quarta-feira, 7 de novembro de 2007

(Blas)fêmea





(Blas)fêmea


Ó Fêmea Virgem Santa
Desça do céu
Venha deitar-se em minha cama
Tua candura celeste
Doçura do Éden
Incólume castidade
De Mãe de Deus
Amalgama com toda vontade
Dos porões da minha voluptuosidade

Liberto sem tino
Tornei-me libertário, libertino
Libidinoso menino
Cantando em poema blasfêmia
Inconseqüente, delirante
Tão verdadeiro quanto a Verdade
Queimo dogmas na fogueira
Da Inquisição luxuriante

Ó Virgem Mãe
O que é a deidade
Sem o êxtase do gozo
Criador do Universo?

O Arcanjo Gabriel foi teu amante?

São José o marido traído?

Ah! Quem blasfema
Contra a natureza
Gerando um filho
Sem o encontro de dois corpos
Mutuamente entregues, desnudos
Um sobre o outro...

Eu blasfemo?

Ó Fêmea Virgem Santa
És mãe
Do meu fetiche
Mais secreto
Nem revelado
No recôndito do confessionário

Virgens me instigam
São sinônimos
De ebulição dos meus hormônios

Santas me provocam
Desafiam meus instintos
A pervertê-las ao abismo
Da perdição deliciosa

No coito transformada
Em Rainha Meretriz
De ponta à cabeça
Com mãos e língua
De corpo, alma, mente, coração e membro
Dos mamilos ao bendito paraíso
Um pouco abaixo do umbigo

Cidade da luxúria
Destruída com fogo e enxofre
Descido do céu
Pela ira de Deus?

Não!
Cataclismo de dois orgasmos
Masculino e feminino
Em vulcânica erupção
Ascendendo ao Divino
Em gloriosa redenção



Rob Azevedo






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