quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A Dor da Amante de Cristo II




A Dor da Amante de Cristo II



Em pleno dia
O céu escureceu
Soprou o vento uivando
Gélido, cortante

Relampejou

Choveu
O chão tremeu
Rasgou o véu
No Sinédrio
Dos homens maus

O templo rachou
No último gemido
Do filho de Deus
Pregado na Cruz

- Tudo está consumado!
Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.


Apagou-se do mundo a Luz...

Uma lágrima desceu
Dos olhos
Da amante de Cristo
Ao vê-lo expirando
No derradeiro suspiro

Nunca mais aquelas noites de outrora!
De amores perdidos no Monte
Das Oliveiras
Jamais de volta
O amanhecer contemplando a aurora
Sobre o mar da Galiléia
Amando-nos na praia

Em Jerusalém
Nada mais além
Do que o corte
Inquisidor dos hebreus
Varrendo da História
O que em verdade foi a vida
Do filho de Deus

O dirão em suas bíblias
- Mentirosas -
Um eunuco!

A amante de Cristo
Chora
Já colhendo rosas
Para seu sepulcro

E a esposa aflita
Em casa medita
Como será a vida maldita
Sem pão nem água
Sem vinho nem canto



Rob Azevedo







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