sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Templo Sagrado do Belo




Templo Sagrado do Belo



O belo pelo belo se apaixona
A feiúra a si mesma procura
E blasfema
Contra a beleza humana
Não agüenta o tolo
Mirar-se no espelho
Reconhecer-se tão feio
Que do fundo do âmago
Lhe vem a ânsia de vômito
E o ódio
Pelo belo exaltado
Desde o povo antigo
Grego

Assim são os fracos
Inventores do pecado
Cheios de rubor por sua própria feiúra
Abominam o corpo
Vestem os índios

Cobrem com panos negros
Os nus de Michelangelo
Da Vinci
Renoir e Picasso

Cometem sacrilégios
Contra o corpo humano sagrado
Concebido por Deus
Em perfeição
Porque o feio
Ao belo inveja
E do prazer é apartado

Restam-lhes nos atirar pedras
Nos impor complexos
Com tudo o que diz respeito
Ao sexo

Não vamos celebrar a feiúra
Sim ao belo – que nunca haverá de nos envergonhar!
Seja do corpo ou da alma
O melhor é ser de ambos
Porque tudo se completa
Não apenas na beleza estética
Mas na grandeza interior

Não me atirem pedras
No Templo Sagrado da Beleza
Nem lhe roguem pragas
Ou lhe devotem a inveja
Porque eu enfezo
E apiedado rezo
Para que Deus se compadeça
De vós queimando no fogo do Inferno

Amém!
Enquanto me amo
Sem nenhum rubor
Ou torpeza de espírito



Rob Azevedo









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