____________Ars Longa, Vita Brevis____________
Vim das eras medievais
Cavalgando num cavalo branco
Sou um predestinado
A te encontrar
Minhas vestes são principescas
Meu olhar profundo e apaixonado
O desejo que trago no peito
Sagrado
Não sou desse tempo
De hoje
Nem desse mundo
Vim dum conto
De fábulas
Perguntam-me se existo...
Se sou real...
Alguns crêem
Que talvez eu seja
Apenas um fantasma
Uma sombra
O sopro
Do vento
Pareço um sonho
Uma imagem difusa
De um caleidoscópio
Uma branca nuvem
Sem destino indo ao léu
Um dia, eu sei
Voltarei pra d`onde vim
E serei apenas
Eternamente
Um conto
De fábulas
Em versos
Escritos em linhas enigmáticas
Em páginas de livros
Eis o que sou
Desvendando meu segredo:
Sou um poema
Que se tornou vivo
Fez-se homem
Por força
Do deus
Sentimento
Vim ao mundo cantar
Ser trovador
Em noites de luar
Solidão
Dor
Saudade
Desilusão
Tristeza
Felicidade
Amor
Meu canto
Deu sentido
À vida de ser humano
Na qual agora existo
Retornando tudo ao início
E tive muitos filhos
Poemas
Esse agora
É contigo...
És dele a mãe...
Filho nascido
Para te sussurar no ouvido
Que sou um predestinado
A te encontrar
Nada é por acaso
O poema que se tornou homem
Aprendeu a te amar
Logo ao primeiro olhar...
Amor... Ah! O Amor!
O que seria de um poema
Sem ele?
Ao mundo então
Também veio o poema tornado homem
Para vivê-lo
Como só um poema o pode
Numa catarse infinita do sentimento
Onde tudo é imenso
Comparado sempre ao que é belo –
Teus negros olhos me são
O firmamento noturno
Pontilhado de estrelas cintilantes...
O brilho que deles me vem
O luar prateado
Teus cabelos de igual cor aos olhos
São pétalas
De tulipas negras...
Tua boca
Uma ânfora
Cheia de vinho
Quero bebê-la toda...
Teu corpo
Um porto
Para meu navegar perdido
Em alto mar...
Nele há uma enseada
Onde se encontra uma ostra
Entreaberta
Guardando uma pérola...
Assim vê quem ama o poema
Tornado homem
Vê além
Do que os olhos enxergam
Vê a essência, a alma
De cada coisa
E no Amor lhe faz jus
Em grandeza
Ah! Se essa magia
Não lhe passasse desapercebida
A verdade entenderia
Contida em cada palavra...
Não lhe escorreria
Entre as mãos
Feito água
O presente
Que veio de graça
O reteria, encheria a taça
E o beberia
Em companhia
Do predestinado
A te encontrar
Que veio a cavalgar
Num cavalo branco
De mais longe
Do que a imaginação alcança...
D`outros tempos
D`outro mundo
D`outras crenças
Dum conto
De fábulas
Em versos...
Hei de voltar
À minha terra pátria lendária...
Deixando este lugar, onde a vida é breve...
Levar-te-ei comigo
Ó Calíope!
Ao meu castelo
No plano transcendente
Porque aqui
Só vim de passagem
Buscar-te...
Lá o Alfa
Beta
Ômega
Que uma noite me juraste
Entraríamos em supremo êxtase
Será real e eterno
Sem sequer eu precise
Vir trazido pelo vento
Sentindo teu perfume
Então
O Amor conheceremos
Ao vivê-lo
Como rezando
Uma oração redentora...
E o homem-poema juntar-se-á
Num espiritual enlevo
À sua mulher-poesia
Sem que nada, nada
Os possa separar...
Rob Azevedo