domingo, 17 de junho de 2007
MANIFESTO ALÉM DO PÓS MODERNO
MANIFESTO ALÉM DO PÓS MODERNO
- Semiótica Conclusiva do Fogo Fátuo ao Fogo Vivo –
-> Trilha sonora
.............I
Lacaios espavoridos
Debandem por todos os lados
Em meu ódio vomito
Haver me esgueirado
Dentre vós
Torpes sanguinários!
Corrompi a fonte
Dos princípios virginais
Em grandiloqüentes desvarios
Profanei os templos
Da utópica castidade
Em que cometeram sacrilégios
Contra meu ego
Sonhador e romântico
Me fiz amante
De Madame Pompadour
Maria Antonieta
E da esposa perneta
Do grego Anacreonte
Tornei-me hermano
Dos bajuladores
De Poncius Pilatos e Nero
Em luta voraz
Contra moinhos de vento
Deparei-me enfim
Ao mirar meu semblante
No espelho refletido
Com meu eu lírico situado
Num ponto eqüidistante
Entre o Nada e o Abstrato
Reinando no vácuo
Em tronos de diamante
O bufão demente
E sua trupe mambembe
Ao retinir dos címbalos
A semiótica do caos
Na beleza sem igual
Da explosão do Big-Bang
Abrindo as portas
Do Royce-Royce apoteótico
Pés de repolho
Caem sobre os pés
Dos magos, reis e convivas
E toda corja
De soberbos tolos e bêbados
Minha poesia trucida
A lógica que se alvoroça
Em fazê-la delinqüida
Arredia
É peão cabra macho das fazendas
Bronco, arisco
Indomável alazão
Afeito à liberdade
Dos trotes largos
Sem jeito, nem maneira
De sentir no corpo o laço
Dos lacaios
Selvagem por natureza
Contrário ao mando e desmando
Dos senhores da terra
Rebelde por opção
Guerrilheiro por razão
De viver
Versos me são
Oração
Do amanhecer
Ao anoitecer
Do Eu
E surrealista me faço
Quando as palavras
Lançadas na folha nua sem amarras
Guardam em si o martelo
Desprendendo num rompante de ira
Pó e estilhaço
Da hipocrisia maldita
Que ao ver-se cinza
Torna-se poeira desmilingüida
No devaneio do confundir
Envolto em densa bruma
Como a travessia
À Ilha de Avalon
Tudo que acabrunha
Não carecido de ferida
Atrito e ódio vão
Oculto em entrelinha
Com luva de pelica
Sente na cara a bofetada:
Plaft!
.............II
Aqueles que tiverem
Glóbulos oculares e massa encefálica
Ao lerem versos proféticos
Que larguem o capim no pasto
Fútil alimento da ruminância cotidiana
E voltem os olhos
Às estrelas rutilantes que flamejam no firmamento
Enquanto os cães doentes ladram
Vociferando blasfêmias
A caravana onde me acomodo
Segue imperturbável
Porque nela
Os cães cegos
Não enxergam
O outdoor apócrifo
Em luz néon:
ARTE!
Em espasmos surrealistas
O grande painel pisca:
ARTE!
ARTE!
ARTE!
O que haveria de ser Arte
Senão libertar-se?
Eu lírico que se amofina?
Ah, longe de mim!
E os alter-egos que se explodam
Como um grande Big-Bang
Porque quem está na chuva
Não é somente para se molhar
Mas tornar-se sabedor
Que os raios vêm a qualquer momento
Destroçando matéria inerte e o que vive
Nos dando a lição
Que através deles
Aprendemos
E podemos
Mesmo aprender
A nos tornarmos fortalezas
Contra as intempéries
Do acaso imprevisto e furioso
Na placa em luz néon
Quatro letras cintilam:
A-R-T-E !
A-R-T-E !
A-R-T-E !
O que vem de dentro
Rasga o peito
E ganha a liberdade
Celebrando
O libertar-se
Transcendente Manifesto
Panfleto levado pelo vento
Que se faz tempestade
A cada novo legionário
Que nosso audaz exército
De artistas mambembes
Arrebanha nas esquinas
Tendo abandonado as trincheiras d`alma
Não nos acovardemos
Disparemos Poesia!
Nas cidades ou nos campos
Entre urbanos e caipiras
Enquanto o último moicano
Da tribo Cultura e Arte estiver vivo
A esperança é comigo
É contigo
É com toda a gente
Que tem no sangue
O melhor do espírito
É flâmula e broquel
Armadura e lança
Elmo e tridente
Muralha e catapulta
Cavalaria e infantaria
Espada de Luz
Avante bravos guerreiros destemidos
Confrários do além gramática burocrática
Honremos os gregos bardos antigos
Nossas Musas do Olimpo
E mesmo Matusalém
Matusalém do Hebraico:
Aquele que maneja a lança.
Filho de Enoque
E avó de Noé
O personagem mais longevo
De toda bíblia
Tendo vivido
- Abram a boca de espanto -
969 anos!
O fogo fátuo
Transcender dos ciclos lunares
Ensina lições
De como manejarmos
Nossos versos
Cataclismo surreal
Diante aos olhos dos ímpios
Escribas cortesãos?
Não!
Mero sopro dum bufão
Adormecido em cânticos de amores
Erguendo-se da cova funda das ilusões
Titânico na força
De Davi, Sansão e Aquiles
Ainda que padecendo
As dores de Prometeu
Golias
Os pilares das arenas romanas
E legiões infames de Tróia
Derribados serão
Quantas vezes
Desafiarem minhas trovas
No peito condecorando a vitória
A certeza incólume
De que minha pena
É feito a glória de Leônidas
À frente dos Espartas
Que venham hordas sanguinárias
Dos quatro cantos do mundo
Nos encurralando por todos os lados
Não me acovardo
Porque tenho minha pena
Que não se cala
Aprendi a manejá-la
E não é esse
Meu costume
Nem aquele
Dos guerreiros de Esparta
A glória que almejo
É um funeral digno como ícone
Da luta heróica
- Pelas causas nobres -
Que não se rende
Por trinta dracmas de prata
Ou toda a riqueza
Dos especuladores da Wall Street
É ser lançado na barca aos mares
Crepitando sobre meu corpo a chama
Enquanto gravado na lembrança
Daqueles que no mundo permanecem
Meu nome se levante da sombra
Com tamanha dignidade
Que seja louvado em cantos
Dispersos na Rosa dos Ventos
E que nosso Manifesto
- Meu e daqueles que se calam –
Ainda que alardeando solitário na praça
Nunca seja visto
Como mais um ato quixotesco
D`algum poeta desvairado
Desrespeitar a Arte
Não seja jamais
Banalidade
Porque não dá ibope
Na imprensa
Nem tampouco
Nós sonhadores
Sejamos tratados como lunáticos
Ovelhas negras ou subversivos
Porque os sonhadores
Mudaram o mundo
E aqueles que não sonharam
O que fizeram?
Passaram a vida se empenhando
Em destruírem os sonhos
Daqueles que os tiveram
Meu canto
Seu canto
Nosso canto
- Veja, já não sou somente um! -
É nosso sonho
Suave sopro
Que um dia
Será tempestade
De bonança
Transformando
O mundo.
Rob Azevedo
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