sexta-feira, 6 de julho de 2007

A Face de Deus





Os três poemas que seguem integram minha série de poemas intitulada Sacro Sacrilégio na Sacristia, a qual consta de cerca de 50 poemas, onde cada um continua a história contada pelo poema anterior e o todo compõe uma história coerente e ordenada cronologicamente - é um Romance em Poemas.

(Embora que os três poemas seguintes, no conjunto do meu Romance em Poemas, não se encontram um imediatamente após o outro, mas há alguns poemas entre eles.)

Escrevi o poema exibido nesta postagem - A Face de Deus - com eu lírico feminino para dar voz à personagem Eliza, do meu Romance em Poemas - Sacro Sacrilégio na Sacristia.

Entendam, então, que o poema A Face de Deus, como todos os poemas que integram minha série de poemas Sacro Sacrilégio na Sacristia são como um capítulo de uma história composta de 50 capítulos.


Neste blog exibo - de modo esparso - apenas alguns desses cerca de 50 poemas que compõem meu Romance em Poemas Sacro Sacrilégio na Sacristia.







A Face de Deus

-> Trilha sonora


A despeito de tudo que compreendo
Por que foges de mim?
Lembro-me daqueles versos
Que em minhas mãos defronte a capela
Esquivando os olhos e trêmulo
Numa tarde serena me deste

Escritos do próprio punho
E não me engano
Vertidos do coração
De quem ardente ama

Quando acende a chama
Do Amor e alguém se apaixona
Em poeta se transforma
A compor trovas em bosques ermos

E se conversa
Com arvoredos
Confessando-se
Inebriado de amores
Faz-se promessa
Ao vento
Perde-se o tino
E miramos nas águas do lago
Diferente de Narciso
A imagem de quem amamos
Em nosso próprio reflexo

Quando o sentimento que devotamos
Não encontra abrigo
No peito de quem amamos
De nossos olhos
Derramam-se tantas lágrimas
Quanto são aquelas
Das nuvens quando choram

Por que foges de mim?
Atado a nós intrincados
Que compreendo mas não entendo
Por que desatá-los não pode

Não vedes a grandeza do Amor
Que a ti devoto?

Transforma-te por completo
De uma vez por todas
Em poeta!
E chora versos
Como desilusões e lamento
Amargamente eu choro

E sonha
Como sonham todos poetas

De tanto sonhar
E trovas compor
Tornar-se-á peregrino
Nos desertos da Lua
E saiba também
Tornar-se-á
Meu Trovador
Meu Eterno
Amor

Conhecedor dos mistérios d`alma
Saberás:

Quando vertem-se versos
Na folha nua semeando amores
No coração d`alguém floresce
Amor-Perfeito

Endoideça de vez
Como endoideço
Quando te vejo
E compõe Sonetos
Como aqueles que me deste
Nas mãos defronte a capela
Numa tarde serena

Mas antes que sozinha enlouqueça
Teus nós desata
E toma meu corpo
Nu em pêlo
Sem medo
Quebrando teus votos

Entrega-te ao desejo
Amando-me na relva
À margem da cachoeira
Onde me banho
Como se fora
Nos Jardins da Babilônia
Que juntos contemplaremos
A Face de Deus



Rob Azevedo






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