quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Piano de Cauda
Piano de Cauda
-> Trilha sonora
O piano soou
A última nota
O drink acabou
A luz se apagou
A porta da taverna
Rangendo se fechou
Tudo que tenho
À frente na noite escura
Sem nem mesmo lua
É uma deserta rua
De paralelepípedos
Aberta no vão
Dos amores arredios
Não obstante
Ecoam em meus ouvidos
Acordes magníficos
De outrora
Gravados
Na memória
Cães ladram
Revirando lixo
Trocando o passo
Vou-me embora
Acendendo
O derradeiro cigarro
Meu ir é tão amargo
Ocre, desbotado
Preso ao passado
Que no íntimo de mim
Pulsa o ímpeto
De voltar d`onde vim
Na taverna
Cerrada a porta
O silêncio
Abissal dos túmulos
A escuridão
Do além mundo
O burburinho
Da boemia se foi
O sorriso
O galanteio
As querelas
De Cupidos tantos
Entorpecidos
De vinho
O piano
Calou-se
No entanto
Com os ouvidos
D`alma
Ainda ouço
Os acordes
Magníficos
De outrora
Da lembrança
Levantam-se fantasmas
Num sarau noturno
E valsa
Dou boas vindas
Aos convivas
Em trajes
Principescos
Nos vitrais
Reflete-se o brilho
De colares
E olhares
Suave
Soa
O piano
Em ritmos
Magistrais
Cavalheiresco
Convido a dama
À dança
No baile
De quem se ama
Minhas mãos
Se entrelaçam em mãos
Suaves, delicadas
Como fina seda persa
No calor d`outro corpo
Embevecido me aqueço
E mãos
Envolvendo pousam
Na cintura esbelta
Dançamos
Nuas peles roçando
Aos acordes
Do piano
Em murmúrios clamando
Eu te amo
Madeixas graciosas
Perfumadas se derramam
Em espáduas preciosas
Descortinando
Duas rosas
Ao som da valsa
Olhos se fecham
Na brisa dos suspiros
A alma se entrega
No encaixe de lábios
A paixão se esmera
Tornamo-nos cada tecla
Do piano de cauda
Que rege a festa
Florida rua
De paralelepípedos
Alvos
E cor ébano
Com destino
Ao fim do infinito
Rob Azevedo
Tordesilhas
Tordesilhas
Singrando mares
Vem a fragata
Sobre ondulantes ondas espumantes
Velas abertas
Ao vento
Cruzando horizontes
À bordo, o poeta
Vem cantante
Na proa, guiando o leme
O arrebol da aurora
Reluz distante
Na ilha
De Bora-Bora
Um beijo flamejante
Do Sol dourado
No oásis
Do Amor sem pecado
Golfinhos em bando
No mar seguem brincando
Descortinando o quadro
Encharcado
De maresia
Constelações
De Estrelas-do-Oceano
Cintilam no manto
Que reveste o corpo
Do deus Netuno
A vida vou levando
De porto em porto
Sou marujo
Cavaleiro
Dos cavalos-marinhos
Tenho minha casa
No abrigo
Dum caramujo
Em companhia
Dos escafandristas
À vinte mil léguas
Submarinas
Procuro tesouros
De galeões naufragados
Em batalha...
Ânforas da Grécia
Porcelana chinesa
Dobrões de ouro
Das terras
Da Andaluzia
Canto histórias
Dos verdes mares
E verdes olhos
Azuis
Castanhos
Negros
Que em tantos reinos
De amores e devaneios
Sem permeio
Nem salva-vidas
Afoguei-me
Canto
Meu destino
Sem dona nem ninho
De encontro
A alguma ilha
Além
De Tordesilhas
Rob Azevedo
Cala-te!
Cala-te!
Cala-te!
Tenho algo a dizer:
Amo-te!
Não reclame
Deixe que eu esbanje
Meu Amor, Meu Amor, Meu Amor...
Senão amordaço
Tua boca
Com a mordaça
Do meu beijo
Roubo-te o fôlego
As palavras
Tua língua entrelaço
Na minha
Enlouqueço
Nós dois
Cala-te!
Porque amo-te
Ainda mais
Do que antes
Só existe
Uma coisa
Importante:
Nós nos amamos
E ponto final (.)
O resto
É poeira na sola
De nossas alparcatas
Ao léu
Bem longe
Naufragam fragatas
O tempo depressa passa
Então
Cala-te!
Os olhos cerre
Deixe que eu te ame
Amando te beije
E transborde o cálice
Enquanto
Teu rancor se cale
Rob Azevedo
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Desatino
Desatino
-> Trilha sonora
No desatino
Do instante finito
Recebo-te em meus braços
Recaindo
Entorpecido do vinho
Do Amor que sinto.
