terça-feira, 14 de outubro de 2008

Paralelo Intransponível




________Paralelo Intransponível________







Há um paralelo intransponível
Entre eu e mim
Somos dois
Seres distintos
Em conflito
Incompreensível

Somos históricos inimigos
Entrincheirados
Em lados opostos
De um campo de batalha

Cada um em sua vala
Metralhadora dispara
Um contra o outro

Não há jamais um armistício
Somente o eterno suplício
De quem a si mesmo se mata

Rugem canhões
E rajadas de balas
Estouram bombas
Treme o chão
Ardem labaredas
Escura fumaça
Esconde o horizonte

Não há nunca uma bandeira branca
Que se levante
Só um mesmo infante
Que sangra e sangra
Por suas próprias mãos

Insurreição?
Separatismo?
Loucura?
Masoquismo?

Divergência por divergência...
Nada mais, apenas
Identidades culturais
Próprias e opostas
Entre eu e mim

Guerra sangrenta
Interminável
Dilacerante
Incongruente
Onde jaz a Paz
Numa cova rasa
De indigente
E sobre meu corpo
Marcham dois soldados
Inimigos
Disparando canhões
Em eterno conflito

Independência de mim mesmo!
Grito desterrado nesse descampado sombrio
Mortífero...

Na desesperada busca
Por me libertar do algoz implacável que sou
Não me mato
Atiro-me do penhasco e vôo
Bem alto
Cruzando o paralelo intransponível
Entre nós dois

Lá nas nuvens
Milhares de milhas além do campo de batalha esfumaçado
Barulhento, lamacento
Ergo meu castelo de quimeras
E vivo em paz comigo...

E contigo...

Havendo cruzado

O paralelo intransponível

Entre nós dois...




Rob Azevedo










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