sábado, 4 de outubro de 2008

Vulgar na Poesia Erótica




Vulgar na Poesia Erótica




Vulgar não é o direto
O explícito
Mas o mal posto
O mau gosto
O fora de contexto
O gratuito
Vulgar não é a proposta
Que se propõe a ser direta
E o faz bem feito
Com inteligência dentro do que quer
Na forma da Arte
Mas a proposta que se desvirtua
Seguindo por caminhos equivocados
Mal planejados
Fora do esquadro
Colocando tudo em lugares
E momentos errados
Vulgar não é se referir
A partes do corpo humano
Com palavras que não sejam
Tão somente metáforas como:
Tua rosa cálida desabrochada
A haste da tua flor
As duas montanhas arredondadas do teu corpo lado a lado
Tua lança ardendo em fogo

Ou se referir ao ato sexual
Com palavras que não sejam discretas, a tudo sublimando, como:
A união de nossos corpos
O encaixe de nossas formas
O Amor a que nos entregamos no leito
Vulgar é não saber fazer aquilo ao qual se propõe
É o feio
A ausência da beleza
O que ao invés de nos instigar
Pondo em ebulição nossos hormônios
Despertando nossa vontade
Causa-nos aversão
Desgostando todo o desejo
Como quem diz:
- Não, não quero aquilo!
Vulgar não é o que enrubesce de alguma forma
E não é adequado a ser apresentado em todos os meios
E a todas pessoas
Vulgar é aquilo que mesmo sendo apresentado nos meios
E às pessoas adequadas
Causa constrangimento, repulsa
Sendo visto no trabalho o mau gosto
O mal colocado
O indevido, impróprio
Agredindo, desconcertando
Ofendendo a libido
Vulgar na poesia
Além disso
É o mal escrito
Os erros ortográficos e gramaticais crassos
A falta de inteligência
O pueril
O piegas
As liçõezinhas de falsa moral abestada
A mesmice
A cópia
A falta de criatividade
O pouco recurso nas belas imagens metafóricas,
Poéticas
Os amorzinhos melodramáticos
As novelas mexicanas
Os encontros de palavras mal formulados
A cacofonia doendo os ouvidos
A musicalidade inexistente
Os dizeres tíbios
O coração e a alma não presentes
Transbordando
É a poesia que passa em branco
A Arte massacrada
Morta
Sepultada
Vilipendiada



Rob Azevedo







Segundo os metidos a Teóricos da Vulgaridade na Poesia Erótica e Apólogos do Pudor, os poemas nessa temática somente podem ser escritos ao descrever o ato sexual, as partes genitais do corpo humano e o êxtase, nesses moldes:




O bico do passarinho
Derramará o mel que traz das colméias
No cálice da flor cor de vinho




Para eles tudo tem que ser assim na Poesia Erótica, tudo meticulosamente disfarçado, ocultado por meio das metáforas.

Assim eles escondem de si mesmos o próprio pudor que têm com relação à sexualidade, ao corpo humano.

São pessoas que se calcaram na Poesia dos tempos antigos, que eram outros totalmente diferentes dos atuais, onde os costumes comportamentais sexuais eram muito diferentes e reprimidos e isso se refletia na Poesia escrita nesses tempos remotos, assim como em toda a Literatura e Arte em geral.

Extraíram das Poesias e Literaturas escritas nessas épocas o que julgam certo para a Poesia e Literatura dos dias atuais, no campo do erotismo, não compreendendo que o mundo se transformou completamente no que se refere à sexualidade dos anos 1960 para cá.

Sem contar que a linguagem literária daquelas épocas antigas era outra bem diferente da atual, muito intrincada, buscando esmeradamente um preciosismo que nos é estranho hoje em dia, usando e abusando dos recursos lingüísticos, com inversões constantes em todas as orações/construções frasais, tendo verbos conjugados nas pessoas e tempos mais ousados possíveis e buscando um vocabulário ultra-erudito. Hoje em dia muitos textos dessas épocas de mesmo quatro ou cinco décadas atrás, logicamente intensificando essa impressão que nos causa ao retroceder no tempo, nos são um tanto herméticos em função dessas questões no uso da linguagem, sendo considerados por muitos de complexidade muito intrincada, maçantes, cansativos, de difícil entendimento, etc.

E há que se considerar também a tal da metrificação rigorosa dos versos que havia na Poesia antiga.

Hoje em dia os tempos são outros, os costumes comportamentais sexuais são totalmente diferentes, a linguagem igualmente diferente, assim como a Poesia, a Literatura e a Arte em geral.







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