Rezo novena
Sei da ladainha
Da ida e vinda
Alternância
Entre as fases da lua
De riso e lágrima
Lágrima e riso.
Paixão não tem siso!
Negando-me te recebo
E bebo
Na boca sorrindo
O cálice do sofrer.
Embriaguez
Faz tudo esquecer
Num torvelinho
De frágeis ilusões
Remendando cacos
De cristal despedaçado.
O quão sou fraco!
Diante o Amor traiçoeiro
Que vem brejeiro
Numa cilada deliciosa
Apunhalar-me com a adaga da dor
Oculta em pétalas de rosa.
Em nossa história
A felicidade só dura
Até o luzir da aurora
Quando a cotovia canta
Sei que é hora
Da escuridão
Em plena luz do dia.
Essa dor que choro eu sei de cor
Tem a cor da paixão desvairada e rubra
Cega e surda
Vindo como se fora o Sol
Em promessa de verão
Incendiando os campos
Do sofrido coração.
Vai e volta
Como revoada de garças
Brancas e plácidas
Levadas pelo instinto fugaz
Trazidas pela saudade.
Pousam na costumeira deserta praça
Na ida e vinda devassada
Esgarçada, delinqüida, sem força
De clamar
Banhada em mágoa:
Não volte mais
Nunca mais
Pra mim
Rob Azevedo
Caramujo-Bruxo
Caramujo-Bruxo
-> Trilha sonora
Quando esconjuro
Meu Bem-Me-Quer
Sou caramujo
Fujo
Do mundo
De mim mesmo
Torno-me bruxo
Faço feitiço
Suplico
À Lua Cheia
Armistício
No front de batalha
Que maltrata
O coração
Nessas horas
Tortuosas
Tenho dó de mim
Do meu orgulho
Que finge e cala
Não ver
A borboleta
Entre as rosas
No jardim
De Nostradamus
À Merlin e Rasputin
Canto em trovas
O Amor de um Querubim
Ó profetas
Do além
Ajudai-me porque canto
Por saudades de alguém
Profecias
Magias
Cartas de Tarô
Lâmpada de Aladim
Bola de Cristal
Alquimia
Oráculo
São ósculos apaixonados
Nas páginas
Do diário de um Mago
Clamo a todo santo
Compaixão ao pecado
De um anjo caído
Amargurado
Penduro uma guirlanda
De alho
Na porta de meu quarto
Desarrolho
Uma garrafa de vinho
Envelhecida
Em barril de carvalho
Bebo sozinho, me embriago
Na dor que amargo
Depois abro
Enquanto oro
Uma garrafa
De licor Absinto
Na alta madrugada
No céu bailando vejo
Uma girafa
Escarnecendo
Do que dizem meus versos
Ah! Filosofia alcoólica!
Ah! Visão sórdida!
Que vem em miragem caótica
Zombar de minha prosa melancólica
Comigo mesmo em trova
Ó quimera nebulosa!
Ri de mim
Ri bastante
Ainda perto do fim
Sangrando o espinho que corta
Sinto o aroma
Do perfume de Yasmim
Senão naquela
Rósea, úmida, entreaberta
Penetro na concha
Da minha aquarela
De poeta
Nela me escondo
No bem-vindo ostracismo
Fujo
Do mundo
Fleumático cismo
Na profundeza do abismo
O quanto
Tornei-me sombrio
Mil saídas imagino
E vou-me embora pro meu refúgio...
Tenho a ilha
De Avalon
O que importa
Se eu mesmo
Endoidecido
Tranquei a porta?
Senão Yasmim
Devoro
Uma maçã!
Rob Azevedo
domingo, 25 de novembro de 2007
Minha Alma Responde
Minha Alma Responde
-> Trilha sonora
Lembro-me daquela noite
Amor
Em que aflita, hesitante
Indagaste em meu ouvido:
- Tu me amas em verdade?
Sussurrante
Como o vento
No Morro do Vento Uivante
Minha boca se cala
Minh`alma responde:
Amar-te é tão pouco
Tão pequeno
Quanto um único verso
Em meio
Aos mil e um sonetos
De Amor
Que te prometo
Não entendes
Amor-Perfeito?
Amar-te é pouco
É pequeno
É solitária pétala
No seio
Dos Jardins
Da Babilônia
Que em devaneios de poeta
Rasguei o ventre da Mãe Terra
E colhi
Para em tuas mãos
Macias te dar
Rob Azevedo
Refrão da Nossa Eterna Canção
Refrão da Nossa Eterna Canção
-> Trilha sonora
A cada dia se prova
Seja em riso
Seja em palavras
Marejadas em lágrimas:
Verus Amor Vincit Omnia
A cada rompante de ira
- Nunca mais quero falar contigo!
