Em veneração apaixonada.

Estrelas cintilam ao redor de nosso leito...

A nós acostumados a mirarmos o céu noturno
São as constelações mais deslumbrantes que já contemplamos
Profundo deleite além de todo mundano.

Na longevidade do coito
Seu nome em sussurros clamo
Em tom que transcende
Os limites da própria Paixão.

Em voz profunda e cândida
Ouço de minh`alma o bálsamo:

Meu Amor, Eu Te Amo!
Te Amo, Te Amo, Te Amo...

Deus meu, como Eu Te Amo!

E seu nome vou clamando
Em sussurros apaixonados
Entrecortados por suspiros
Em Meu Amor cavalgando
Feito deusa venerando.

De súbito o arrepio
Vem da planta dos pés e vai subindo
Percorrendo coluna acima
Tremendo corpo inteiro
Enquanto olhos se reviram
Duas frontes são coroadas com aureolas douradas.

Faces se enrijecem
Advindo ligeiro desmaio
Entramos em alfa
Na leveza de plumas
Vagando pela eternidade
Acordando despertos.

Nos gemidos mais animosos e longos
Gatos que namoram nos telhados se espantam
E transformam-se suaves suspiros
Em vendavais de Paixão.

Minha Princesa no momento do êxtase
Clama meu nome dizendo Eu Te Amo
Na voz mais doce
Que pude ouvir desde que fui parido.

E transbordo no Cálice Santo Graal
Precioso íntimo da mulher que amo
O gozo de minh`alma inebriada de encanto
Ao clamor de meu nome sussurrando:

Meu Amor, Eu Te Amo!



Rob Azevedo







Desculpa Se Desculpas Te Peço




Desculpa, Se Desculpas Te Peço

->Trilha sonora



Perdoa-me
Por AMAR-TE assim
Por esse amor
Não caber em mim
Buscar a ti cegamente
Em cada noite insone que passo
A desejar-te
Teu corpo que me é sagrado
Nu em pêlo
Comigo e não tê-lo
Para que a meu modo
Ainda sem motivos
Desculpas peça
Penetrando tua alma
Em minha cama coberta de rosas
Subir contigo ao firmamento
Transformando a noite
Em dia pleno
Fazendo um amor
Perfeito
Que seja inteiro
Digno e merecedor
Em cada toque
Que te arrepie a pele
E te faça mulher
A mim teu homem
Que só te quer
Somente deseja contigo

Suspiro...
Em cada suspiro
Em cada gemido, beijo
Deslize de língua
Pelo teu corpo nu
Contentando cada pedaço
De mulher saciada
Como de fato mereces
Saberás que TE AMO!

Fazendo assim o amor
Como fizesse uma prece
Por minha vida
Por tua vida
Por minha vida
Junto a tua...
Verás que TE AMO!

Perdoa-me
Por desejar-te febril
Sem poder sequer sentir tua pele
Deslizando em meu corpo
Se esse fogo me consome ardente
Estando QUEM TANTO AMO
A minha frente
Sinto a ti presente
Desejando-me
Sem que possa tocar-te

Desculpa, se desculpas te peço
Se a Deus agradeço
Haver te conhecido

Desculpa meu jeito
Desculpa se te surpreendo
Desculpa se teu sorriso
Me faz estremecer
Desculpa se a ti sinto
Correndo em minhas veias
Se te levo no peito
Feito tatuagem
Desculpa se vejo nos teus olhos
Os filhos que ainda não tive

Desculpa se te venero
Desculpa se te adoro
Desculpa se te quero
Desculpa pelo ontem
Que TE AMEI o dia todo
Desculpa por hoje
Que TE AMO inteira
Desculpa pelo amanhã
Que TE AMAREI em dobro
Desculpa se te encontro
Em todo mundo que vejo
Desculpa se estou rouco
De tanto dizer EU TE AMO
Desculpa se sou louco
Se estou certo ou se me engano

Mas olhai o céu límpido
Meça nas estrelas no breu noturno
A grandeza do meu amor
Que te adorna de rosas
Que deseja dar-te de presente
Todas flores que possam haver nos campos
Céu e mar
Milhões de beijos
E mesmo que não haja culpa
Em nenhum de nós
Se pecamos por encanto
Desculpas te peço
Com paixão mais profunda
Que mares no infinito
Por escrever-te tantas palavras
Dar-te demonstrações sem fim
De entrega e carinho sem igual
E não ser ainda merecedor
Do teu Amor
Além peço somente
Enquanto padeço essa dor
Que dói em meu peito
E me consome ardente
Que me digas :

O que posso fazer
Para ser enfim merecedor?
Porque se o amor tem limites
Eu o ultrapassarei por ti
MEU AMOR...



Rob Azevedo






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Razão de Viver




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♥ ♥ ♥ ♥ ♥ Razão de Viver ♥ ♥ ♥ ♥
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-> Trilha sonora



Na solitude de meu reino
No píncaro do monte mais alto
Pastoreio meus sonhos
De Amor-Perfeito
Somente sozinho
Refugiado em mim mesmo
Sorvendo em segredo
O silêncio de minh`alma
Sou eremita em meus recônditos
E vislumbro em êxtase
Os bosques de Verona

Sons de piano
Harpas de anjos
E o cantar das cotovias
Elevam-se aos céus
Transbordando meu coração
Contemplando de relance
Num beijo profundo
Romeu inebriado de amores
Beijar a Doce Santa
Julieta

São as lendas da paixão
Que tocam a alma das pessoas
Transcendendo a noite dos tempos

Triste é saber
Que aqueles que choram
Comovidos com a história
Derramam o pranto
Também
Por se darem conta
No âmago de si mesmos
Que em tantos Romeus
Que um dia escalaram até a sacada
De suas janelas
Trazendo na boca a rosa
E nas Julietas que esperavam
Desferiram em suas costas
O aço cruel da adaga

Quando às suas vidas o fim deram
O par romântico dos sonhos
Cada um a si mesmo
Ao ver o outro perdido
E perdida suas razões
De viver



Rob Azevedo







A Face de Deus





Os três poemas que seguem integram minha série de poemas intitulada Sacro Sacrilégio na Sacristia, a qual consta de cerca de 50 poemas, onde cada um continua a história contada pelo poema anterior e o todo compõe uma história coerente e ordenada cronologicamente - é um Romance em Poemas.

(Embora que os três poemas seguintes, no conjunto do meu Romance em Poemas, não se encontram um imediatamente após o outro, mas há alguns poemas entre eles.)

Escrevi o poema exibido nesta postagem - A Face de Deus - com eu lírico feminino para dar voz à personagem Eliza, do meu Romance em Poemas - Sacro Sacrilégio na Sacristia.

Entendam, então, que o poema A Face de Deus, como todos os poemas que integram minha série de poemas Sacro Sacrilégio na Sacristia são como um capítulo de uma história composta de 50 capítulos.


Neste blog exibo - de modo esparso - apenas alguns desses cerca de 50 poemas que compõem meu Romance em Poemas Sacro Sacrilégio na Sacristia.







A Face de Deus

-> Trilha sonora


A despeito de tudo que compreendo
Por que foges de mim?
Lembro-me daqueles versos
Que em minhas mãos defronte a capela
Esquivando os olhos e trêmulo
Numa tarde serena me deste

Escritos do próprio punho
E não me engano
Vertidos do coração
De quem ardente ama

Quando acende a chama
Do Amor e alguém se apaixona
Em poeta se transforma
A compor trovas em bosques ermos

E se conversa
Com arvoredos
Confessando-se
Inebriado de amores
Faz-se promessa
Ao vento
Perde-se o tino
E miramos nas águas do lago
Diferente de Narciso
A imagem de quem amamos
Em nosso próprio reflexo

Quando o sentimento que devotamos
Não encontra abrigo
No peito de quem amamos
De nossos olhos
Derramam-se tantas lágrimas
Quanto são aquelas
Das nuvens quando choram

Por que foges de mim?
Atado a nós intrincados
Que compreendo mas não entendo
Por que desatá-los não pode

Não vedes a grandeza do Amor
Que a ti devoto?

