sexta-feira, 6 de julho de 2007

CÂNTICO DOS CÂNTICOS




CÂNTICO DOS CÂNTICOS


-> Trilha sonora


Libido
Açoitando a alma
Dum servo de Deus

Votos de castidade
E desejos da carne

Amor celestial
Intocável
E Amor terreno
Ao alcance das mãos

Devaneios em noites insones
Amargurando na solidão do leito
E mesmo na clausura
Na mais dura penitência
Sentindo em pensamento
Pele na pele
Doação de calor
Formoso corpo feminino
De jovem despida
Sob o seu
Ofegante
Apertando-o com mãos macias
Arranhando-lhe as costas
Recebendo-o entre as coxas
Uivando suaves gemidos
E libertando a brisa dos suspiros

Morder a carne nua
Por toda a parte
Escorrer os lábios
E cobri-la de beijos

Cabelos desleixados
Corpos banhados em suores
Gemidos amorosos
Homem e mulher
A sussurrar os nomes
Um do outro

Deus contra tais desejos
O que pode?

Ele que é invisível
Não O vemos
Nem ouvimos
Sequer sentimos
Feito o vento
Acariciando a face
Em dias ensolarados

E Deus acaso proíbe
O que Ele mesmo
No alto de Sua Perfeição
Assim concebeu?

O Amor carnal
Se não foi Ele
Quem o criou?

A vida
Donde vem
Senão do encontro
Entre o corpo masculino e feminino
Um sobre o outro?

E o Cântico dos Cânticos
A mais bela
Das canções de Salomão?

Tantas vezes estudamos
Nas Sagradas Escrituras

Acaso seus textos
São apartados do que é Sagrado?

Não relata o Amor
Da mulher a esperar o amado
Suplicante em seu quarto
Para que cubra seu corpo?

O amado não deseja tê-la
Noites e dias
Mesmo que sobre verdes gramados?

Não fez dela
O motivo maior de sua vida
Ao lado do Pai Eterno
Santificando o desejo que arde
Na carne queimando-a?

Saciar o Amor
Por Deus concebido
Não é pecado
É unir-se ao Altíssimo
Em júbilo e gozo
Entoando o Cântico dos Cânticos
A mais bela
Das canções de Salomão

Ledes no Livro Sagrado;
O que dizem pecado
É abençoado
Pelo Espírito Santo



São os campos
Onde a vida nasce;


Vento soprando
Frescor nos prados;


Água cristalina
Que abranda a sede;


Razão de existir
Amar e ser amado



Dividido me vejo
Entre a voz do coração
E aquelas
Vindas dos homens
Que impuseram à mente

Impurezas
Que derramaram na fonte
Envenenando quem procura
Molhando a boca
Aplacar d`alma a secura

Tudo pende
Dum lado a outro
Algumas vezes perdôo
O que clama meu peito
Adiante culpo

Num momento clareio
Mais tarde escureço

A vontade se rende
A mente nos prende
O coração dói
A razão consola
E diz chora
Que minha palavra
Desde agora
Até o crepúsculo da vida
É não!

O instinto deseja
Quebrar votos de castidade
Trilhar que seja a senda
Da perdição

Dogmas proíbem
O que nas palavras do próprio Deus
Gravadas nas Escrituras Sagradas
É a mais bela
Das canções de Salomão:


O Cântico dos Cânticos




Rob Azevedo





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