sábado, 18 de agosto de 2007
Noz Moscada
Noz Moscada
-> Trilha sonora
Uma cuia de chimarrão
Na manhã fria
O Sol dissolvendo a neblina
Além, o gado
Ruminando no prado
Pincelado de branco
Da geada de agosto
Cachecol, sobretudo
Botas e luvas
O corpo aqueço
N`alma padeço
Os rigores do inverno
Mil gravetos
Empilhados
Fogueira faço
Toco gaita e bebo
Uma caneca de vinho
Fagulhas rubras
Ascendem aos céus
O pensamento voa
Pelos pampas
Com asas
De gaita
Onde estás
Ó Noz Moscada?
Te procurei num pé
De Araucária
No fruto espinhoso
Duma castanheira
Nos ramos do Cipreste
E no alto do Pinheiro
Teu eu se esconde
Entre cascas
Desafia as palavras
Que meço em desvario
Abrindo aspas
Tua alma se envolve
Por véus
Que descem em cachoeiras
Das Sapucaias
Ó Céus
Metamorfoseado em torniquete
Tornai minha pena
Trituradora da casca
Que te reveste
Ó Noz Moscada!
Tua alma à minha exposta
Será quente
Como a chama da fogueira crepitante
Teu coração, pulsante
Como o alazão que se perde de vista
À trote largo no prado
O desejo, inebriante
Como a vinha dos pampas
Em barril de carvalho envelhecida
Fermentada e servida
Em noite enluarada
O Amor, transcendente
No cerne a suavidade
Da neblina matutina
A vida, alquimia
Etérea magia
A Noz sozinha
À boca unida
Seremos nós
Saciados da fome que esfria
Além do tremor que o inverno nos causa
O invólucro partindo
O fruto se revela
Por entre a casca aberta
Sem pudor se entrega
A quem saliva
Minha mente delira
Vejo os pampas
Cobertos de branco
Pelo orvalho congelado
Tua imagem, a quimera
Mais cobiçada
Esmerada
Em atender o chamado
Da gaita que chora
Devagar se aproxima
Desvanecendo a neblina
Diz bom dia
Abrindo um sorriso
A casca foi partida
A porta aberta
Etéreos em versos
De mãos enlaçadas
Se vão duas almas despidas
Partindo
De encontro à Poesia
Rob Azevedo
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