Transforma-te por completo
De uma vez por todas
Em poeta!
E chora versos
Como desilusões e lamento
Amargamente eu choro

E sonha
Como sonham todos poetas

De tanto sonhar
E trovas compor
Tornar-se-á peregrino
Nos desertos da Lua
E saiba também
Tornar-se-á
Meu Trovador
Meu Eterno
Amor

Conhecedor dos mistérios d`alma
Saberás:

Quando vertem-se versos
Na folha nua semeando amores
No coração d`alguém floresce
Amor-Perfeito

Endoideça de vez
Como endoideço
Quando te vejo
E compõe Sonetos
Como aqueles que me deste
Nas mãos defronte a capela
Numa tarde serena

Mas antes que sozinha enlouqueça
Teus nós desata
E toma meu corpo
Nu em pêlo
Sem medo
Quebrando teus votos

Entrega-te ao desejo
Amando-me na relva
À margem da cachoeira
Onde me banho
Como se fora
Nos Jardins da Babilônia
Que juntos contemplaremos
A Face de Deus



Rob Azevedo






CÂNTICO DOS CÂNTICOS




CÂNTICO DOS CÂNTICOS


-> Trilha sonora


Libido
Açoitando a alma
Dum servo de Deus

Votos de castidade
E desejos da carne

Amor celestial
Intocável
E Amor terreno
Ao alcance das mãos

Devaneios em noites insones
Amargurando na solidão do leito
E mesmo na clausura
Na mais dura penitência
Sentindo em pensamento
Pele na pele
Doação de calor
Formoso corpo feminino
De jovem despida
Sob o seu
Ofegante
Apertando-o com mãos macias
Arranhando-lhe as costas
Recebendo-o entre as coxas
Uivando suaves gemidos
E libertando a brisa dos suspiros

Morder a carne nua
Por toda a parte
Escorrer os lábios
E cobri-la de beijos

Cabelos desleixados
Corpos banhados em suores
Gemidos amorosos
Homem e mulher
A sussurrar os nomes
Um do outro

Deus contra tais desejos
O que pode?

Ele que é invisível
Não O vemos
Nem ouvimos
Sequer sentimos
Feito o vento
Acariciando a face
Em dias ensolarados

E Deus acaso proíbe
O que Ele mesmo
No alto de Sua Perfeição
Assim concebeu?

O Amor carnal
Se não foi Ele
Quem o criou?

A vida
Donde vem
Senão do encontro
Entre o corpo masculino e feminino
Um sobre o outro?

E o Cântico dos Cânticos
A mais bela
Das canções de Salomão?

Tantas vezes estudamos
Nas Sagradas Escrituras

Acaso seus textos
São apartados do que é Sagrado?

Não relata o Amor
Da mulher a esperar o amado
Suplicante em seu quarto
Para que cubra seu corpo?

O amado não deseja tê-la
Noites e dias
Mesmo que sobre verdes gramados?

Não fez dela
O motivo maior de sua vida
Ao lado do Pai Eterno
Santificando o desejo que arde
Na carne queimando-a?

Saciar o Amor
Por Deus concebido
Não é pecado
É unir-se ao Altíssimo
Em júbilo e gozo
Entoando o Cântico dos Cânticos
A mais bela
Das canções de Salomão

Ledes no Livro Sagrado;
O que dizem pecado
É abençoado
Pelo Espírito Santo



São os campos
Onde a vida nasce;


Vento soprando
Frescor nos prados;


Água cristalina
Que abranda a sede;


Razão de existir
Amar e ser amado



Dividido me vejo
Entre a voz do coração
E aquelas
Vindas dos homens
Que impuseram à mente

Impurezas
Que derramaram na fonte
Envenenando quem procura
Molhando a boca
Aplacar d`alma a secura

Tudo pende
Dum lado a outro
Algumas vezes perdôo
O que clama meu peito
Adiante culpo

Num momento clareio
Mais tarde escureço

A vontade se rende
A mente nos prende
O coração dói
A razão consola
E diz chora
Que minha palavra
Desde agora
Até o crepúsculo da vida
É não!

O instinto deseja
Quebrar votos de castidade
Trilhar que seja a senda
Da perdição

Dogmas proíbem
O que nas palavras do próprio Deus
Gravadas nas Escrituras Sagradas
É a mais bela
Das canções de Salomão:


O Cântico dos Cânticos




Rob Azevedo





Uma Experiência Espiritual...




Uma Experiência Espiritual
Entre Duas Almas
Que Fazem Amor


Ao Homem
Abre-se a Porta
Do Paraíso e Entra
Num Corpo de Mulher
Em Glória


-> Trilha sonora


Um homem à caminho
Do Paraíso
Partindo grilhões
De princípios abstratos
Tão fortes
Quanto correntes de aço
Estilhaçados
Na força dum beijo
Apaixonado

Verus Amor Vincit Omnia

O Verdadeiro Amor Vence Tudo
Sempre vencerá
Desde o início
À noite dos tempos

Lábios escorrem
Um n`outro
Se encaixam
Braços se envolvem
Em torno do corpo

Um anjo que um dia vira
Na capela
Entoando a Deus seu canto
Arrebatando o liberta
Do que a natureza não nega
É morte lenta
Quando a vida nos contempla
Com puro Amor
De homem para mulher
De mulher para homem
Na forma pelo Criador
Concebido em perfeição

O Arcanjo sorri
E soam cornetas
Serafim toca flauta
Davi
Como se outra vez
Derrubasse Golias
Alardeia num bumbo
Salomão, na harpa
Entoa o Cântico dos Cânticos

Quatro mãos
Percorrem todo corpo
Um do outro
Duas bocas se doam
E se perdem por caminhos
Bem-aventurados

Um atalho, um desvio
E um homem descobre
Que a anatomia feminina
É infinita

Entre desfeitas mechas de cabelo
Um, dois, três, quatro, cinco
Mil beijos
Botões se abrem
O corpo em parte se despe
Homem e mulher se levantam
E seguem à caminho
Do Paraíso

Heleno – o nome real do monge
E não de conversão à vida monástica
Enlaça a mão de Eliza
Cruzam a porta dos fundos da capela
Se banham na chuva
Em direção à casa de hóspedes
Um pouco além da área defronte
O Mosteiro Santa Cruz

Uma chave gira
E o antigo leito
Onde Heleno dormia
Nos tempos de noviço
Sonhador com a vida de monge
Aconchegante se mostra

Uma saudade ao inverso
Lhe dá uma pontada
De dor no peito:

Não da época de jovem
Recém chegado ao mosteiro
Em que pernoitava naquele recinto
Tentando o viver contemplativo
De abandono do mundo

A dor que lhe dói
É o tempo
Sem aquele Amor consumido
Não diria perdido
Porque a Deus foi entregue
Mas por que não
Ao contrário da solidão que vivera
Sempre esteve ao lado de Eliza
Desde a flor da vida?

