quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Balada para Narciso
_____Balada para Narciso_____
Narciso só via a si mesmo
Nas águas do lago e no espelho
Por todo o bosque
As ninfas em suspiros corriam
Atrás de Narciso
Não sabiam que era insensível
À paixão que despertava
E eram muitas apaixonadas
Todas se punham aos seus pés
Nenhuma delas lhe tocava
E a si mesmo mirava
Nas águas do lago e no espelho
Ah! Como choravam...
Enchendo mais o lago
Que mesmo transbordava
De lágrimas...
Qual delas
Seguindo algum conselho
Poderia conquistá-lo
E tê-lo?
Como descobrir o segredo
De jovem tão belo
Tanto quanto Eros
Vivendo sozinho em delírio
A mirar-se nas águas do lago e no espelho?
Desenrolar o novelo
Encontrar o fio da meada
E deitar-se ao lado
De um deus alado
Como sabê-lo?
Haveria nalgum oráculo
A reposta de tão intrincado segredo
Ou morreriam todas de desejo?
Pelos bosques as ninfas
Suspiravam perseguindo Narciso
Contemplando-o ocultas nos ramos
Derramando prantos
Por um deus insensível
Ah! Quantos encantos!
Vinham daquele jovem tão belo
A mirar-se perdido em devaneios
Nas águas do lago e no espelho
Quão fundas dores
A todas ninfas do bosque
Alvejadas de amores
Desejando tê-lo
E ninguém o pode
Dentre todas as criaturas
As ninfas são aquelas
Que por serem tão belas
Mais compreendem
Percebem
Sentem
Amam
A beleza
E por ela
São atraídas
E rendidas...
Ah! Diante Narciso insensível
A tanta paixão que despertava
As ninfas choravam
E o lago transbordava
Suspiros calavam
O uivo dos ventos
Diante tamanho encantamento
Corações pulsavam descompassados
O fôlego faltava
O chão se perdia
Tudo por dentro estremecia
Às ninfas
A beleza de Narciso
Eclipsava a luz do dia
O que haveria
De ser preciso
Para que o jovem tão belo
Ao menos voltasse
Seus olhos a alguma delas?
Seus olhos que se perdiam
Eternamente fixos
A si mesmo fitando refletido
Nas águas do lago e no espelho
Em tão grande devaneio
De paixão e delírio
Narciso – entre tantas e tantas ninfas sem fim
Que não se contavam nem nos grãos de areia nem nas estrelas –
Era tão somente mais um
Apaixonado por si
Perdidamente
Padecia a mesma dor
De todas as ninfas sem tê-lo
Porque não podia fazer Amor
Consigo mesmo
Um dia, a dor
Não mais suportou
E se atirou de ímpeto
Nas águas fundas do lago
Aonde se afogou
Morrendo de Amor
Com a morte do jovem
O espelho das ninfas do bosque
Onde viam toda a beleza de si mesmas
Reunida e refletida
Se quebrou
Mas ninguém mais chorou
Do que o lago e o espelho
Onde Narciso se mirava
Pois igualmente o amavam
Apaixonados - perdidamente
E sofreram grande dor
Restou uma flor
Só - como Narciso o foi
Às margens do lago lacrimoso
Aonde o jovem se afogou
Rob Azevedo
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