Entendo o tamanho da mentira
Quando sozinho durmo
Sabendo que sentes o que sinto
Prisioneiros do Amor
Vindo ligeiro
No manto da noite
Desvendar o segredo:
Verus Amor Vincit Omnia
Refrão
Da eterna canção
Que conhecemos tanto
Tão bem
Nada parte o grilhão
Do Amor que nos envolve
Nem tente
Teu coração é meu
O meu é teu
Forever
De resto
Não me arrependo
Do espinho
Da flor se abrindo
Porque a cada vez que te firo
Me vedes sofrendo
Bem mais
Do que qualquer alguém no mundo
Agora o pesar é tanto
Que aqueles que me vêem
Já vão encomendando
Meu esquife
No Jardim da Noite Triste
Para lá partirei
Cantando esperançoso
Numa outra vida:
Verus Amor Vincit Omnia
Onde beijar-te-ei
Luzindo
As estrelas
Do infinito
Rob Azevedo
O Bosque das Ilusões Perdidas
O Bosque das Ilusões Perdidas
Fui morar aonde
O Vento faz a curva
A felicidade se esconde.
Meu pranto e a chuva
Vivem em voraz disputa
De quem rega mais
Ou mesmo inunda
Os campos
De minha solidão.
Amargura e lamento
Postos à mesa
Num farto banquete.
Sou o Senhor Desencanto
Respeite meu canto
Se aquiete
Acaso desconhece
O que é o Sofrer.
Padecer de dor que não se vê
É angústia tão cruel
Que peço em súplica ao Céu -
Venha depressa
A Noite
Sem Amanhecer.
Há um lugar mais triste
Que o abismo do Tártaro
- O Bosque das Ilusões Perdidas –
Dê graças a Zeus
De joelhos em prece
Não ser tua morada
Onde tenho minha casa
Com vista para os portões
Dos Campos Elíseos
Sem que nele possa
Jamais adentrar.
Do Vale das Sombras
Ecoam meus versos
Chorando desterro
De imortal martírio o preço
Uma seta de Amor envenenada
Lançada por Cupido em meu peito
Quando era sepulcro
E jazia morto
O cerne vital da paixão.
Corpo fechado – maldição
Minha vida ilusão.
Silêncio!
Deixe as folhas dos arvoredos
Farfalharem ao Vento!
Respeite meu pranto!
Sou o Senhor Desencanto!
Rob Azevedo
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Dor
Dor
-> Trilha sonora
Ah! Maldita Dor!
Bebi da ânfora do desengano?
Pisei nas flores
Do Jardim do Amor?
Ó Noite!
Não serás como outrora
Cântico em leito de rosas
Onde beijaria mil estrelas
Na mesma e lânguida boca
Luzindo o arrebol da aurora
Virá o Vento
Ao acaso
Bater em minha porta?
Seu canto
É meu triste lamento
Na soturna hora
Uivando
Que algum anjo
Compadecido de meu tormento
Venha visitar-me
E traga âmbar
Para ungir meu corpo
Ao deitar-me
Sozinho
Em minha fria cama
Feito lápide
Clamo
Um socorro
Um escudo
D`algum anjo
Que me proteja
Do sofrimento –
Os lençóis que ardiam em chama
Vê-los mortalha
Envolvendo meu corpo moribundo
Solitário
Sobre este
Não sentir escorrendo
Suores de Amor
Mas orvalho do sereno
Como abandonado ao relento
Ah! Maldita Dor!
Saudade lancinante que devora
Da ponta de meu cabelo
À raiz de minh`alma!
Que canto cantarei agora
Sem minha dama de outrora?
Rob Azevedo
Amar, Amor, Sofrer
Amar, Amor, Sofrer
O que seria do Amor
Sem as tempestades?
O que seria de Romeu e Julieta
Sem a morte de ambos derradeira
Na escuridão
Dum mausoléu?
O que seria da Love Story
Sem o triste final?
De Tristão e Isolda
O que seria
Sem a morte do cavaleiro
Em batalha
À beira de um rio?
O que seria
De Casablanca
Sem a despedida
Da escada
De um avião?
O que seria
Do Morro dos Ventos Uivantes
Sem as lágrimas
De Heathcliff e Cathy?
De Abelardo e Heloísa
O que seria?
O que seriam de tantas histórias
Canções e poemas
Sem a dor
Do sofrer?
