domingo, 1 de julho de 2007
Sentimento
Sentimento
Todo bom poeta
Quando escreve sangra
A folha em branco mancha
Do sentimento que se derrama
De dentro d`alma
Grandes pesares
Dão luz a grandiosos poemas
Pungentes, tocantes
Como um berrante
Paixão que se sente
Da ponta do cabelo à entranha
Do estômago
Pari versos
Que arrepiam o âmago
Dos românticos
Saudade quando arde
Dói fundo no peito
Revira a gente na cama
Insone, clamando algum nome
A pena se contorce e grita:
Não me abandone!
Reflita
Entenda que mereço
Sua visita
Em meu endereço
Da melancolia
Nasce poesia
De cor opaca
Cinza
Tem sentimento
Que nos aniquila
Tão logo em linhas
Brotam rosas
Apodrecidas
Tudo é delicado
Em se falando
Do espírito do Poeta
Ser sentimental
Que vive noutra época
Na idade média
Digo dos amores
Soberbos de glamour
Perfeitos
Incólumes
De modo que tudo o afeta
Mesmo o afago
Com luva de pelica
Às vezes parece
Bofetada
Uma aresta
Pode ser a fenda
Que engole sem volta
O Poeta
Versos
São sentimentos
Se quando lidos são sentidos
Como quem sente
O sentir de cada verso
No Amor ou Dor que sofre
A mão que segura o terço
Não são brandos
São intensos
Sentimentos são indomáveis
Brabos, impetuosos
Nos levam por sendas inusitadas
No lombo de cavalo arisco
Tempestivo
Nunca se sabe quando vem o alvoroço
Que nos derruba - ou a garupa
Nem quando há de vir
Algum prado verdejante
Sereno
Onde se contemple
Um riacho correndo
Monto no lombo
Desse animal selvagem chamado Sentimento
E cavalgo
Sabendo
Que nunca haverei de domá-lo
Tem hora que caio
Mas levanto
Segue galopando contra o vento
Relinchando
Faiscando cascos
Sangrando minhas mãos
Segurando firme as rédeas
Em vão...
O Sentimento não tem direção...
O mundo ao redor
Que o faz
Seguir por esta senda
Ou aquela
Se alimentar da espiga de milho
Ofertada na mão
Ou derrubar de súbito
Quem nele tente
A montaria
Rob Azevedo
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