quarta-feira, 20 de junho de 2007
Epitáfio Dourado
Epitáfio Dourado
No firmamento pairando
Uma bola de fogo
Imensa
A tudo ilumina e esquenta
Quem a mantém suspensa?
Chama que nunca se apaga
Rubra, incandescente
Se deita detrás dos montes
E o dia escurece
Será que adormece
Feito os homens?
A Lua surge
Prateada
No breu da noite
Seria a esposa do Sol
E as estrelas a prole
Desse brilhante casal?
Um romance astral
Entre dois astros
Dá vida a Terra
O Planeta Azul
Onde vive o poeta
Filosofo em versos
O Amor Celeste
Do alvorecer ao poente
Em cada madrigal insone
Eu, mísero verme terrestre
Engrandeço meus amores
Embriagado de vinho
No alvoroço dos bares
Compondo poesia
No tampo duma mesa
À tinta de caneta
Nuvens de nicotina sobem
E jamais chegarão tão alto
A chama que crepita
Mantém aceso meu cigarro
Dura somente
Cinco minutos
E minha vida
Largando a boêmia
E tantos hábitos nocivos
Quem sabe
Dure oitenta anos?
Julgo meus amores grandes
Em meus poemas...
Eu, mísero verme
Dentre bilhões de vermes
Rastejando pela Terra
Talvez já devesse
Ir comprando minha tumba
Financiada
No Jardim da Saudade
E escrevendo em versos
Meu epitáfio
Só os astros cintilantes
Que flutuam na abóbada celeste
São felizes
E vivem amores grandes
Quase eternos
Que duram
Bilhões de anos
Nós somos pequenos
Do tamanho de formigas
Daquelas bem pequeninas
Mas somos
Megalomaníacos
E sempre dizemos
A quem amamos
Que o amor que lhe devotamos
É eterno e o maior do mundo
Embriagado num bar
Componho poesia e nem lembro
A quantas mulheres
Eu e meus notívagos companheiros de bebedeira
Nessa única noite
Repetimos em tom romântico
Tal confissão
E amanhã
Voltaremos ao pó
Seremos comida
De outros vermes
Em minha lápide
De mármore branco
Num epitáfio dourado
Imitarei a luz do Sol
Em palavras grandiloquentes
Dizendo:
Vivi amores grandes
Fiz poemas
E fui alguém importante
Rob Azevedo
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