O que seria
De Cristo
Sem a Cruz
Sem o Calvário?
O que seria?
Amar, Amor, sofrer...
Sagrado Relicário
De riso e pranto
Felicidade e lamento
Rob Azevedo
"Todo grande amor
Só é bem grande se for triste...
Assim como o poeta, só é bem grande se sofrer"...
(Vinicius de Moraes)
Quasar Azul
Quasar Azul
-> Trilha sonora
Dói em mim
Perfume de Jasmim
A saudade
Dói demais
Mentir
Que nosso Amor morreu
Doeu
Como a morte de Deus
O peso da Cruz
Carrego sozinho
Pela Via Crucis
Ao fim do infinito
Onde nada jaz
Tão somente adormece
E renasce
A cada dia mais forte
Que a própria morte
Quiçá em breve eu chegue
Ao fim do infinito
Onde a paixão não morre
Porque lá no destino
Meus lábios
Encontram os seus
Refulgindo a luz
Do Quasar Azul
Senão de saudades
Minha vida se finda
Em derradeira agonia
Carregando a Cruz
Da própria mentira
Que plantei no campo
Do Amor sem tamanho
Rob Azevedo
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Tempestade de Amor
_Tempestade de Amor_
Os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e tempestades.
(Epicuro)
-> Trilha sonora
A fúria das ondas
Açoita inclemente a nau
Arremessando-a contra os rochedos
Velas se rasgam
Mastros se partem
O casco se avaria
Perde-se o leme
A nau deriva
E parece
Irremediável o naufrágio
O Mar a tudo engole
Imenso sem fundo
Escuro
Inexorável destino
Quando o desafiam
Em tormenta voraz
Qual razão de tanta ira?
O que haverá deixado
Netuno tão revoltoso?
Tempestade, Tempestade
Tua insana maldade
Esconde uma só verdade:
Aquela que cala
Sabendo que para bom entendedor
Até o silêncio fala
Ó Tempestade, não sabe a nau
Temendo que naufrague
Que és Tempestade
Tempestade de Amor!
Ó Saudade
Não sabe a Flor
O quanto
Me causas dor
Dor imensa
Sem tamanho
Mais profunda que o abismo
Do profundo mar infindo
Não!
Não é a nau pelas ondas açoitada
Que à deriva naufraga
É Netuno em paixão amargurada
Que a si mesmo se traga
Num Mar de Lágrima
Rob Azevedo
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Por Nós Dois
_Por Nós Dois_
-> Trilha sonora
Por nós dois
De coração partido
Eu parto
Quem entenderia
O por tanto Amor partir
Senão tão somente
Um poeta apaixonado?
Qualquer pretexto é valido
Mesmo o mentir
Negando o sentir
Amor tão grande e cálido
Por nós dois
De coração partido
Eu parto
Se vivendo ao teu lado
Tão somente reparto
Pranto amargurado
De coração partido
Eu parto
Derramando o mesmo pranto
Que ao teu lado
Sem que pare
Derramo
Transbordando cântaros
Amar, Amor, sofrer...
Triste sina
Tudo em minha vida
Uma só coisa
Ninguém me entende
Nada dos meus versos
Que há tanto tempo te escrevo
Te ensina
Minha triste sina
De Amar, Amor, sofrer
Do sofrer
Somente me aparto
Se de coração partido
Sofrendo eu parto
O Amor
Que jurei a ti
Até morrer
Rob Azevedo
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Já Que...
Já Que...
Que as outras morram
De ciúmes
Só farei poemas
Pra você
Já que...
A vida quis assim
Já que...
Jaqueline apareceu
É minha diva
Já que...
Sem você não sei
Nem mais de mim
Por Jaqueline eu vou viver
De amar, Amor fazer
No calor do seio aconchegado
Esperando
O dia claro amanhecer
Já que...
Nossos corpos se entrelaçaram
Já que...
Os lençóis desarrumaram
E no encaixe dos teus lábios
Bebo embriagado
O orvalho das manhãs
De quem amanhece
Apaixonado...
Já que a vida é bela
Para quem vive de amores
Já que em teu espírito e corpo
Sorvo o aroma de mil flores
Já que o céu é infinito
Quando rasga meu peito
A poesia que a ti dedico
Contigo ressuscito contrito
De maldito mendigo
Ao homem no Amor mais rico
Já que
É linda
A vida e você
Jaqueline em versos
Cantarei
Cantarei
Cantarei
Por nós dois
Em honra ao Rei
Que me tornarei
Quando sermos um
Longo suspiro
Abençoado
Pelo Celeste Pai
Rob Azevedo
The Last Good-Bye
The Last Good-Bye
-> Trilha sonora
Estou de partida
Para o Bosque das Ilusões Perdidas
Rasgue minhas fotos
Meus poemas
Esqueça que existi
Em sua vida
Deixe-me seguir
Meu caminho
Sozinho
Não me prenda
Não sou pássaro na gaiola
Nem repita mais
Em meus ouvidos
Forever
Encare a realidade:
Tudo um dia tem seu fim
Mesmo o Sol se apagará
Não vedes que vivemos de passado
E hoje estou triste?
