sábado, 10 de novembro de 2007

Cinderela




Cinderela



Cinderela era aquela
Até meia-noite
Princesa encantada
De incólume castidade
Bastava o relógio soar
As doze badaladas
Em abóbora
Ela mesma se transformava
Debandando em retirada
Aos braços do leiteiro

Coitado do príncipe encantado
Onde foi, meu Deus
Onde foi amarrar a égua?

Cartas de baralho
Marcadas
Desculpas esfarrapadas
Que ninguém acreditava

Ai meu Deus
Tens piedade de mim!
Já não agüento
Fazer-me de cego
E trabalhar feito escravo
Açoitado no lombo
Para que Cinderela
A auto-intitulada
Semi-donzela
Se esbalde
Com Joaquim
José
Manuel
E mais alguém

Vaidade, vaidade
A princesa-abóbora
Fez-me vassalo
Da vil vaidade

Ai de mim!
Que tantas vezes
Chutei o balde
Em vão
Cinderela se vai
E volta
Feito excremento n`água
Aquele mesmo
Que aduba o jardim



Rob Azevedo





Um comentário:

Unknown disse...

Rob, na verdade, todos nós mulheres, temos um pouco de cinderelas né...estamos todas, por mais que digamos que conquistamos a igualdade de direitos perante aos homens, a espera de um príncipe encantado, que encontrará o par perdido de nossa sandália, e a encaixará em nossos pés, fazendo com que vivamos, felizes para sempre...rsss... beijos da sua fã, Lú