San Pedro de La Sierra
...........I
No meio do mato
Uma casa
De sapé
Telhas de barro
Cor de terra molhada
Chaminé de zinco
Umbrais das janelas e portas
Azul marinho desbotado
Brancas paredes
Alta do chão
Erguida por vigas de madeira
Fugindo da umidade
Por debaixo
Armazém de lenhas
Pro fogão dos eremitas
E ninho dos gatos malhados
Janis Joplin, Mel e Che
Ao lado a horta
De verduras tantas
Frutos intocados da terra
E água dos regatos e chuva
Regatos que formam pântanos
E lago defronte
Jardins cristalinos de flores de lótus
Águas que murmuram
No correr das cachoeiras
Incessante o canto não pára
Da água entrechocando nas pedras
Cobertas de musgos, entre samambaias
O verde inunda os olhos
Em folhagens, galhos e troncos
Torna-se o mundo
Abrigo dos pássaros
E todos seres da floresta
.........II
O contorno das colinas ao longe
Sob o manto das névoas
Estradas sinuosas
A se perderem detrás do montes
Vilarejos pacatos ao léu
Um coreto, uma igrejinha
Uma ruazinha central
Meia dúzia de mercearias
Um cavalo passa
Outro além
Puxando carroça
Chapéu de palha
Fumo de rolo
Camisa quadriculada
Cachaça da venda
Do Seu José
Na noite de sábado
Diz o cartaz:
Cabeça de Égua
No Forró Estrela
Sanfona
Triângulo
Bumbo
Cuíca
Chocalho
Cavaquinho
Saia vermelha e amarela
De babado rendado
Girando no salão
No burburinho de gente
Que se esbarra, se acotovela
Aos passos da dança
Um beijo roubado na alta noite
Quando os gatos são pardos
E namoram no telhado
Juras de Amor, promessas
Paixão que se alvoroça, incendeia
Requebrando nos quadris da menina
Roçando as pernas do caipira
Guiando a dama com mãos envoltas na cintura
Beijo roubado
Vira doado
Devora lábios
Línguas e pernas se entrelaçam
E roçam
Rastro vermelho de batom
Por todo rosto e pescoço
Do cavaleiro que conduz a dama
Mãos na cintura
Mente que imagina
A moldura em que se pega
No vai e vêm do Amor
Mãos intrometidas
Deslizam por quadris que requebram
Beliscam, apertam
Vulcões despertam
A cabeça gira
O olhar se finca
Nos seios da menina
Que saltam pelos decotes
Duas colinas roliças
Saltitantes gelatinas pontiagudas
Nos picos róseas
Vez ou outra se mostram
No bailado da dança
Aguando a boca
Luzes violetas piscam
Vermelhas, laranjas, verdes, azuis, amarelas
O homem se enfeitiça
A mulher atiça
De mãos enlaçadas
Cruzando a porta
Do Forró Estrela
Se vão embora
À luz de pirilampos
E Lua cheia
Colhendo cadentes estrelas
Trilhando estradas sinuosas
De terra batida
Subindo a colina
Sob os olhos da Camélia Prateada
Confidente testemunha
Dos corações enamorados
Dez passos um beijo
Dez beijos uma jura
De Amor e Desejo
Cem beijos uma cura
De um mal qualquer
Mil beijos uma flor
Em pétalas se abre
Bem-Me-Quer
Na tosca madeira da porta
Da casinha de sapé
No alto da colina
Se abrindo floresce
Nas tranças da rede
Em que adormece
Extenuado de prazer
Um homem embalado
Num colo de mulher
Rob Azevedo
3 comentários:
Rob ...
Aqui estou eu de novo nos seus campos de ouro... li boa parte de tudo e reafirmo q vc conseguiu deixar o belo ainda mais belo. Sua alma é linda e sua inspiração é o retrato dela, poeta!
Voltarei ..por enqt minhas pegadas pra dizer q vim ler-te!
Não me apague agora viu?? rs
beijossssssssssssssss
Rob meu querido, vim aqui para te dizer que o blog está um verdadeiro show de poesias rsss... Está lindo.Tudo muito lindo amei, viajei, suspirei, sonhei, ahhh...
como é bom te conhecer rsss um enorme beijo, pendurada no pescoço sabe? rsss Que você continue por favor nos agraciando com tuas composições bjs até...
Querido Rob, já vi aqui várias vezes, mas hoje tive tempo de ler mais, absorver mais desses Campos... ver suas fotos... está maravilhoso como vc!
parabéns meu poeta preferido
beijos no coração
Cíntia
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