sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
O Cão
O Cão
Tornei-me um cão
Risonho
Sem alma nem coração
Lambendo o chão
Vagueio pelas ruas escuras
No frio madrigal
Entre brumas
Revirando lixo
Meus pêlos orvalhados
Abrigam pulgas
Cheiro a cão molhado
Rindo demente
Mostro os dentes
Inconseqüente troçando
Da vida alheia
Maldita a minha sina
Clamo companheiros
Em desgraça canina!
Alguém que sinta
A si tão em cão transformado
Sem pedigree, nem dono
Que venha ladrando
De quatro patas
Vadiar no breu noturno
Adeus! Correntes, coleiras, canil
São indignos de mim
E vice-versa
Sou cão vadio
Vagueando por desertas ruas
Revirando lixo
Faminto
Fatigado de amores
Que em cão me tornaram
À promiscuidade do cio
Animal instinto
Sem tino, nem dona
Cantarei minhas trovas em uivos
Ofertando-as à Lua
O Amor único
É humano demais
Num mundo habitado
Por cães
Ladrarei até o dia
Em que restabeleça a fé
E torne
A caminhar de pé
Rob Azevedo
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