domingo, 14 de setembro de 2008

Carta Aos Ministros da Eucaristia




Meu poema a seguir é especialmente dedicado a todos aqueles que leram minha série de poemas versando - sob uma outra ótica - sobre a história de Cristo e Maria Madalena e foram contra os mesmos, julgando-os blasfemias, coisas impróprias, etc.


Um recado: Não escrevo absolutamente nada contra Deus e a figura de Cristo e tudo concernente, mas sim tão somente contra DOGMAS E DITAMES ARCAICOS QUE NOS IMPÕEM OS HOMENS - MOVIDOS POR INTERESSES ESCUSOS - DIZENDO SER A VOZ DE DEUS.





_Carta aos Ministros da Eucaristia_





Vós, ó Ministros, julgar-me-ão?

E as palavras de Cristo:

"Não julgue para não ser julgado?"

De que valem?

E o exemplo Dele de vida

Aberta a todos

Sem preconceitos

Sem barreiras restritivas...

Deus é Deus de todos

Gregos e troianos

Não exclusivo

De um círculo qualquer

Em detrimento de outros

Deus também é meu

- O meu Deus –

Assim como é teu

Deus é de todos nós

Das prostitutas

Como dos bêbados

E mesmo daqueles

Que um dia perseguiram a Cristo e seus seguidores

Como o fez Paulo de Tarso

Convertido adiante

Num de seus mais proeminentes arautos



Deus é de todos!

Não uma mercadoria

Posse unicamente de quem possa comprá-la

Deus é dos soldados

Entrincheirados no lado de cá do campo de batalha

Assim como

Daqueles que metralhadoras nos disparam

Entrincheirados em valas

Do outro lado

Deus é dos cegos

E daqueles que vêem

Deus é do Oriente

Do Ocidente e da Ásia

Deus é daqueles que pensam

De acordo com o que vós pensais

E também de nós

Que pensamos diferente

Por não sermos iguais

A vós, ó Ministros da Eucaristia!



Não somos melhores

Tampouco piores

Somos

Todos filhos de Deus!

Esse Deus soberbo que é meu
Teu
Dele
Dela
De todo aquele que queira
E creia
Como eu creio

Guardai as tradições
Detentoras de dois milênios
São os alicerces da nossa fé
Mas, por Deus, guardai também
As lições
Que aprendemos ao longo dos séculos
Advindas da intolerância religiosa,
Das opressões oriundas de dogmas,
Da probidade de credo
E do cerceamento da liberdade do pensar
De acordo com o livre arbítrio de cada um

Assim queimai na fogueira
Todos os preceitos
Da fogueira Inquisitória!

E permitam que dêem as mãos
Israelitas
Libaneses
E árabes em geral

Pois a lei de Deus
E do Messias Salvador
É a comunhão
No amor
Não importando àqueles que comungam
- Se em verdade o fazem -
O que pensam
O que professam espiritualmente
Como vivem
Em que acreditam
E no que não crêem
Se estão de acordo
Com a alínea A
Ou a alínea B

Deus é de todos
Daqueles que aceitam na íntegra
Escritos antigos em pergaminhos
Como daqueles que os recusam
Ou somente os aceitam
Parcialmente

Deus também é daquele
Que escreve novos pergaminhos
De acordo com o mudar dos tempos,
Do ser humano em si

A crença em Deus e tudo o que a rege
No que entendo
Não é peça empoeirada de antiquário
Nem monumento histórico tombado
Preservado eternamente
Desde o início
Tal qual foi concebido

Deus sim, é o Incriado!
O Imutável!
Mas somos nós quem mudamos
E um dia descobrimos
Que a Terra gira
Em torno do Sol
E não o contrário

De mudança em mudança
Descobrimos também
Que um dia estivemos errados

E agora, o que faremos?

Na fogueira Galileu Galilei foi queimado!

Tantos
Inocentemente pagaram...

Tantos pecados
Cometeram vós
Ó Ministros da Eucaristia!
Assim como muitos cometi
Muitos ele,
Ela
E todos nós cometemos...

Nos dizem pecadores
Mas saibam:

Vós sois tanto o quanto nós!

Que nos perdoemos mutuamente, no entanto
Pois o Messias um dia disse:

- Somos todos irmãos!

E quem O ama
Não fala mal de seus irmãos
Nem os julga

Vossos pecados
Ó irmãos Ministros da Eucaristia
Eu os perdôo
Que perdoem também
Tudo aquilo que em mim
Consideram pecado

Tudo o que tenho falado
Por vós discordado
Assim como tenho perdoado
Tudo pregado
Em suas reuniões
Que por mim não é aceito

Que tenhamos a grandeza de São Francisco
Para nos despojarmos de tudo
O que não seja tão somente
Deus
E peregrinando aos maltrapilhos
Em passos de sandálias
Mendigando pelos caminhos
Nos achegarmos humildes
Diante alguém como o Papa
Em seu colossal palácio
Assentado em trono de ouro
Ostentando em sua mão direita dogmas...

Que diante a nós de tudo despojados
Assim como um dia fez São Francisco
Ao Papa que o recebeu em sua Basílica portentosa
Que este alguém
Se envergonhe profundamente
E chore
Secretamente
Como um dia chorou
São Pedro
Após renegar seu Mestre

Lágrimas as almas lavarão
Ao compreenderem a verdade
E ainda haverá o perdão
De quem haverá de perguntá-los
Por três vezes:

- Tu me amas?

- Sim, eu o amo!


É a única resposta que importa
E a tudo apaga

Pois o Amor – bem além dos dogmas,
Preceitos, ditames, discordâncias –
É a Lei
Universal de Deus
Tanto para mim
Quanto para vós

Assim na diferença
Somos iguais
Perante o Pai

E assim como encerro
Todos meus versos
Os quais sei em verdade são orações
Em prece profiro
Preferindo que nos amemos:

Amém!



Rob Azevedo










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