quarta-feira, 20 de junho de 2007

Os Fantasmas da Noite




Os Fantasmas da Noite



Os fantasmas da noite
Infantes na mansão da morte
Comparecem em meus versos
Dispersos no uivar dos lobos
Clamando à Lua Negra
Devassa messalina
A compaixão de meus pecados
Debandando revoada de corvos
Joio disseminado
Nas colheitas semeadas
Apodrecendo o trigo plantado

Fantasmagóricos e mórbidos
Se erguem das tumbas
Rangendo as portas
Do Mundo das Sombras
Arrastam correntes
Perambulam no Templo
Entre casarões e castelos
Penhascos e vales
Desertas ruas

Em gélidas colinas
Vielas e esquinas
Fantasmas na noite
Sangram o corte

Grasnam os corvos
Não se arrefecem
Aguçam olhos
Espreitam a carniça

Oh parvos negros pássaros!
Aves traiçoeiras de rapina
Olhos de águia
Pensar de adolescente!

O arqueiro das sombras
Justo, inconsequente
Lançará petardos
Que dilaceram gargantas
Expondo vísceras

Assim virão outros abutres
Espreitando a vileza da vítima
Saciarão a fome incontida
Em apodrecidos restos

Espíritos mortiços
Os fantasmas da noite
Maltrapilhos andarilhos
Se erguem das tumbas
Rangendo a porta
Do Reino da Morte

A melancolia que os movem
Arrasta correntes
Vagueia pelas trevas
Em horas incertas

Na solitude de ermo bosque
São mais fortes, bem mais fortes
Que o aço da adaga
Traiçoeira, cruel
Que os ferem pelas costas

Os corvos grasnam
Não se arrefecem
Devoram sementes
Mal florescem

Moribundos dementes se erguem
De lápides sepulcrais
Rangendo o esquife
Afiando os dentes

Perambulam no castelo
Sagrado e profanado
Arrastando correntes
Diligenciam condenados

Fantasmas da noite
Não têm um corpo
Que abrigue o coração
Libertos do sentimento
São malévolos
Feito chacal faminto

As caçadas vorazes se iniciam
Os infantes atraiçoados se apartam
Confiando os corvos aos carrascos


As hienas riem
Dois dias depois
Degustando manjares
Habituais e fétidos

Oh seres parvos e cegos de alma!
Meus versos se compadecem
De vossas rimas tortas
Her-mé-ti-cas!
No entanto me calo
Estão entregues as moscas...

Um anjo entristecido
Comovido conduz o poeta
Ao Templo de Afrodite
Em êxtase profundo
Foi feliz
Conheceu o amor
Nos braços de Aline


- Não perguntem mais por mim
Não mais, no more again
Never other time!

- ¡Pués no hablo con traidores!
Y ya me tengo Aline
Aline regresó
Estoy escribiendo
Poesías de amor




Rob Azevedo






Nenhum comentário: