Inspiração Gramatical
- Assim Falava O Poeta –
Dois corpos nus
Equivalentes em desejos
Instâncias revelam
Se transmutam
O beijo cala as palavras
Mas a gramática não se cala
Insolente confessa
Desatinada a entrega
Delirante se rebela
O acento concluso
Na simbologia que exaspera
Agudo almeja o êxtase
Ponti-agudo penetra no côncavo
Da letra "u" devassa, rendida
Clamando que seja desflorada
Ora, corpos nus são desnudos!
Letras, símbolos gramaticais
São seres vivos
Sentem, padecem, desejam
Fazem amor, se beijam
O acento concluso
Agudo, exasperado se rebela:
- Falsa gramática moralista!
Provinciana
Arde a libido
No âmago ponti-agudo
Entre mim
Entre o côncavo!
Por que nu
Não há de transformar-se em "nú"?
Se o acento agudo
Desejoso, ardente
Se exaspera em penetrar o côncavo?
Tornai-se tão logo
Nu em "nú"!
Na simbologia
Revelada aos olhos
Façamos amor
No encanto da poesia
O acento agudo
Beija sua flor
Desabrochada, umedecida
No côncavo formato
A letra devassa, rendida
Fruto da libido, jubilosa
Goza...
Faz o amor...
Acorda ensandecida
Desnuda, abraçada
Ao atrevido trovador
Entorpecida
Suada, exausta
Feliz e contente
Beija o poeta insolente
Sorrindo e satisfeita
O acento agudo impertinente
Devolve cada beijo com paixão...
Aprende a flor
Assim beijada
Nos dedicados versos
Que gramática tem vida:
Letras, pontos e acentos
Sentem, padecem, amam
Desejam
Fazem amor.
Rob Azevedo
Nenhum comentário:
Postar um comentário