sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Duas Metades




Duas Metades




Metade de mim é amor...
A outra metade... Horror...

De longe, pareço um mar de encanto
Do mundo o homem mais romântico
Sensível e fino

De perto, a mim mesmo espanto
O que dirás – a tu, então?

Presunçoso?
Prepotente?
Arrogante?

Zombeteiro?
Grosso?
Dado a surtos de ira?
Delirante?
Inconseqüente?

Ególatra?
Narcisista?
Despudorado?
Egoísta?

Ditador?
Insensível?
Torturador?
Sarcástico?
Frio
E calculista?

Gênio
Ou louco?

Não se aproximes demais
Mantenhas uma certa distância
Ou conhecerás
O íntimo dos animais

Consolo-me, no entanto
De perto ninguém é normal
E ainda tenho
A minha outra metade...

Essa outra parte
Vale bem mais
Infinitamente mais
Do que o ser inteiro
De dez mil normais

Porque nasci com dotes transcendentais
Geniais
De um ser único
Que se causa espanto
Por aquela outra metade
Espanto também causa
E pranto
Ao deparar-se com o dom
Assombroso
Da minha Arte

Eram os gênios loucos?

E em qualquer parte
Mesmo o inimigo me aplaude
Embora
A certeza de que...

Metade de mim é amor...
A outra metade...
Horror...

Não me idealize demais
Tampouco me desmereça
Porque também enxergo
A tua outra parte
Negra
E nessa
Somos iguais
Com a diferença
Que eu cedo a mão à palmatória
Reconhecendo-a
E tu?




Rob Azevedo





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