domingo, 1 de julho de 2007

As Mil e Uma Noites de Poesia...




As Mil e Uma Noites de Poesia
- Sheherazade e o Poeta -



Acompanhado de mim
Trilhando sendas
Com destino à róseo jardim
Sou andarilho
Zigue-zagueando
Pelo corpo feminino
Meu alimento a esperança
Que vem da íris
De olhos verdes
Que dia e noite me iluminam
Luz que é força
Em minha jornada
Através de desertos
Desafiando placas desbotadas
Onde se lê:

Não!

A cada passo
Sob o Sol escaldante
Fome e sede padeço
Nem leve brisa dá alento
Revigoro meu intento
Recordando:

O que era impossível
Foi feito
Por aquele que não sabia
Que impossível era

Tão logo acredito
Sabendo que nada sei
Ser a única certeza que tenho


Ademais
Peregrino calejado nesse caminho
Compreendo:

O Amor não cabe
Em teorias
Nem palavras ditas
Na prórpia pessoa
Dar-te-ei uma máscara
E saberei a verdade
Assim como sabes a minha
Quando escrevo poesia

Nietzsche dizia:

"Não ames o próximo, ame o distante."

Imbuído dessas palavras
Miro a estrela mais alta
Esquivando-me dos pirilampos
Luzindo nas madrugadas
Ao alcance das mãos

Caminhei sendas tortuosas
Em busca da pérola mais casta
E preciosa
Cruzei mares, montes e desertos
Padeci mil mortes amargas
Renascendo a cada alvorada
Avistei bela imagem
Envolta em bruma de mistério

Numa placa em letras garrafais
Lia-se:

NÃO!

Nas estrelinhas do aviso
Um tímido sim
A tábua de salvação
O encanto das jóias
Numa jazida de esmeraldas
Cor de verdes olhos

Ah! Teorias enfatizadas!
Acaso o Amor
É equação matemática?
Química quântica?
Extrato de conta bancária?
Código de ética
De relações humanas duvidosas?
Palavras negativas
Em tons de filme de Hitchcock
Ditas após horas de reflexão
Posta a cabeça no travesseiro
Mirando o teto
Medindo nele o insondável
Incomensurável infinito
Na segurança da vida
Esmorecida a cada dia?

Ah, longe de mim!
Não digo sim
Tampouco não
Onde a senda há de nos levar
Não sei
Não se pode determinar

Mas levante-se!
Avance alguns passos
Olhai da janela do quarto
No breu da noite límpida
Estrelas luzindo
No firmamento...

Tente contá-las uma a uma...

Entendas agora
Em cada ponto estelar cintilante
A infinidade de mistérios existentes
No Reino do Amor
Bem além do infinito
Acima do mundano
Em que medes
Dogmas de Deus
Sentimentos humanos
Intangíveis, sem razão...

Lembre-se Sheherazade
Que as noites prometidas
São mil e uma
O final de tantas histórias
Que mal começamos
O sabes...
E essa que ledes, é só mais uma delas...

Mirando o firmamento estrelado
Compreendendo que estrelas
São mistérios do Amor
Sim, entenderás:

Existem mais estrelas no céu
Do que supõem
Nossas vãs teorias




Rob Azevedo





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