Os versos que te faço
Há muito
Têm gosto amargo
Não são como antes
A pureza se perdeu
Vêm carregados de incertezas
Amarguras
Raiva
Um tanto de Amor
Eu sei
Mas daquele que corta a alma
Cabeça posta no travesseiro
Me pergunto:
O que estou fazendo?
Se tantas vezes jurei
Que partiria no cair da noite
Sendo o destino, no entanto
Seu quarto
Desatar o laço
Não é fácil
É como um vício
Na embriaguez do momento
Se perde o tino
Nos aprofundando no abismo
Mas a lucidez depois
Dói mais fundo
E me pergunto:
O que estou fazendo?
Não tente entender
Minhas razões
Saiba somente
Que as tenho
Não tente entender
O porquê da minha tristeza
Incerteza
Amargura
Raiva
Não tente entender
Nada
Não há Mea Culpa
Para nenhum de nós
Apenas me deixe partir
Livrar-me do fardo
Que pesa em minh`alma
Rob Azevedo
Será?
Será?
-> Trilha sonora
Se eu digo que te amo
Rezando, segurando o terço
De pé junto
Não me perguntes sempre:
- Me amas mesmo?
Nem negues
Minha jura
A cada vez
Que a sacramento:
- Me amas nada!
Porque assim
Me confunde
Eu paro comigo
E penso:
Será que te amo
Realmente?
Confuso no que digo
Por tanto questionamento
Acabo parando – de te amar - e pensando:
Será que realmente
Te amo?
A duvida
Contagia
Bem mais do que qualquer epidemia
Ébrio da incerteza
De tanto bater água mole
Em pedra dura
Já nem em mim mesmo
Acredito
E passo noites insones me perguntando:
Será que realmente te amo?
Ah! Dá um tempo!
Vai que me confundo
Numa dessas reuniões
À sós comigo
E de repente, duvido
Do que eu mesmo digo?
E decido:
Senão te amo
Amarei outro alguém
Rob Azevedo
Amor-Mal-Assombrado
Amor-Mal-Assombrado
Adeus
Amor meu
Adeus
O trem se foi
Eu digo Adeus
Procure os seus!
Mais triste que um Amor
Quando se finda
Só a dor
De um defunto-Amor
Para quem não existe
O descanso, a paz
Da despedida
O alívio
A redenção
Do Adeus
Adeus
Amor meu
Adeus
Procure os seus!
Amor-museu
De passado vivendo
Lembranças d`algum tempo
Quando foi bom
Toca o sino...
Faca de dois gumes
É minha sina:
Tão bom haver sido
Que me guardam
Como peça de antiquário
Apodrecido relicário
Vestígio
De um Amor empoeirado
Espane as teias de aranha!
Mate as traças
Sobre a foto preto e branco...
Aonde se foi a graça
Em meu sorriso amarelado?
Amor-escravo
Acorrentado
Ao passado
Sabe o futuro:
Amor-Mal-Assombrado
Síndrome de Hamlet
Amedronta meu espírito:
Ser ou não ser?
Eis a questão!
Ser um fantasma
Correntes arrastando
Pelo castelo
Maldizendo as chagas
Do coração maculado
Ou feliz campeiro
Colhendo entre flores
Amor-Perfeito?
O queijo
Tem gosto azedo
O vinho, amargo
Uma coruja me espreita
Enquanto morcegos silvam
O luar
Ilumina o túmulo
Uma vela
Quase ao fim
Tremula a chama
E apaga
Minha companheira
Lúgubre
Da derradeira hora
Vem voando
Zigue-zagueando
Desajeitada
Pousa em meu ombro
Ó Mariposa
Por que não vá embora?
Nem tens a doçura da rosa!
Ao menos
Teria algo das flores
Para depositar no túmulo
Do Amor-defunto
Rob Azevedo
domingo, 18 de novembro de 2007
JAQUE
JAQUE
-> Trilha sonora
O bom da vida
Muitas vezes se encontra
Bem mais perto do que pensamos.