Diria que são saudades
Do que não se viveu
Uma saudade invertida

Quando os caminhos são outros
O Amor nos brinda
E nos obriga
Repensarmos tudo
Tomarmos atitudes
E mudarmos o rumo

A velha questão
Do caminho bifurcado:
Escolhe-se um
Abandona-se outro
Hesitar estagnado
Entre os dois
Não se pode

Mas o coração não pensa
Confunde
Faz promessa
E duas bocas se encontram
Se beijam
O resto
Deixa pra amanhã
Que Deus resolve

Heleno
Sobre Eliza se deita
Lhe despe a camisa
Já ao meio aberta
E peça por peça
Vislumbrando o que vira
Outro dia na cachoeira:

Um corpo de beldade
Nu em pêlo

Arranca de si seu negro manto
Hábito de monge
Com raiva incontida
E tripulante de sua boca e língua
Navega nos mares
Da pele desnuda de Eliza

Abdômen
Umbigo
Dois arredondados relevos
Que nutrem a vida
Quando recém-nascida
Nada lhe foge
E nos lábios sorve
Desejo de viver
Mais mil anos
Venerando aquele corpo
Onde a alma que tanto ama
De uma paixão desmedida
Em pura luz se abriga

A dimensão de tudo se perde
Quando se ama
Desmedidamente

Noites e dias se confundem
Se deita e se levanta
Tendo consigo acesa a chama
Da lembrança de quem
Desmedidamente se ama

Quando cerram-se os olhos
No repouso noturno
A imagem d`alguém nos vem
Tão clara e nítida
Quanto verdadeira
Em sonhos e delírios

No amanhecer ao abri-los
Se toma desse alguém o pensamento
Como água
Um sedento

E se vive
A conversar com o vento

Chegado tão esperado momento
O que era parte
Torna-se todo
E quem dormia
Se vê desperto
Mirando diante si
O que era sonho
Passível ao toque
Deslizar na pele

Ao homem
Abre-se a porta
Do Paraíso e entra
Num corpo de mulher
Em glória

De olhos fechados
Não sonha tê-la
Como tantas vezes
Fizera em noite insone
De olhos fechados
A tem
Sob seu corpo
Nos lençóis da cama

Morde seu queixo
Segurando-a pela cintura
Deslizam mãos
Abocanha seios
Escorre a língua
Que se perde
No infinito
Do corpo feminino
Do colo
Vai à orelha
E volta à espádua
Descendo em viagem
Ao umbigo
Da mulher que tem
Sobre a cama
Ardente e nua

Ele se rende
Ao Amor dela
Ela se entende
Mulher dele
E se entrega
Enquanto a penetra

O que vive dentro
Aflora à pele
De cada um
Transpirando
Em suores
E carne
Torna-se alma

O que vem de dentro
Do homem que suspira
Na mulher transborda

Não são mais
Dois corpos nus
Que fazem Amor
Mas duas almas nuas
Que se amam
De corpo e alma

Discutem os teólogos
O sexo dos anjos
Mal sabendo
Que só os anjos entendem
O que é Amor
Entre almas

Amor que transcende
A limitação do corpo
Que nos prende
Na matéria

Amor que vence
A noite que a tudo escurece
Atravessando
O portal da vida

Amor que ressuscita
Cristo
Que é Amor

Amor que precisa
D`outro Amor
Para que viva

Amor é Amor
Não se entende
Nem se explica
É Amor

Amor

Amor e Amor

Que aos homens
Felicita
Erguendo do sepulcro
Morto de três dias
Que morreu
Por Amor

E Amor
Quando aflora na carne
O que dentro habita
É uma experiência
Espiritual
Entre duas almas
Que fazem Amor
Com as bênçãos
De Deus
Unindo-se
Em Trindade
Santíssima



Rob Azevedo






EU SEI




EU SEI

-> Trilha sonora


Eu sei que você sabe
Meu Amor é teu
Sei o que sente
Ainda quando foge
Sei que me devolve
O Amor que te oferto
Eu sei...

Sei que me quer
Laços te prendem
Confundem o pensar
Inibem a flor
Mas a semente brotou
Há de vingar
Eu sei...

O Amor que te dei e dou
Floresceu
Cresceu
Quando te amei

Eu sei que você sabe
Teu Amor sou eu
Sei porque sofreu
Tanto quanto sofri
Quando menti
Que meu Amor não é teu

Nem sempre a boca
Confessa
O que vai no peito
E dói no coração
Só o manto da noite
Desvenda o segredo
Quando se deita na cama
E põe a cabeça
No travesseiro
Você quem desejo
O corpo que deseja você, é meu

Teu pensamento primeiro
Na luz da manhã
Sou eu
Que te acompanha
O dia inteiro
Sob o calor do Sol
Caindo a tarde
E se aquece no breu
Em fugir da solidão
Mirando estrelas no céu

Eu sei
Que você sabe
Teu Amor sou eu
Sei porque sinto
O que sente
No fundo d`alma
Meu Amor é teu


Rob Azevedo








quinta-feira, 5 de julho de 2007

As Brumas de Avalon




As Brumas de Avalon


-> Trilha sonora


Sei que sentes poesia
Transpirando de meus poros
E isso te fascina

Sei que sentes minh`alma
Inundando teu ser de encanto
E isso te ilumina

Sei que às vezes duvida
Do que dizem meus versos
E isso te agonia

Sei que têm horas na vida
Que a saudade o peito dilacera
E isso te martiriza

Nem todo dia
Se pode ser forte
E a Rainha acima do mundano
Em dores derrama o pranto

Sabes que sou Arte
Magia e Mistério
O Sol e a Lua
Águas caindo do céu
O rio seguindo seu curso
E o amor nos olhos de Romeu

Sou o vento que acaricia
Flores nos campos
E nuvens dispersa

Sou a escultura de Apolo
No templo de Vênus
E a paixão dos gregos
Por toda e qualquer sabedoria

Sou Narciso no Bosque
Das Ilusões Perdidas
Numa imagem no lago
Invertida
Eternamente esperando
A Ninfa Eco
Confessar Eu Te Amo!

Vindo dos povos pagãos
Celtas e Druidas
Sou cavaleiro da Távola Redonda
Meu nome é Lancelot
O servo fiel da Rainha
Do Reino Pós Moderno da França
Seu nome é Guinevere

Na ceia em que nos fartamos
Os manjares têm o gosto
Da maçã do pecado
E tudo que é proibido

Mas somos pagãos
Nossa deusa é Lilith
E o Amor
Desde os tempos do Caos
Ab Aeterno
Em camas onde florescem rosas
Ela sempre permite

Porque lá fora
A fogueira crepita
É alta a chama
Mas tão logo haverá de se apagar

E num pergaminho sagrado
No reino da Filosofia
Lemos ensinamentos epicuristas:


"Coroemo-nos de rosas
Enquanto não murcham"




Rob Azevedo






Lancelot & Guinevere




♥ ♥ Lancelot & Guinevere ♥ ♥ ♥

-> Trilha sonora


Da cauda do cometa
Nasceu o poeta
Lancelot
Galopando numa estrela cadente
Veio à Távola
Redonda do Planeta Terra

Na Poesia
Que Amor encerra
Consagrado cavaleiro
Conheceu a Musa
Guinevere
Sob os olhos da deusa
Lua Negra

Em viagem ao horizonte
Do infinito distante
Miramos as Brumas
De Avalon

Ó Divindade Impetuosa
Velai nosso Amor
Sou guerreiro ousado
Mestre das armas
Dos cavaleiros da Távola
Do Rei Arthur

Legiões bárbaras
Invadem o reino
Dizimando infantes
Em campos de batalha
A vida sangra
Na lâmina
De espada
Cai a sombra
Da guerra
Caem corpos
Ao relento
No corte da foice
Que desterra

Nas ante-salas
Do poder
Cobiçam a coroa
Cravando adaga
Nas costas

Nossa Lua é negra
Redonda como a Távola
E de mesma cor

Da treva se assemelha
No fel que guarda
Covardes envenena
Desertores da batalha
Por quem ama

Tempestuosa e insurgente
É deusa fêmea
Ardente

Contra Deus se rebela
Se poda o livre arbítrio
De seu instinto que clama
Igualdade

Da Távola
A cor ébano
Vem da infâmia
Que atraiçoa
Cobiçando
O poder do trono

Mestre das armas
Sou cavaleiro fiel
Do reino

Mas contra o Amor
Não existem escudos
Nem armaduras
Que protejam

Nem a lâmina da espada
Mata um Amor
Quando verdadeiro

Sou fiel cavaleiro
Em campo de batalha
De peito aberto
Guerreio
Impávido
A vida consagro
À causa
De meu reino

Mas armaduras
Nem escudos
Ou trincheiras
Protegem
Meu coração
Quando num olhar
Cruzo os olhos
De Guinevere

A paixão me açoita
O fogo arde
Nos recônditos do castelo
Num encontro
Acaricio
Negros cabelos

Ó Rainha
Do Meu Reino
Fez-te Rainha
Do Meu Desejo!

