segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Maîtresse en Titre




_Maîtresse en Titre_
Omnium Victorem Vici



Entre as beldades da corte
Vem ser minha Maîtresse en Titre
No palácio acomodada
Teus aposentos soberbos
Unir-se-ão aos meus
Por túneis secretos

Tornar-te-ei Dama de Honra
Da Rainha
Em breve tempo
Marquesa
Ornada de jóias
Retratada por gênios pintores
Para posteridade
Como exuberante deusa

Dar-te-ei o ducado que queiras
Serás duquesa
Honrarias e títulos de nobreza
Brasões e libras
Renda vitalícia
Prataria e Ouro
Louça chinesa
Magnificentes carruagens
Encantadores châteaux
De Outono, Inverno
Primavera e Verão
Às margens de rios e lagos
Entre bosques e jardins
De contos de fadas

Bem vinda aos prazeres da corte!
Bailes de gala
À fantasia
Festas glamorosas
De sete dias
Celestiais banquetes
Adegas, vinícolas
Transformadas em súditos
Ofertando a safra
Mais primorosa
Solenidades
Com toda pompa
Da monarquia absoluta
Santificada pelo Papa
Incontável criadagem
Uniformizada, sempre atenta
Salões decorados
Com obras de arte
De Rembrandt a Da Vinci
Quadros, esculturas
Cristaleiras
Lustres e vitrais
Tapeçarias orientais
Dramaturgias, sinfonias
Vistas
De preciosos camarotes
No teatro real
Jogos de cartas
Equitação
Caça aos veados
Pesca
Esgrima

Passeios ao Sol
Nos pátios internos do palácio
Sob sombrinhas
Levadas por damas de honra
Jardins esplêndidos
Estátuas clássicas
Chafarizes

Trajes suntuosos
Ostentação
O reino inteiro
Aos nossos pés
De camponês a nobre
Aos cofres
Do tesouro nacional

Cada capricho
Saciá-lo um dever
Dos cortesãos

A preferida do soberano
Maîtresse en Titre
A serviço do Rei
Na alcova elegida
Pela paixão

Mesmo a Rainha
Haverá de beijar-te os pés
Dizer-te boa noite agradecida
Pelos serviços prestados
Ao monarca
Em ménage à trois real
Ao vê-la no cair da noite
Retirar-se em companhia do esposo
Ao teu aposento
De Maîtresse en Titre
Contíguo ao dela

Que enlevo à tua alma feminina
Saber que a Rainha
Com teimosia ferina
Secreto deleite de voyer
Que a alma humilha
Ainda vê teu Amor com o Rei
Ardente, extrapolando a exaustão
Todas as noites
Encharcando o corpo de suores
Através de frestas abertas
Por empregados a mando dela
Na parede que os quartos divide

Choramingando com as confidentes
Confessa:

- Ele nunca me usou tão bem!

Bastardos serão nobres
Duques e duquesas
Marqueses e marquesas
Condes e condessas
Criados pela Rainha
Como os próprios filhos

Ou como queiras
Haverá de criá-los
Também aqueles da soberana
Como teus

Nosso ideograma
Sobre os portais
De deslumbrantes châteaux

Cada súdito
Ao passares se curvará
Humildemente
Todo pedido
Dever e honra cumpri-lo

Ai de quem
Contra si se volte tua ira
Expropriação de bens
E banimento do reino?
Prisão perpétua
Na masmorra?
Forca?
Decapitação?
Esquartejamento?

És a predileta do soberano
Contra ti ninguém pode
Tudo que desejas tens

Em alcova Diamantes
Leito de Ouro
Cravejado de Esmeraldas e Rubis
Acima os dizeres:

A serviço do Rei
Só vivo através dele
Conquistei aquele
Que a todos conquistou





Rob Azevedo








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