Acalentaste teus sonhos
De paraíso de encanto
D`outro lado do Atlântico
Porque longe estava
Milhas sem fim distante
Dos olhos que tudo vê
E por si mesmo
Compreende.
Imaginavas
Não haver pobreza nem dores
Somente riso e flores...
Ah! Quimeras!
Teu desejo
Foi pousar longe
Dos teus
Das águas ondulantes
Que beijam as praias
Verde-amarelas.
Nem tanto ao mar
Nem tanto à terra...
Agora sabes:
Nossas favelas
São mais belas!
Sem hipocrisias tolas
Nem rótulos
De primeiro mundo
E nosso belo
É tão mais formoso
Que chega a ser esplêndido
Inspirando
A Canção do Exílio...
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá...
Meu Deus!
Quando partiste
Rogando em prece pedi:
Não permitas que de saudade eu morra
Estende minha vida
Por vinte dias
E quando volte a amada
Entenda:
O bom da vida
Muitas vezes se encontra
Bem mais perto do que se pensa.
Rob Azevedo
Sentir
Sentir
Descobri que um poeta
É como um cantor
Que precisa cuidar
Atentamente das cordas vocais -
Fazer gargarejo
Não tomar gelado
Não gritar demais
Evitar resfriar-se...
O poeta
No caso
Há que cuidar
Dos seus sentimentos
Porque cada verso
Reflete o que sente
No ponto extremo
Torna-se deserto estéril
Onde nenhuma flor-poesia
Floresce
Morre a cria
Cala-se a Inspiração...
O poeta
Há que sentir!
Lá vem a chuva...
Verso de ira
É meu termômetro que indica
Por qual caminho devo seguir
Qual abandonar
Ah! Quero somente os poemas de Amor!
Sem dúvidas, sarcasmos
Desilusão ou raiva...
Quero um Amor que seja
Como a folha nua
Quando deito a primeira letra
Um campo em branco
Sem histórias sendo
Simultaneamente escritas
Vindas
D`outros tempos
Sem congestionamento
Nem bate-cabeça...
Alguém que viva
Cada coisa
Ao seu momento
Nunca
Ao mesmo tempo
Rob Azevedo
sábado, 17 de novembro de 2007
Não Há Vagas
_Não Há Vagas_
Não há vagas em meu harém
Não há vagas em meu harém
Leia a placa:
LOTAÇÃO ESGOTADA!
Com dinheiro algum se paga
Nem um milhão
Nem um vintém
Não há vagas em meu harém
Beldade da Pérsia
À mais excelsa
Bacante da Grécia
Leia a placa:
LOTAÇÃO ESGOTADA!
Com ouro algum se paga
A única vaga
Exclusiva, cativa
Se encontra ocupada
À sete chaves trancada
Guardada, sacramentada
De Amor jurada
Até o fim da meada
Da vida de Deus
Rob Azevedo
F...
F...
Use
Sem que abuse
Porque o bolo
Meu Amor
Desanda
Quando menos se espera
Saiba que nunca se releva
Avisos
D`alma de quem se exaspera
E ferve
Feito panela
De pressão
Uma hora
Estoura
Já era!
Partiu o coração?
FODA-SE!
Rob Azevedo
=========================================
Minha definição do Orkut:
-> O mais eficiente detector de mentiras que existe.
Hehehehehe...
sábado, 10 de novembro de 2007
(In)farto
(In)farto
"Escravo é aquele que não pode dizer o que pensa". Eurípedes
-> Trilha sonora
Estou farto
Ao que me causa esse estado
Falta o senso de piedade
Para entender que estou farto
Tenho culpa em parte
É bem verdade
Porque me calo
Para que não cause espanto
Quebrando o espelho côncavo
De Narciso envaidecido
A imagem que tenho
De teu Alter-Ego
Não é aquela que tens
Para si
Deixe o leão rugir
Eriçando teus cabelos
Esbugalhando olhos
De estarrecimento
Ao menos
Saberás o que penso
Não vivendo junto a mim
Num mundo falso
Celebremos a verdade
De nossas hipocrisias
Inextinguíveis mentiras
De santos e santas
Do pau oco
O prazo vencido
Da estratégia que utiliza
Tão conhecida
Como a palma da mão
Minh`alma abomina
Resume-se no teorema:
Mostrar o que dá problema
Relevar o que é irrelevante
E calar-se
Quando ambos são redundantes
Em silêncio conveniente
Assim tudo adquire
Ares de naturalidade
E se confunde
Ainda nos deixa
De mãos atadas
Impondo o que na garganta entala
Ah! Minha Virgem Santa
Não me enganas
Nem te engano
Sou anjodemônio
És o fermento
Do meu aborrecimento
Rob Azevedo - VISCERALMENTE ROB!!!