Dá-me tua boca
Silenciando meu clamor
Num beijo
De profundo ardor

Pega minha mão
Conduz-me do pátio
Deste palácio
À tua alcova

Descortinando o véu
Que recobre teu leito
Deitar-me-ei contigo
Serei cavaleiro
E amante perfeito
No Amor que faremos
Ó Minha Rainha
Guinevere




Rob Azevedo



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Sir Lancelot do Lago




Sir Lancelot do Lago

->Trilha sonora



Pela glória do meu reino
Lanço-me aos campos de batalha
Que venham os arqueiros
Lanças e catapultas
Erguendo-se das trevas
Legiões de Íncubos

Desembainho a espada
Entoando meu brado guerreiro
Rugem em fúria mil leões
Por toda Bretanha
Debandam exércitos saxões

À frente de nossos infantes
Ergo a flâmula
Do Reino de Camelot
Guiando os bretões

Salve, Salve
Sir Lancelot do Lago!
Seguimos teu cavalgar destemidos
Pois jamais foi vencido!

Da Sagrada Terra
De Avalon
Que te fez audaz cavaleiro
Merlin vos guarda
O Grão-Druida
Mago Branco

A descendência dos celtas
Há de ungi-lo
Guardando tua vida
No poder da magia
Do paganismo Wicca

Vida longa à Lancelot!
Glória ao povo bretão!
Honra e vitória
Aos cavaleiros da Távola
Do Reino de Camelot!


Infantes enfileirados
A perderem-se de vista
Saúdam o temido guerreiro
Ao som das trombetas
E rugir dos tambores

Salve, Salve!
Impávido cavaleiro
Guardai o trono
E fiéis súditos
Do Rei de Camelot


Sob armadura de prata reluzente
Pulsa um coração
Consagrado ao reino
Traindo-se no Amor
Pela Rainha Guinevere





Rob Azevedo








AVALON




AVALON


-> Trilha sonora


Sacerdotisas da alta magia
Se reúnem em noite de lua
Nos bosques, envoltas em brumas
De Avalon
Elementais em torno do caldeirão
Fadas, Ninfas e Elfos
Saúdam a Senhora do Lago

Em rituais e cânticos
Cerimônias devotadas
Ao Sagrado Feminino
A Grande Mãe

Rubras tochas iluminam o breu noturno
Sacerdotes dançam
Ao redor de fogueiras
Ascendem aos céus
Fagulhas incandescentes
E preces de bem-aventurança

Do grau hierárquico mais alto
Desce o Mago Branco
Merlin
Erguendo o cajado
Dispersando na noite
Multicolorido feixe
De energia protetora
Nas sete cores
Do arco-íris

Saudado por todos
Com admirada reverência
Se une à Senhora do Lago
Em torno do caldeirão
D`onde nuvens violetas elevam-se
Formando imagens de rostos
De antepassados queridos
E sábios conselheiros
Do mundo espiritual

Guerreiros de Camelot convidados
Erguem suas espadas
E clamam às imagens
Glória em todas batalhas
No destemor de não cederem um palmo
Ao custo de cada gota do próprio sangue
Da terra amada do Reino
Ao Dragão da Escuridão
Inimigo abutre
Exército anglo-saxão

Sacerdotisas e magos
Dão as mãos
Numa poderosa corrente energética
Estremecendo a todos
Em torno do grande caldeirão
D`onde surgem espíritos
Bem-feitores
E lhes suplicam
Em suas divinas bênçãos
Que as antigas tradições celtas e druidas
Sejam preservadas
Por todo o sempre

No centro da abóbada celeste
A Lua Cheia paira
E torna-se Negra
Arrepiando cada pêlo
De toda mulher presente
Exaltando
O Sagrado Feminino
Se despem entoando cânticos pagãos
E bailam nuas
Mirando o fundo dos olhos
Dos guerreiros de Camelot

O balé da sedução se inicia
Formosa filha
Da Grande Mãe
Balouçando negras madeixas
E seios roliços
Em passes de pernas esbeltas
Sacolejando as ancas
Cruza o semblante
De Sir Lancelot

Seu nome:
Lady Guinevere

Em ambos
Tudo por dentro estremece
E aflora a libido
Na rapidez do luzir
Dos relâmpagos

A Feiticeira Mor
Num gesto sutil
Aponta uma barca
Pairada à margem dum lago
No seio da Ilha de Avalon

Sir Lancelot se desvencilha
D`outros guerreiros
De magos e bruxas
Da Magia Branca
E demais convivas
À passos largos caminha
Em direção a Guinevere
Enlaça sua mão e seguem
Rumo à barca que os leva
À uma ilhota onde se venera
O Amor Sagrado
Abençoado e eleito o perfeito par
Pela deusa fêmea
Que rege nas tradições celtas
Os segredos e deleites da Arte de Amar

Atravessando as águas prateadas pela Lua na barca
Lancelot e Guinevere
Outra vez em terra
Ele despido por ela
Com desejo ardente
Se deitam na relva
Macia e fresca
E se amam
Com infinito ardor
Clamando o nome um d`outro
Em tons imersos de paixão
Como só quem tem o coração
Posse de quem chama
Assim pode clamar
No decorrer do Amor a que se entregam
De corpo e alma
Misturando suores e desejos

Eleito pelos céus
O cavaleiro amante perfeito
Penetra o íntimo feminino
Que recebe com devoção seu homem
Num gozo profundo



Rob Azevedo





Por Amor




Por Amor

-> Trilha sonora



Olhe nos meus olhos
E veja que estou chorando
Por você
Porque agora preciso
De sua companhia
E meus sonhos
Vão de encontro
N`algum jardim além
Desse mundo descrente
No Amor verdadeiro
Aos seus braços
Seu calor
Porque a despeito de tudo
Sou apenas um rapaz
Indefeso
Que também chora
E ainda acredita no Amor

Preciso de você
De sua sinceridade
Seu ombro
De cada palavra
Que sare toda ferida
Sangrando em meu coração

Sou apenas um rapaz
Indefeso que também chora
Mas dessa vez
É por você...

As coisas vão acontecendo
A gente nem entende
Quando vê
Eu sei que te amo
E precisarei de você pra sempre
Ao meu lado

Apenas olhe em meus olhos
Veja o Amor no brilho
Que transcende a luz do Sol
Quando te vejo

Essas lágrimas
São por você
Porque te amo

E te peço somente
Em me doando seu Amor
Que nunca seja preciso
Pedir a mim
Com as mesmas lágrimas
Que agora rolam em minha face
Me dê uma segunda chance!



Rob Azevedo






A Espera I




Os oito poemas que seguem - desse poema - (A Espera I ao poema A Velha Cabana) - integram uma série de poemas meus intitulada Capuccino com Creme, a qual consta de catorze poemas. Esses poemas todos têm coerência entre si e compõem uma história.






A Espera I

-> Trilha sonora



Seis horas da tarde
Num mirante
Vista pra lagoa
Dourada pelo pôr do Sol

No Secret Garden
Um café com letras
Acendo um cigarro
Tomo um drink
De Scotch 12
On the rocks

Sozinho na mesa
Espero hesitante
Ao som ambiente
Marisa Monte
Em voz pungente
Canta EU TE AMO, TE AMO, TE AMO...

Ah! Os ponteiros do relógio
Torturam-me...
Por que esse calor no estômago
E a expectativa que me devora?

