quarta-feira, 23 de abril de 2008

Miserabilis




Miserabilis




Fiquei sentado
Na beira do caminho
Esperando o bonde...

Ele não veio
Fodeu!

Mil planos desfiz
De sonhos dourados
Juvenis

Adiei tudo
Para o futuro
Bem distante...
Quem sabe Deus
Um dia virá...

Olhei pro céu...
Nuvens encobriram o Sol
Trovejou
E choveu...

Eu na estrada
Começando o caminho
Sozinho
No meio do lamaçal

Parei
Sob a chuva caindo
Num descampado no fim do mundo
E vi
Meus sonhos passarem
Sem mim
Troçando
Rindo

Passaram-se anos também
E cadê o bonde
Que tanto esperei
Em vão
Será que não veio
Ou cheguei atrasado
E se foi?

Fiquei pra trás...

A lama era tanta
A cada passo mais me afundava
De corpo inteiro no nada

Quando o bonde se vai sem a gente
Tudo morreu
Sem enterro nem vela

Um morto-vivo
Esperando
Passar o tempo
Dar a hora
De ir embora
Pro além mundo
Sem glória
Nem história
Feliz
Na pele sentida

Frus
tra
ção

Maldito mundo cão!

Por que não se abriu o chão
Tragando esse amontoado
De carnes
E ossos
Sem alma
Nem coração?

Ah! Meu Réquiem
Queria eu antes
Que naqueles tempos
Houvesse sido ouvido

Melhor, melhor...

Do que viver
Fazendo hora
Até que badalem os sinos
E eu vá embora

Quisera eu
Nunca ter nascido...

Melhor, melhor...

Do que entender este mundo
Como um lugar
De expiação...

Frus
tra
ção

Meus sonhos se vão
Sem mim
Troçando
Rindo



Rob Azevedo





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