Guns N' Roses - Used To Love Her
I used to love her,
but i had to kill her
I used to love her,
but i had to kill her
I had to put her, six feet under
and I can still hear her complain
I used to love her, (whoa yeah)
but I had to kill her
I used to love her, (oooo yeah)
but I had to kill her
I knew I'd miss her,
So I had to keep her
She's buried right in my backyard
(whoa yeah)
(whoa yeah)
(whoo-oo yeah)
I used to love her,
but I had to kill her
I used to love her, (whoa yeah)
but i had to kill her
She bitched so much,
she drove me nuts
And now we're happier this way, alright
(whoa yeah)
(whoa)
(whoo-oo yeah)
I used to love her,
but I had to kill her
I used to love her (ooooh yeah)
but I had to kill her
I had to put her, six feet under
and I can still hear her complain (yeah-eeeah)
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Guns N' Roses - Used To Love Her (tradução)
Costumava amá-la
Eu costumava amá-la,
Mas tive que matá-la
Eu costumava amá-la,
Mas tive que matá-la
Eu tive que a pôr seis pés abaixo
E eu ainda posso lhe ouvir reclamar
Eu costumava amá-la, (whoa yeah)
Mas tive que matá-la
Eu costumava amá-la, (oooo yeah)
Mas tive que matá-la
Eu soube que sentiria sua falta,
Assim eu tive que mantê-la
Ela está enterrada bem no meu quintal dos fundos
(whoa yeah)
(whoa yeah)
(whoo-oo yeah)
Eu costumava amá-la,
Mas tive que matá-la
Eu costumava amá-la, (whoa yeah)
Mas tive que matá-la
Ela era cadela demais,
Ela me deixou louco
E agora nós estamos mais felizes desse jeito, certo,
(whoa yeah)
(whoa)
(whoo-oo yeah)
Eu costumava amá-la,
Mas tive que matá-la
Eu costumava amá-la, (ooooh yeah)
Mas tive que matá-la
Eu tive que a pôr seis pés abaixo
E eu ainda posso lhe ouvir reclamar (yeah-eeeah)
Cinderela
Cinderela
Cinderela era aquela
Até meia-noite
Princesa encantada
De incólume castidade
Bastava o relógio soar
As doze badaladas
Em abóbora
Ela mesma se transformava
Debandando em retirada
Aos braços do leiteiro
Coitado do príncipe encantado
Onde foi, meu Deus
Onde foi amarrar a égua?
Cartas de baralho
Marcadas
Desculpas esfarrapadas
Que ninguém acreditava
Ai meu Deus
Tens piedade de mim!
Já não agüento
Fazer-me de cego
E trabalhar feito escravo
Açoitado no lombo
Para que Cinderela
A auto-intitulada
Semi-donzela
Se esbalde
Com Joaquim
José
Manuel
E mais alguém
Vaidade, vaidade
A princesa-abóbora
Fez-me vassalo
Da vil vaidade
Ai de mim!
Que tantas vezes
Chutei o balde
Em vão
Cinderela se vai
E volta
Feito excremento n`água
Aquele mesmo
Que aduba o jardim
Rob Azevedo
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Tábua de Salvação
Tábua de Salvação
Que venham ventos, temporais
Chuvas, tempestades, vendavais
Escureça a treva a luz do dia
Minha regra será do amor a alquimia
Madeixas contra o vento desleixadas
Aderida ao relevo do corpo a roupa molhada
Se despe no mar em sutil transparência
Tragando a nau que à deriva naufraga
Como quem aos céus suplica clemência
Clamando a vida no desejo afogada
Encontro em tua alma da salvação a tábua
Refém e cativa em voluptuosa alegria
Em gratidão devotada à mulher que queria
Da liberdade perdida não sobrevém a mágoa
Rob Azevedo & Karla Julia
(Blas)fêmea
(Blas)fêmea
Ó Fêmea Virgem Santa
Desça do céu
Venha deitar-se em minha cama
Tua candura celeste
Doçura do Éden
Incólume castidade
De Mãe de Deus
Amalgama com toda vontade
Dos porões da minha voluptuosidade
Liberto sem tino
Tornei-me libertário, libertino
Libidinoso menino
Cantando em poema blasfêmia
Inconseqüente, delirante
Tão verdadeiro quanto a Verdade
Queimo dogmas na fogueira
Da Inquisição luxuriante
Ó Virgem Mãe
O que é a deidade
Sem o êxtase do gozo
Criador do Universo?
O Arcanjo Gabriel foi teu amante?