É só um café
Capuccinno com creme
Num mirante
Às margens da lagoa
Em fim de tarde
No mais
Lá no íntimo
O desejo secreto
De um beijo na boca
Daqueles
De tirar o fôlego...

Tão longa a espera
Do tamanho do meu querer
Estar ao lado dela
A cada dia imaginada
Quando me deito
Acariciando meu rosto
Confessando segredos
Fitando meus olhos
Roçando minha pele
Sentindo meu perfume

Ah, quantas noites insones
Em devaneios
Passei
Perambulando pela casa
Catando bingas de cigarro
Perdido de amores
Beijando a ombreira da porta
Do meu quarto
Cismando fosse
Seus doces lábios!

Ah, meu Deus!
E se ela me surpreende
De súbito, aqui no Secret Garden
Sonhando acordado
Esperando-a
Lê meus pensamentos
Cada linha que escrevi
Em meu diário
Imaginando, o dia inteiro
Repousando em seu colo
Sentindo seus cabelos
Deslizarem suaves em meu corpo
Nossas bocas se encaixando?

E se ela descobre
O coração desenhado
Na contra-capa
Do meu diário
A flecha atravessando
Dentro:

Yasmim EU TE AMO!


Ah, meu Deus!



Rob Azevedo






A Espera II




A Espera II


-> Trilha sonora


No Secret Garden sozinho
Vejo pedras transparentes
De gelo dissolvendo
A balouçar em meu drink
A tarde cai
Devagar anoitece
Um garçom
Limpa as mesas ao lado
Os acordes de Caruso
Banham meus ouvidos
Inundam minh`alma

Entre meus dedos
Uma luz crepita
Nuvens de nicotina
Elevam-se
Desvanecem no ar
Formando corações
Nela penso
Tão somente ela
Espero...

Que dor lacerante na música...
Dói inteiro meu ser
Mirando aqueles verdes olhos
Contemplados em miragem
Compreendo os tenores
Ao som do piano
Entendo seus versos:


"Escutava a dor da música
Se levantar do piano
Mas quando viu a lua
Sair de uma nuvem
Pareceu-lhe mais doce até a morte"


Ah... Entendo agora o profundo sentido
Das palavras que ouço
Não tê-la, havê-la perdido
Torna passeio a viagem
Nos braços do barqueiro sombrio
Todo amargo, o fel mais azedo
É favo de mel se ela não tenho
O caminho florido
Torna-se Via Crucis
Conduzindo a lugar nenhum

Diante do medo
Que haveria de senti-lo
Quedar-me-ia em silêncio
Resignado beijaria contente
A noite sem fim

Ó lua, trazei a mim redenção
Livrai-me das dores
Dos acordes dum piano!
Sou jovem demais pra sofrer
Agonizar e morrer
De amores...




Rob Azevedo






Um Bardo Ébrio e a Dona Esperança




Um Bardo Ébrio e a Dona Esperança


-> Trilha sonora


No Secret Garden
A noite arde
Aguardo a companhia
Prometida
No tampo da mesa
De bar
Gravo corações
No aço dum canivete
Florescem orquídeas
Na madeira ocre

A velha senhora
Dona Esperança
Senta-se ao meu lado
Iniciamos um diálogo:


- O Bardo Solitário –


- Ah, senhora
Tua companhia me cansa!
Viver de esperança
Que nunca se consuma
É tão dura pena
Quem nem mesmo Camões
Das terras de além mar
Infante lusitano nas colônias africanas
Soube cantar
De forma tão extensa
E dolorosa
Da adaga que lhe perfurou um olho
Seu frio corte
- Das traíções do Amor -
Cravou mais fundo em meu peito
Anseio a morte
Vir desposar-me
Em seu vestido negro
Aquela que o descanso concede
À alma dos jurados
De eternos padecimentos
Dos amores esperados
Em bem-aventurança

Ah, Dona Esperança!
Se ninfa tão formosa
Ainda na luz da aurora
Clareando o céu
Não há de minh`alma
Salvar dessa noite sem fim
Em cálice de Absinto
Brindarei
Num sorriso sereno
O ponto final de minha viagem
Neste vale de sombras que desterra
Dando boas vindas
Àquela que ceifa
A vida dos peregrinos
No Deserto do Amor

Tens compaixão de mim
Companheira de solidão
Meus lábios aguardam-na
A doce ninfa
Que vive na Torre de Concreto



- A Dona Esperança –


- Ah, Bardo sofredor
Estás embriagado!
Desaprendeste a lição
Daqueles que esperam
- Quando devem esperar -
Sempre alcançam

Lembrai dos verdes olhos
Que um dia cruzaram teu olhar
A vida vos trazendo
Nos ermos campos
Onde só havia solitude
Floresceram lavandas violetas
Colheste todas e muitas outras
Nos vasos de louça
Arranjos de flores multicoloridas
Ornam teus aposentos

O colar de pérolas
Que a ninfa joalheira
Compõe nos dedos delicados
Há de vê-lo
Adornando espáduas nuas
Reluzindo o vestido vermelho

Nem tudo está perdido
Abre vossa Caixa de Pandora
Bem lá no fundo
Encontrarás Esperança
Antes do luzir da aurora
Sorridente e graciosa
A vir beijar-lhe os lábios
Colorindo-os de carmim



- O Bardo Solitário –


- Senhora... Já passou da tua hora
Convido o Senhor Desencanto
A passearmos no Bosque
Das Ilusões Perdidas!

Irei ébrio
Quem sabe tenha sorte
Ao cruzar o rio
Despenque da ponte
Afogue-me nas águas turvas
Corredias
Desposando a Dona Morte
Livre serei
Dos desenganos dessa vida!




Rob Azevedo





O Bardo Sofredor e o Senhor Desencanto...




O Bardo Sofredor e o Senhor Desencanto
No Bosque das Ilusões Perdidas


-> Trilha sonora


O Relógio bate duas horas
Da madrugada
No Secret Garden
Da Esperança me despeço
Pago a conta
Troco os passos
Em companhia do Senhor Desencanto

Margeando a lagoa caminhamos
Nas amendoeiras, corujas cantam
Plácida a lua navega
No firmamento
Clareia nossa senda
Em tons prateados
Rumo ao Bosque das Ilusões Perdidas

Das luzes da cidade
Afastamo-nos
Envoltos num ar de mistério
Trilhamos estrada de terra
Sinuosa, sombreada ao luar
Pelas copas das árvores frondosas
Um riacho pedregoso murmura sereno seu canto
A voz da noite diz tanto...
Folhas dos matos farfalhando ao vento
Pássaros noturnos
Pirilampos luzindo
Estrelas cadentes riscam o céu
Ruídos de passos
No chão de terra batida
Sons de respiração

Aguçando os ouvidos
Mesmo o som do coração
Em seu trabalho incansável enquanto há vida
Escuto no silêncio madrigal

Cruzamos longa alameda de Ipês-Roxos
Abundantemente floridos
Iluminados à lua cheia
Chegamos ao Bosque
Onde vive o Senhor Desencanto


- O Senhor Desencanto –


- Vedes Bardo sofredor
Aqui é meu refúgio
Nele vivo, ainda se mourro
Uma vida a cada dia
Nem mesmo a Senhora Solidão
Habita nesse ermo bosque
Animais silvestres, o verde
O regato, a lua, as estrelas
Companheiros únicos
Respeitosamente mudos
Testemunham
A dor do meu infortúnio

No silêncio em que se quedam
Aprendo as lições
Da vida sem queixar-se
Palavras de dores a outrem ditas
Lastimando
Aprofundam o abismo
Laceram alma e carne
Não cicatrizam a ferida

Nesse ermo bosque
Sepulto a vida morta
Em pranto seco de amores
Pela Senhora Encanto

Jazem lágrimas e lástimas
Ó, caro Bardo sofredor
Na mesma cova funda
Do meu peito
A ninguém me queixo
Andarilho nos vales malditos
Povoados de corvos, abutres, víboras
Morcegos e ratos
Tornei-me mestre
Nas mãos do Cuteleiro Impiedoso
Em suportar a ira do fogo

