terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Um Poema Inocente




Um Poema Inocente



Licor de Jenipapo
Outra cor no ar
Mel e dourado
Sabor de pecado
Menina vem devagar
O fogo vai te queimar
Travessa ateia
Mais a chama
Que incendeia
Ô Emília, boneca de pano
Sem tino nem miolo
O sabugo de milho vai entrar
Na história sem pestanejar
Se esconde do Visconde
E do sapo que goza
De menina mal-criada da roça
Se veste de rosa
Por baixo
Os grandes lábios
Pinta
De rouge-carmim
Ai de mim!
Vão me engolir
In-tei-ro
Indefeso entre um par de coxas
Menina vem devagar
A Cuca vai te pegar
La cucaracha, la cucaracha
Enfiei o cabo
Da vassoura
Na barata!
Saiu desbaratada
Descascando batata
Coitada!
Eu te avisei
Menina
Vem devagar
O Bicho Papão vai te pegar
Tem os olhos enormes
E a boca bem grande
Parecendo morto de fome...
Pergunta pra que?
Pra te comer!

Menina vem devagar
O galo já cantou

A jurupoca vai piar
E o peru
Vem cantando glu-glu...



Rob Azevedo






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