sexta-feira, 6 de julho de 2007
Uma Experiência Espiritual...
Uma Experiência Espiritual
Entre Duas Almas
Que Fazem Amor
Ao Homem
Abre-se a Porta
Do Paraíso e Entra
Num Corpo de Mulher
Em Glória
-> Trilha sonora
Um homem à caminho
Do Paraíso
Partindo grilhões
De princípios abstratos
Tão fortes
Quanto correntes de aço
Estilhaçados
Na força dum beijo
Apaixonado
Verus Amor Vincit Omnia
O Verdadeiro Amor Vence Tudo
Sempre vencerá
Desde o início
À noite dos tempos
Lábios escorrem
Um n`outro
Se encaixam
Braços se envolvem
Em torno do corpo
Um anjo que um dia vira
Na capela
Entoando a Deus seu canto
Arrebatando o liberta
Do que a natureza não nega
É morte lenta
Quando a vida nos contempla
Com puro Amor
De homem para mulher
De mulher para homem
Na forma pelo Criador
Concebido em perfeição
O Arcanjo sorri
E soam cornetas
Serafim toca flauta
Davi
Como se outra vez
Derrubasse Golias
Alardeia num bumbo
Salomão, na harpa
Entoa o Cântico dos Cânticos
Quatro mãos
Percorrem todo corpo
Um do outro
Duas bocas se doam
E se perdem por caminhos
Bem-aventurados
Um atalho, um desvio
E um homem descobre
Que a anatomia feminina
É infinita
Entre desfeitas mechas de cabelo
Um, dois, três, quatro, cinco
Mil beijos
Botões se abrem
O corpo em parte se despe
Homem e mulher se levantam
E seguem à caminho
Do Paraíso
Heleno – o nome real do monge
E não de conversão à vida monástica
Enlaça a mão de Eliza
Cruzam a porta dos fundos da capela
Se banham na chuva
Em direção à casa de hóspedes
Um pouco além da área defronte
O Mosteiro Santa Cruz
Uma chave gira
E o antigo leito
Onde Heleno dormia
Nos tempos de noviço
Sonhador com a vida de monge
Aconchegante se mostra
Uma saudade ao inverso
Lhe dá uma pontada
De dor no peito:
Não da época de jovem
Recém chegado ao mosteiro
Em que pernoitava naquele recinto
Tentando o viver contemplativo
De abandono do mundo
A dor que lhe dói
É o tempo
Sem aquele Amor consumido
Não diria perdido
Porque a Deus foi entregue
Mas por que não
Ao contrário da solidão que vivera
Sempre esteve ao lado de Eliza
Desde a flor da vida?
Diria que são saudades
Do que não se viveu
Uma saudade invertida
Quando os caminhos são outros
O Amor nos brinda
E nos obriga
Repensarmos tudo
Tomarmos atitudes
E mudarmos o rumo
A velha questão
Do caminho bifurcado:
Escolhe-se um
Abandona-se outro
Hesitar estagnado
Entre os dois
Não se pode
Mas o coração não pensa
Confunde
Faz promessa
E duas bocas se encontram
Se beijam
O resto
Deixa pra amanhã
Que Deus resolve
Heleno
Sobre Eliza se deita
Lhe despe a camisa
Já ao meio aberta
E peça por peça
Vislumbrando o que vira
Outro dia na cachoeira:
Um corpo de beldade
Nu em pêlo
Arranca de si seu negro manto
Hábito de monge
Com raiva incontida
E tripulante de sua boca e língua
Navega nos mares
Da pele desnuda de Eliza
Abdômen
Umbigo
Dois arredondados relevos
Que nutrem a vida
Quando recém-nascida
Nada lhe foge
E nos lábios sorve
Desejo de viver
Mais mil anos
Venerando aquele corpo
Onde a alma que tanto ama
De uma paixão desmedida
Em pura luz se abriga
A dimensão de tudo se perde
Quando se ama
Desmedidamente
Noites e dias se confundem
Se deita e se levanta
Tendo consigo acesa a chama
Da lembrança de quem
Desmedidamente se ama
Quando cerram-se os olhos
No repouso noturno
A imagem d`alguém nos vem
Tão clara e nítida
Quanto verdadeira
Em sonhos e delírios
No amanhecer ao abri-los
Se toma desse alguém o pensamento
Como água
Um sedento
E se vive
A conversar com o vento
Chegado tão esperado momento
O que era parte
Torna-se todo
E quem dormia
Se vê desperto
Mirando diante si
O que era sonho
Passível ao toque
Deslizar na pele
Ao homem
Abre-se a porta
Do Paraíso e entra
Num corpo de mulher
Em glória
De olhos fechados
Não sonha tê-la
Como tantas vezes
Fizera em noite insone
De olhos fechados
A tem
Sob seu corpo
Nos lençóis da cama
Morde seu queixo
Segurando-a pela cintura
Deslizam mãos
Abocanha seios
Escorre a língua
Que se perde
No infinito
Do corpo feminino
Do colo
Vai à orelha
E volta à espádua
Descendo em viagem
Ao umbigo
Da mulher que tem
Sobre a cama
Ardente e nua
Ele se rende
Ao Amor dela
Ela se entende
Mulher dele
E se entrega
Enquanto a penetra
O que vive dentro
Aflora à pele
De cada um
Transpirando
Em suores
E carne
Torna-se alma
O que vem de dentro
Do homem que suspira
Na mulher transborda
Não são mais
Dois corpos nus
Que fazem Amor
Mas duas almas nuas
Que se amam
De corpo e alma
Discutem os teólogos
O sexo dos anjos
Mal sabendo
Que só os anjos entendem
O que é Amor
Entre almas
Amor que transcende
A limitação do corpo
Que nos prende
Na matéria
Amor que vence
A noite que a tudo escurece
Atravessando
O portal da vida
Amor que ressuscita
Cristo
Que é Amor
Amor que precisa
D`outro Amor
Para que viva
Amor é Amor
Não se entende
Nem se explica
É Amor
Amor
Amor e Amor
Que aos homens
Felicita
Erguendo do sepulcro
Morto de três dias
Que morreu
Por Amor
E Amor
Quando aflora na carne
O que dentro habita
É uma experiência
Espiritual
Entre duas almas
Que fazem Amor
Com as bênçãos
De Deus
Unindo-se
Em Trindade
Santíssima
Rob Azevedo
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