O Ferreiro amolda minh`alma
Na fúria de seu martelo sob a bigorna
E calor das chamas
Reveste meu corpo de armadura
Polindo-a nas tribulações

Não tornei-me um Titã
Ó, companheiro de infortúnio
As dores padeço
Sentindo cada uma delas lancinante
No entanto suporto sem alarde
Quedando-me emudecido em ermo bosque
Sobrevivo à severa morte
Dos sonhos que um dia acalentei
Seguindo sem queixar-me
Meu caminho tristonho



- O Bardo Sofredor –


- Ó, Senhor Desencanto!
Compreendo vosso padecimento
Emudecido na dor abrandada
Mas cada dor tem sua diferença
Seus tons pincelados
Em cores próprias
Aqueles que encobrem o quadro de minh`alma
São cinza bem escurecidos e negros
Da videira malquista
O vinho que bebo é amargo
Fel azedo em cântaro de ocre
Vinagre e sabor de ferrugem
Clamando o beijo da morte
No breu silenciando os murmúrios
Visceralmente enraízados
Num morto-vivo desafortunado

Tão grande Amor um dia senti
Naquela voz de veludo
Na noite contando causos
Generosa em risos
Doce e profunda
Menina e mulher
Imperativa na realeza majestosa
Atenciosa em cumprir caprichos
Não e sim
Claridade desnuda e mistério
Luz e bruma
Fortuita e gratuito presente
Paixão e fuga
Enlevo dos sentidos e prendas
Na perfeição santificada
Ainda que tão puramente
Mulher que sente
Amor e desejo

Empreendi tão longa jornada
Em tortuosas trilhas
Cruzando desertos e vales sombrios
Atravessei os mares
Subi os píncaros dos montes
Contemplando a imagem mais bela
Na humana forma
De ninfa graciosa
Olhos cor de mares
Madeixas cor de noite
Sob espáduas nuas alvas

Deslumbramento dum Bardo inebriado
Diante a Musa Majestosa
Em miragem
O espelho da Perfeição
Promessas de amores
E Noites com Sol
Refulgindo Paixão

No alto do píncaro mais alto
De todas as montanhas do mundo
Minha vida reencontrada
Em infindas existências de busca
Num feitiço de Áquila
Abre asas e bate vôo
Em direção contrária
Atada a antigos laços
Nós intrincados feitos
Pelas mãos malevolentes de Merlin
Em pergaminhos amarelados
Desmanchando em pedaços

Laços e nós emaranhados
Que nem mesmo o Amor Soberbo
Foi capaz de rompê-los
Ainda não sabendo a ninfa
Se algum dia
Nessa ou noutra vida
Haverá outro Amor
Maior
Mais forte
Belo
E Verdadeiro






O Bardo Sofredor abandona o Senhor Desencanto no Bosque das Ilusões Perdidas e segue seu caminho solitário, rumo à cidade deserta num madrigal derradeiro.




Rob Azevedo





Je T´ Aime! - Une Leçon d´ Amour




..♡ ♡ ♡ Je T´ Aime! ♡ ♡ ♡
Une Leçon d´ Amour


”O Amor é bom, não quer o mal, não sente inveja ou se envaidece”.

(Versículos do apóstolo João)

-> Trilha sonora


Sombria a senda que sigo
De volta à cidade vazia
Encontrar quem move minh`andança
É pálida esperança
Falácia, dor, agonia

Meu passo é cansado
No coração o desejo
Haver morrido em tempos idos
Quando o sonho era vivo
E poesia, aquela que hoje me amargura
Atravessa em mim a lança do sofrer
Ao meu lado aprendia
Num sussurro declarando:



- Bardo alentejano
Sois o Amor em Versos
E os mil sóis
Que iluminam minha noite!



Acanhada, às minhas lições se dedicava
Atenta e zelosa
Mas eu que ensinava
Era aquele que aprendia
Uma Lição de Amor
Que germinou em meu peito
Vingou e floresceu
Num Narciso solitário
Mirando a própria dor refletida
Derramada em lágrimas
Nas águas dum lago

Clamei teus beijos
Compor sonetos
À ninfa Eco ensinei
Retribuindo ao Bardo peregrino
Lições de idioma d`outro reino:


- Je T´ Aime!


Ah, que dor cruciante!
Os versos que te fiz
Não eram fantasia
Tão somente confissões
E tuas aulas de língua forasteira
Essas sim, eram mentira!

Por que doce ninfa
Teus primeiros traços em poesia
Que de delicados dedos nasciam
Prometiam ao rosário de minha boca
Beijar os lábios dum poeta
Cujas palavras brotam n`alma
Para que nasçam lindos versos?


Ora pois, cumpra a promessa!
Sorverei de teus lábios
O cálice sagrado
De licor Absinto
Com tamanho encanto
De tal forma rendido
Que compreenderás o quanto
É grande o teu engano
Julgando devaneio
Cada verso que te faço

Ora pois... outra vez...

Eu te amo!

O que importa
Se estando contigo
Emudeço e nada digo
Na própria pessoa?

Em poesia revelo
O que outrora sacramento
Guardado em meu peito
Trancado a cinco chaves
Cada uma delas
Têm uma letra de teu nome
Os cadeados ao abrirem
Ouve-se o Mantra
Da Cura pelo Amor Maior
Sarando as feridas
Que fizeste sem cuidados
Em meu triste coração



Rob Azevedo





Un Bardo Apasionado




Un Bardo Apasionado

-> Trilha sonora



Madrugada que não clareia
Sem o Sol de minha vida
Na cidade deserta
Pálidas luzes de lamparinas
Tênues, consomem o azeite
Em cortiças e pavios
O tépido lampejo derradeiro
Na promessa da aurora que viria

Envolto em brumas os vitrais
Lacrimejam o orvalho noturno
Refletindo comovidos olhos d`água
Daquele que clama nas trevas
O luzir da alvorada

Vencidas muitas batalhas
Gigantes temíveis derribados
Em estilhaços exércitos inteiros
Jazem em túmulos sem glória

Os tambores inimigos silenciados
Aquietam meu espírito no silêncio da noite
Instante absoluto do eu que sou
Indefeso diante mim
Esse dragão voraz...

A dor cai n`alma em sombras abissais
Do enigma da esfinge
A resposta ainda não encontrei...

E agora, o que faço?

Lanço garrafas ao mar contendo mensagens?

Escrevo cartas amarguradas e mando nas asas do pombo correio?


Por que Eurídice sempre me pergunta
Após cada poema de amor:



- Está tudo bem?


Meus atos causam mesmo espanto
A quem não vê-los por meus olhos
Abertos até que retorne a lucidez
... !Y considerado que soy un apasionado!




Rob Azevedo





Quit et Veritas?




Quit et Veritas?
...............( Latim: O que é a verdade?)
Conceituação Filosófica do Absurdo



"Existem mais mistérios entre o céu e a terra
Do que supõe nossa vã filosofia".

(Shakespeare – Em Hamlet, incluída a palavra vã na tradução para a língua portuguesa.)


-> Trilha sonora


Ainda na estrada reta
Caminho Pleno da Perfeição
Existem as curvas
Pedras
Campos alagados
Desertos
Às vezes a trilha
Segue por caminhos tortuosos
Íngremes
E nuvens sombrias
Obscurecem a luz do dia
Para que não nos descuidemos
A luta
Sempre persiste

Em dialéticas contraditas
A paz estagna
Arrefece desejos
Quebra a vontade
Ainda que opostos
Só existam n`alma

Os gregos
Discutiram longamente
A respeito do Nada
Por muitas primaveras
Exauridos de profundos debates
Esgotando todas possibilidades
Já não podiam pensar
E veio o alvorecer
Duma certa manhã

Nos primeiros raios de Sol
Em tons multicoloridos
Despertam os filósofos
E a verdade reluz
Incompreensível
Ambígua
Sem sentido...

