domingo, 13 de abril de 2008
Foi o Vento
Foi o Vento
Quem foi que levou Meu Amor?
Foi o Vento!
Foi o Vento!
Quem foi que me trouxe a Dor?
Foi o Vento!
Foi o Vento!
Ó deus Éolo uivante
Os ramos das árvores se pedem
Esvoaçando verdes folhas
Ondas do mar se levantam
Estouram na praia e rochedos
Fogem velozes as nuvens do céu
Ao léu distante depois do horizonte
Bem além do farol
No cais do porto alvoroço e medo
Uma menina chora
A mãe ora nas contas do terço
- Ó Pescador de Almas!
Velai por nossos marinheiros
Singrando mares em veleiros
Buscam o alimento dos filhos
Arredio o Vento não ouve
Enfurecendo as águas
Açoitando matas
Destelhando casas
Cruza vales e montes
Poeira das estradas
Barulhentas latas
Velhas páginas
De jornais
Seguem caminho
Aonde o Vento vai
E ninguém
Ninguém sabe aonde
Vai o Vento
Com tanta pressa...
No alto da igreja
Uma portinhola aberta
Bate e o Vento leva
Hinários do Nosso Senhor
Noutras janelas
De casas de paredes caiadas
Cortinas caramelo
Esvoaçam onduladas
Derrubam vasos de plantas
Voam papéis
Quando vem o Vento
Em vendaval
Tudo sem dó devassa
Sem destino, afoito, ligeiro
Uivando
No matagal
Sob a força curvando
Com medo e respeito
Roupas quarando no varal
Bandeiras na praça central
Moinhos às margens da ribeira
Bambuzal
Arrozal
Canavial
Sob o Vento
Todos tremem tementes
Se atiçam
Curvam, giram, voam
O Vento uivando
Num rompante de ira
Uma canção me inspira:
Quem foi que levou Meu Amor?
Foi o Vento!
Foi o Vento!
Quem foi que me trouxe a Dor?
Foi o Vento!
Foi o Vento!
Ó deus que esvoaça
Minha cabeleira enquanto canto
Se tudo que há levas
E levaste, também, de mim Meu Amor
Trazendo-me a Dor
Arremessa em tua força meu corpo
Ao mar bravio
Cinza, sem cor
De encontro ao rochedo
Se viver desalmado
Me é por demais pesaroso
Que se partam meus ossos
E sejam tragados
Por redemoinho assombroso
Quero antes
O destino nefasto
Ao ver em vida meu canto
Espalhando lamento
Calando mesmo
O uivo do Vento
Rob Azevedo
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