sexta-feira, 22 de junho de 2007

Além do que os Olhos Vêem Poesia Sazonal




Além do que os Olhos Vêem
Poesia Sazonal



Meus sentimentos se transmutam
A cada estação
Ora é brisa que acalenta
Em prados primaveris
Agora tempestade que troveja
E relâmpagos partem carvalhos centenários
Ao meio esmigalhados

Brotam de minhas entranhas
Num rompante de ódio sem causa
Existente em minhas veias
A tudo devassando

Outrora, ouviste acordes de violino
Embalando a melodia numa valsa
De príncipes e princesas
Corteses, tão perfeitos
Que transcendiam a realidade

A Arte
Nasceu com olhos aguçados
Sensibilidade à flor da pele
Quando vê o mundo cinza
Transfigura tudo a sua volta
E castelos são erguidos nas nuvens

Acaso seria artista
Aquele que a todo momento
Reproduz o mundo em cada vírgula
Tal qual é?

Não...
Deixe isso para os filósofos e suicidas
Permita ao artista uma margem
Para que sonhe e fantasie
Recrie o mundo
Reinvente o que vêem os olhos
Ou que seja capaz de enxergar
Além do que os olhos vêem

Porque esse dom
Poucos têm

Ainda que em desertos áridos
Enxergue jardins floridos
E a beleza cristalina
Reflita do lado avesso

Deixe o poeta
Subir em seu palco
Ser pássaro liberto fugindo da gaiola
Voltar a ser criança
Feliz com seu brinquedo predileto
Distribuir rosas quando queira
E quando se tornar impertinente
Vier à garganta a vontade de berrar palavrões
Que se esbalde em travessuras
Atirando torta na cara da freira
E vendo a lona do circo pegar fogo...

Ah... Só os duendes que tenho em meu quarto
E a meninada que brinca nas ruas
Sabem o quão bom é fazermos travessuras!

Tocarmos a campainha
E corrermos
Rirmos, às gargalhadas
Da professora
Quando cai sentada da cadeira

Mas não...
Nem tudo o que escrevo
Oferto a alguém ou são imagens fidedignas
Do que vêem minhas retinas
Talvez a mente rebelde e os dedos impetuosos
Apeguem-se à pena
Na paixão confessa à musa verdadeira:
A POESIA – Comporta que dá vazão ao tamanho sentimento
Represado em minh`alma
Objetos além
Nem sempre são o fim em si
Embora se envaideçam
Tornem-se até soberbos
Julgando-se donos de meus traços
Mal sabem que por vezes são pretextos
Para que surja
O vinho Poesia que inspira meu espírito
Ainda seja caricatura
Reflexo dum espelho convexo
Reinventando o que vejo
Transformado, quem sabe, em seu oposto

Ah! Um poeta maquiavélico
Onde os fins justificam os meios?
Nem sei, diria um trovador Narciso
Inebriado a morrer de amores
Mirando os próprios versos
Ao ponto de afogar-se
Nas águas profundas
Da Poesia ainda que maldita




Rob Azevedo





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