São José o marido traído?
Ah! Quem blasfema
Contra a natureza
Gerando um filho
Sem o encontro de dois corpos
Mutuamente entregues, desnudos
Um sobre o outro...
Eu blasfemo?
Ó Fêmea Virgem Santa
És mãe
Do meu fetiche
Mais secreto
Nem revelado
No recôndito do confessionário
Virgens me instigam
São sinônimos
De ebulição dos meus hormônios
Santas me provocam
Desafiam meus instintos
A pervertê-las ao abismo
Da perdição deliciosa
No coito transformada
Em Rainha Meretriz
De ponta à cabeça
Com mãos e língua
De corpo, alma, mente, coração e membro
Dos mamilos ao bendito paraíso
Um pouco abaixo do umbigo
Cidade da luxúria
Destruída com fogo e enxofre
Descido do céu
Pela ira de Deus?
Não!
Cataclismo de dois orgasmos
Masculino e feminino
Em vulcânica erupção
Ascendendo ao Divino
Em gloriosa redenção
Rob Azevedo
In(can)descente
In(can)descente
Sorvo teus mamilos
Como quem joga no bicho
Em flagrante delito
No útero adultero
Como quem encomenda
A alma ao Diabo
Escrevo um poema
A ti dedicado
Dou um passo ao cadafalso
Sinto a corda no pescoço
E urro
Como boi no matadouro
Caio morto
No breu tenebroso
Degolo
As três cabeças de Cérbero
Adentro no Tártaro
O fogo que arde
É da cor
Do meu rubro desejo
Passagem de ida sem volta
Ao eterno tormento
Onde sou o fígado de Prometeu
Carcomido pelo abutre
Mas teu gozo em minha boca
Teu gozo uníssono ao meu
Tem o sabor do pecado
Do adultério da Mãe de Deus
Assim de bom grado
Rasgo a Escritura, me igualo ao Diabo
Num grau mais baixo
Sou um mero lacaio
A região in(can)descente que habito
Tem a profundeza do abismo
Que engole meu corpo
Entre o par de coxas
Da mulher que atraiçoa
Acendo uma vela
Seguro o terço
Rezo e me despeço
Encomendando num gozo
Minh`alma ao inverso
Do que dizem o Inferno
Rob Azevedo
Ode aos Escribas
Ode aos Escribas
Fala-se muito
Diz-se pouco
Escreve-se bonito
Versos ocos
Daí o por quê
Faço ouvidos moucos
Aos escribas imitadores
De Carlos Drummond
Não me acusem de pretensioso!
Vomitei até meus versos
Quando os reli ao inverso
Sem rima, nem sentido
Poesia sem nexo
Caos perplexo
A sinfonia fez-se barulho
O claro, hermético
O texto, holocausto
Meus testículos preciosos
Um par de ovos estrelados
Liberdade, claustro
Claridade, breu
Trompete, clarinete
Acordeom, gaita
Violão, guitarra
O epitáfio
- Aqui jaz -
Outdoor de show
De New Orleans
Então, caros irmãos
Não me acusem de presunçoso
Não somente os teus
Mas os versos meus
Vomitei-os da entranha
Cuspindo sangue e chama
Quando os reli ao inverso
Rob Azevedo
Nonsense Matinal ou Manhã Azarenta
Nonsense Matinal
Ou Manhã Azarenta
Café com pão
O pão
Cai no chão
Com a manteiga
Virada pra baixo
Encontro uma mosca
Varejeira azul
Boiando em meu café
Debatendo-se, coitada
Em vão
Pra não morrer afogada
Meu microcosmos
É tão trágico
Divago
Soltando
Baforada de cigarro
O leite
Virou coalhada
Fede
E tem gosto horrível
De coisa estragada
Irei aos Cafés
Do Rio de Janeiro
Beberei cerveja no gargalo
Jogarei bilhar
Farei uma fé
No jacaré
Cercando a milhar
Centena e dezena
O algoritmo
Co-seno
Tangente
E dízima periódica
Vai um
Desce dois
Pro quinto dos infernos
Já estamos no térreo
De frente
Pra Atlântica
O expresso Botafogo-Baixo Gávea
Atropela
Um puddle de madame
Que surta na calçada
Aos berros, descabelada
Minha poesia é insurgente
Contra a lógica inconsciente
Do lirismo métrico concebido
Nos versos que escrevi outrora
Reviro os bolsos
Da calça desbotada
E carteira
Procurando
Um real que seja
Resmungando com meus botões
Dou-me conta:
Fiz a conta equivocada
Volto pra casa
Ruminando
O nonsense do nada
Rob Azevedo
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