quarta-feira, 7 de novembro de 2007

In(can)descente




In
(can)descente


Sorvo teus mamilos
Como quem joga no bicho
Em flagrante delito
No útero adultero

Como quem encomenda
A alma ao Diabo
Escrevo um poema
A ti dedicado

Dou um passo ao cadafalso
Sinto a corda no pescoço
E urro
Como boi no matadouro

Caio morto

No breu tenebroso
Degolo
As três cabeças de Cérbero
Adentro no Tártaro

O fogo que arde
É da cor
Do meu rubro desejo

Passagem de ida sem volta
Ao eterno tormento
Onde sou o fígado de Prometeu
Carcomido pelo abutre

Mas teu gozo em minha boca
Teu gozo uníssono ao meu
Tem o sabor do pecado
Do adultério da Mãe de Deus

Assim de bom grado
Rasgo a Escritura, me igualo ao Diabo
Num grau mais baixo
Sou um mero lacaio

A região in
(can)
descente que habito
Tem a profundeza do abismo
Que engole meu corpo
Entre o par de coxas
Da mulher que atraiçoa

Acendo uma vela
Seguro o terço
Rezo e me despeço
Encomendando num gozo
Minh`alma ao inverso
Do que dizem o Inferno



Rob Azevedo






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