terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A Alcova de Don Juan




A Alcova de Don Juan

-> Trilha sonora


Naquela noite
Fria e só
Na penumbra d`algum candeeiro
Entre brumas madrigais
Cruzaram nossos olhos
Estremecendo tudo por dentro
Penetrando a alma
Arrepiando pêlos.
Que força mágica num olhar
E encanto arrebatador no semblante!
Porte esbelto, trajes elegantes
Um olhar
De duração e profundidade
Igual à eternidade
E alguém se derrete
Entregue
Ofegante
Mulher...
No sereno noturno
O frio convertido em calor
Orvalho, em suores de Amor
E dois desconhecidos se amam
De corpo e alma em pleno cio
Um ao outro com volúpia despindo...
Suspiros
Arranhões
Gemidos
Declarações apaixonadas
Em sussurros
Num parque ermo, escuro
Na relva às margens dum lago
O primeiro inefável orgasmo
Masculino e feminino, síncronos.
Ó Dama da Noite!
Teu perfume que inunda o bosque
Mistura-se ao de dois amantes
Inebriantes aromas, marcantes
Rastros invisíveis de Amor
Por onde se vão
E se deitam com paixão.
Ó Constelação de Órion!
Tuas estrelas
Não nos valem
Para contarmos os beijos
Que nos damos...
Contemos todas do céu!
Lábios que se encontram
Se roçam, escorrem um no outro
E se encaixam
Dentes que mordem de leve
Línguas que lambem
E se entrelaçam.
Mãos que suaves deslizam
Por todo corpo feminino
Profanando sagrados paraísos
Pousando no recôndito ninho
Acariciando
Desfolhando a rosa com carinho
Penetrando com a ponta dos dedos
O poço da libido
Umedecido
Pelo prazer consentido
Como um bom vinho
A bom bebedor.
Embriagado, meço no firmamento
A dimensão do infinito
Da anatomia da mulher
A cada palmo mil segredos
Mil oásis, mil devaneios
De perdição e desejo
Dos temores do naufrágio
Ao porto seguro
No colo macio, delicado.
Ó Par de Seios!
Contigo converso
Em sutis colóquios
Sorvendo teus conselhos
São generosos
Meus travesseiros
Após o Amor.
Estamos assim
Enamorados
Perdidos em delírios
Como os grandes navegadores
Deslumbrados com o descobrimento
Do Novo Mundo.
De onde vim?
Vim de onde
O vento surge
Minha alcova, minha cama
Palco do Amor que arde em chama
É na verde grama
Nos bosques, às margens de lagos
Ou na praia
Ao canto das ondas
N`alguma rua escura
Numa escadaria ou varanda
Sacada
De casa abandonada
Ou ainda
Na morada
D`alguma nobre dama
Aconchegado aonde dorme...
Talvez, quem sabe?
No guarda-roupas
Um oportuno esconderijo...
Meu nome?
Don Juan
Sou fogo que consome
Sem que se apague
Sou lenda
Sonho de mulher
Amor e prazer.



Rob Azevedo







Um comentário:

Anônimo disse...

Oi...

Sabe Rob, está cada vez mais difícil, conseguirmos viver momentos felizes como nos contos de Don Juan...sinto falta do fogo que consome estes momentos lindos de amor, cada vez mais raros, infelismente...
O Amor e prazer sentidos através destas relações, são eternos...beijos, Lú