Reunidos, solenes
Chegam ao consenso
Unânimes:

O Nada é o Tudo!

E desde aquele dia
Diógenes era visto
Pelas vielas de Atenas
Diante dos templos e oráculos
Arenas
Perambulando sem destino
Numa das mãos
Levava uma vela
Acesa
Ao meio-dia
Se lhe perguntavam
O por quê de seus atos
Sereno dizia
Procurar um Homem

Dormia num barril
Passava outras horas
Sentado nas praças

E Zenão de Eléa em quarenta paradoxos
Seu maior legado à humanidade:

Entre duas mônadas
Pode-se intercalar uma terceira mônada
Fundamentando teses
Contra a possibilidade do movimento real...

Quit et veritas?

Existe interrogativa maior
Que tais palavras
Em toda filosofia?

Há quem a responda?

Nem os loucos!
Tampouco os sãos...

Insondável mistério
Isso é Tudo
E o Nada...


Nos campos ermos da vida
Caminho sem você
Meu Amor
Só eu sei
O tamanho dessa dor




Rob Azevedo





A Velha Cabana




'ﺅﺊﺋჱﺅﺊﺋ''ﺅﺊﺋჱﺅﺊﺋ' A Velha Cabana 'ﺅﺊﺋჱﺅﺊﺋ''ﺅﺊﺋჱﺅﺊﺋ'

-> Trilha sonora


Vieste numa noite
E se deparaste com um trovador provocante
A despertar sorrisos
Em ti
Aos borbotões
Tirei da manga
Tantos casos engraçados...
Quis dar-te tudo que podia
O bem mais precioso que tinha:
No riso espontâneo
A docilidade dum menino
Em quem pudesse confiar
Ser puro contigo
Gentil e cavaleiro

Embora sempre nos perdêssemos em risos
Os palhaços – fazendo jus à lenda
São tristes
De uma dor que não se entende

Embora também
Tantos poemas de amor
Nunca soube
Dizer eu te amo
De forma convincente

Minhas palavras soam
Em tom carinhoso
Lúdico
Refletindo a criança grande que sou
Essa
Que não haverei de deixar
Que se perca em mim
Jamais perecerá

Somente assim
Foste tantas em minha vida
Vinda de lendas infantis
E acreditamos
Em contos de fadas
Princesas e cavaleiros
Castelos e reinos
E fui teu herói
Salvando-te, em minha perspicácia
De bruxas madrastas

Contei a história
De minha cabana na árvore
Ouvi contar-me
Que caçava borboletas
Quando menina
Andando descalça
Como bem queria

Outro dia
Enveredei-me nos pomares
De minha casa
Procurei o local exato
E encontrei
O pé de cajueiro

No tronco largo
Ainda as madeiras
Pregadas transversais
Fui subindo a escada
Transpondo galhos
Cheguei à velha cabana
De meus tempos de menino
Abandonada
Parecia as ruínas
D`algum templo da Grécia Antiga

A melancolia caiu n`alma
Numa dor
Que não tenho como medi-la

Tantos anos se passaram
Tantos...
Amigos que seguiram outros caminhos
Entes queridos que perdi
Tanta água que correu
E desaguou no mar
Longe
Longe demais

E lá estava minha cabana
Dos tempos
Em que eu não era somente
Esse palhaço triste
Que o riso que provoca
Nem sente
E a felicidade que me traz
É vê-lo se abrindo
Em outros rostos
Sem que em verdade
O compartilhe

Em sonhos de criança
Pedi a Deus
Um caminho feliz
Procurei sempre
Ser um bom samaritano
De acordo com as lições
Do catecismo na paróquia
Mas fui sempre triste
Passada minha terna infância

Os amores que almejei
Ainda desejando-os
Num ardor sem tamanho
Por mim mesmo
Vi todos
Escorrerem entre meus dedos

Desculpas por isso...
Pois agora olho no tronco do cajueiro
E vejo um coração nele gravado
Recordando meu primeiro amor
Dos tempos em que no rosto do menino
As primeiras penugens de barba surgiam
Senti aquele fantasma invadir-me em lembranças
No pátio da escola fitando-me com olhos brilhantes
E tudo tão puro
Naquele amor
Que nunca vivi

Desde aqueles tempos
Nas dores que me foram causadas
Num coração de menino
O pranto que derramei
Desaprendi a vertê-lo
Porque não queria me ver novamente
Derramando lágrimas
E desejando deixar de viver

É...
Embora nunca acreditasses realmente
Em cada segundo
Cada instante ao teu lado
Cada verso dedicado
Eu te amei
Nunca menti
Por favor, não pense assim
Porque é pecado
Em face dum sentimento tão grande
Imaginei contigo
Histórias que nem ouso contar
De amor pra vida inteira
E conhecer Luxor ao teu lado
Mirando as esfinges no deserto
Tendo a resposta do enigma:


- Eu te amo e agora... O que faço?


Se minha história é sempre triste
De amores perdidos...
E quando declarei o que sentia
De forma mais crível
Ouvi somente:


- Estou sem palavras
Não sei o que dizer



Perdoa-me por tudo isso...
Sou eu o culpado
Minha sina é lastimosa
E Deus não ouviu minhas preces de criança

Ensinei-te o riso
Voltar a ser menina
Na pureza que contagia
Agora, em minha velha cabana de menino
Que se perdeu no tempo
Mirando o coração gravado no tronco do cajueiro
Vejo ao lado, num galho
Um pequeno cajuzinho
E choro...

Ensinaste a mim
Derramar novamente
O pranto

Porque estava certa:
Seremos sempre
- Tão somente -
Amigos
Embora continuarei te amando
E eu sei
I `ll stand by you FOREVER

Além, o que te prometo
Até a noite de meus dias
É que serás eternamente



Minha


Adorada


Musa





Rob Azevedo





Tristão & Isolda - Lendas da Paixão -




Tristão & Isolda
- Lendas da Paixão -

-> Trilha sonora


Onde está Meu Amor
Que felicita minh`alma triste?
Isolda
Algum dia, alguma noite
No breu ou claridade
Na vida ou na morte
Haverá de me encontrar?
Coisa alguma temerei
Na fé que me move
À Luz de Meus Olhos
Nem a espada que rasga a carne
Maldade dos homens
Traidor açoite
Vale das Sombras
Rugir atroz
Do Dragão Devorador...
Nossas almas entrelaçadas
Não poderão ser separadas
Sempre te esperarei
Rainha dos Meus Sonhos
Eclipse do Sol e Luar
Em mil e uma noites
De eternidades sem tempo
Por ti morrerei
E até diante a morte
Meu Amor por ti
Sempre será mais forte
Mais profundo que os mares
Nascidos das lágrimas
Que escorrem dos meus olhos
Quando dilacera a saudade
O peito onde vives
Porque meu coração
Será sempre teu
Se me deixares que toque
Tua alma fiel
E à minha se entrelace
N`alguma estrela
Além do infinito



Rob Azevedo







Queen Of My Dreams




๑۩۩๑ Queen Of My Dreams
๑۩۩๑

-> Trilha sonora


Ó cama tão vasta e vazia
Testemunha muda e cega de tanto lamento
Sequer tem ouvidos e contigo converso
Lastimando as dores que levo no peito
Da chama que incendeia de meu corpo cada pêlo

Sem aquela por quem clamam meus versos
Cada palmo de ti um deserto
Meia hora nefasta agonia

Quem dera
A culpada de tanto tormento
Deitada estivesse ao meu lado
De ti o menor pedaço
Metade da ponta duma agulha
Seria maior que o infinito
E meia hora gozo eterno

Ó cama tão vasta e vazia
Inclemente sem dó dilacera
Rogo a Deus da Princesa companhia
Agonizando dolorosa espera

Vinde ao teu cavaleiro
Que somente em teu seio
Do Amor que antecede o descanso
Minh`alma saciada se aninha

Aquece meu corpo do frio mais duro que o inverno
Chamado Tua Ausência
Essa tortura que devagar me mata
Definhando cada rosa que nasce em meus lábios
Caindo do céu toda estrela prometida
Perdendo as asas Serafim e Arcanjo

Ó Princesa por quem em versos clamo
Vinde ao teu Real Trovador
Que mesmo o sangue de minhas veias
E lúmen de meu espírito
A ti agradecido dôo

Jurada lealdade a minha Majestade
Haverei de proteger-te noite e dia
Da secura de teus doces lábios
Por meus beijos inebriados de ardor
Neles, a umidade que suaviza nunca te faltará

Da solidão noturna que à noite arrefece
Serei teu manto em nosso leito de rosas coberto
Em vigília constante a velar teu sono
Ofertarei em meu peito o travesseiro para que descanse
Ao canto das batidas dum coração apaixonado

Que cantem as cotovias
E venha resplandecendo a alvorada
Enquanto dormes atento teu repouso guardo
Derramando d`alma o pranto que em versos lêem
Agradeço Àquele que a tudo do alto governa
Companhia de tão venerada divindade

Meu coração devotado servo
Consagrado trovador e cavaleiro da Princesa Mor
Destemido guerreiro em campos de batalha
Rendeu-se alvejado pelas setas de Cupido
Por força do Soberano Amor

Honrando cada voto de lealdade
Cumpro o Real dever que me cabe
Ofertando à Majestade em meu peito descanso
Do Amor que antecede o sono

Rompendo o alvorecer em tons incandescentes
Serenamente espero o abrir de tuas pálpebras
E que nossos olhos se mirem amorosos
Brindando em sorrisos um novo amanhecer
Até que se torne dia pleno de Paixão



Rob Azevedo





Sherwood Forest - Robin Hood & Lady Marian




Sherwood Forest

Robin Hood & Lady Marian

-> Trilha sonora



Nas florestas de Sherwood
Vivia um bandido
Príncipe dos Ladrões
Pelo poder perseguido
Posta à prêmio a cabeça

WANTED, LIVE OR DEAD!

Entre os pobres
Conhecido
Como o bom herói
Idolatrado por todos
Honra dos ingleses

De Nottingham
A qualquer parte do reino
Temido pelos abastados
Venerado pelos carentes

Do socialismo autêntico
O precursor
Distribuindo renda
Entre aqueles que muito tem
E os famintos
Desfavorecidos
Pelo mundo cão

Ideais de liberdade e igualdade
Ódio contra as injustiças sociais
Do reino em guerra civil mergulhado
Nas mãos do poder tirano
Tornaram Robin Hood herói
Aclamado até a noite dos tempos

Um arco e flecha
Seu bando de seguidores fiéis
E a Floresta de Sherwood
Bastavam
Ao fora-da-lei herói
Que roubava dos ricos
Para dar aos pobres

Do reino o ícone
Pela causa da liberdade e igualdade
Morta nas mãos da tirania

Nos bastidores de todas as lendas
Além das aventuras contra a monarquia
Usurpadora do trono por direito
Sempre se escondem amores
Endeusados heróis
São de carne e osso
Como cada um de nós

Nas contradições da paixão
O bom ladrão
De uma nobre abastada
Rouba-lhe o coração

- Lady Marian, hi, come here!

Escudeira fiel
De suas tramas
No covil do poder
Entre os nobres
Que a Robin Hood temiam
Vivia Lady Marian

Ironias da paixão
Entre tantas...

Das vitórias que teve
Em mil peripécias
Contra o xerife de Nottingham
O mais precioso dos tesouros:
- A chave do cinto de castidade de Lady Marian -
Robin Hood não encontra!

Ah, que dores!
O Amor tão esperado
Com a nobre apaixonada
De quem lhe roubou o coração
Impedido pela chave
Dum cadeado dourado!

- Lady Marian
Viveremos a morrer em suspiros
Esperando nossa primeira noite...




Rob Azevedo






Me Amas Que Será Também




Esse poema que segue tem um segredo...

O nome da Musa Inspiradora dele consta ao longo de todo o poema de forma dissimulada... Consta sonoramente falando...

Nesse poema eu repito inúmeras vezes a junção das palavras "vi" e "que" no início de muitos versos.

"Vi" posto junto com "que", soa exatamente igual à "Vick", que é o nome da Musa desse poema.

E no penúltimo verso do poema - que é esse o verso: "Vi que furtado" - o nome da Musa consta - sonoramente - completo, sendo que o nome dela é exatamente Vick Furtado.

E o título do poema é uma jogada que fiz com a inscrição que consta na bandeira do estado de Minas Gerais - Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade ainda que tardia), sendo que a Musa do poema é mineira.





Me Amas Que Será Também


-> Trilha sonora


As coisas que vi
No teu olhar
Quando disse adeus
Deixaram a mim perdido
Feito menino
Sem chão nem direção
Diante do abismo
No final da linha do trem

As coisas que vi
Olhando meu caminho
Minha vida sem você
Somente espero que entenda
Compreendas no meu canto
Em cada verso que te conto

As coisas que vi
Não aprendi nos livros
Ninguém me ensinou
Nem existe remédio
Que alivie a dor
Quando se fala em amor


Vi que sem você à noite eu choro
Vi que sem você não durmo
Vi que sem você acordo
Feito Lua Minguante
Faltando mais que a metade
Vi que sem você não vivo
Vi que só você eu amo



Me Amas Que Será Também
Me amas que te amarei
Como nunca amei ninguém
Me amas que será amada
Eternamente
Me ames somente
Não me perguntes nada
Me amas que terá alguém
Me amas que serei teu bem
Apenas me ame
Sem medir palavras
Amarei a ti também
Seja fim de tarde
Noite escura que dá medo
Haverei de esperar
As manhãs de Sol
Que haverão de chegar
Repletas de alegria
Saciando o desejo
Enlouquecendo a alma
Que jamais se cala
Seja noite ou seja dia
De mãos enlaçadas
Caminharei contigo descalço
N`alguma deserta praia
Do meu Rio
Distante de mim
Encontrarei a ti
Em minha poesia
Na tua Minas tardia
Liberto serei

Agora entendo
As coisas são simples
Não tem mistérios
Basta contar
Tudo que vi
Sem nenhum segredo

Vi que eu ando
Em madrugadas insones
Beijando poste
Imaginando você

Vi que perdi o tino
Desde que te conheci
Ando feito cão vadio
Revirando o lixo da esquina
Procurando algum soneto perdido
Que nunca te mandei

Vi que me tornei um intelectual insano
Debatendo com os vira-latas
Companheiros da madrugada
Questões da existência
Nunca respondem nada
Diferente de latidos

No entanto a cada dia
Resta-me a certeza:

São mais sábios que eu
Amam e não se queixam
Venerando a Lua
Uivam sem por quê

Vi que eu não entendo
Por que um poeta
Quando escreve
No ímpeto da inspiração
Se parece tanto com um bêbado
Que bebendo conta a verdade

Talvez os cães tão sábios
Saibam
Eu não sei...

Vi que eu me lembro
Todas as tardes
Quando o telefone toca
Meu coração bate mais forte
Quase explode
Imaginando você

Vi que nem sei o que dizer
Sou todo fogo que me consome
Cantando em versos
Nascidos em madrugada insone
Tudo o que vi


Vi que sem você à noite eu choro
Vi que sem você não durmo
Vi que sem você acordo
Feito Lua Minguante
Faltando mais que a metade
Vi que sem você não vivo
Vi que só você eu amo



Vi que sem você
Sou um corpo vazio
Levaram de mim
O cerne vital onde Amor sinto
Vi que furtado
É meu coração...



Rob Azevedo