terça-feira, 10 de junho de 2008

Quisera Tu Soubesses...




Quisera Tu Soubesses...
- O infinito é ínfimo diante –




Não sabes ainda, Jasmim
O que é passar a noite insone
Perdido de amores
Imaginando estar
Com quem amamos?

Ah! Nada sabes então
Das armadilhas do coração...

Eu que andei do nascer ao pôr do Sol
Cismando solitário pelos cantos
Lhe direi:

É o Amor que nos toma
De repente
Sem que escolhamos

É só ter olhos
Para um único alguém

É inebriar-se de encantos
Imaginando
Quando não podemos
Estar ao lado de quem amamos

É um pranto mudo
Com a cabeça posta no travesseiro
O peito doendo
O coração ardendo
Por tanto sentimento
Não caber em si

É suspirar a todo instante
Absorto em devaneios
Ter a cabeça ao léu
Os pés andarilhando
Nas nuvens

É escrever poemas sem que pare
Desenhar corações na branca folha
Atravessados por setas

É declarar-se a cada vez que encontramos
Quem dia e noite procuramos
Por este alguém
Sentir Amor sem tamanho

É estar sempre no confessionário
Mil vezes
Como em penitência a um pecado impagável
Confessando paixão

É crer que alguém é perfeito
Do início ao fim e meio
E a pessoa mais linda do mundo
Sem rival
Nem no monte Olimpo

Daquela beleza estonteante
Da alma ao corpo
Que nos estremece
Endoidece
Incendeia

Ainda que ninguém mais a veja
Nós a vemos
Em plenitude

É acreditar que o humano sentimento
Pode se estender no tempo
Da eternidade

É felicidade transbordante
Por uma palavra singela
Uma lembrança
E zelo demonstrado

Alegria que não se mede
Pela visão do objeto amado
Ao longe chegando

A voz desse enlevo tão desejado
Um cântico
Melodia
Sinfonia
Bálsamo
Poesia

Um olhar
Por ventura brilhante
A luz que ilumina o mundo
O nosso mundo interior

Três palavras
- Eu te amo –
Quando ditas em verdade
E o coração sabe quando
A liberdade
De voar à felicidade
Inundado de encanto

É dizer muito
E não dizer o tanto
Do que é o Amor
Que não se abrange
Nem no infinito

É transbordar-se
Transportar-se
Ao lúmen do universo
Casar-se com Deus!

É olhar a quem amamos
Ver um anjo
E desejarmos
Também sermos
Luz e pureza
Honrando
O Amor imaculado

É a vida tornar-se sonho
Acordado
E a vida que foi outrora
Tão somente sono
Profundo
Vazio
Sem sentido
Frio
Sem cor
Pálido

É termos cuidados
Exagerados
Com quem amamos

É saudade agonizante
Esperança que não se rende
Bem querer que não morre
Tudo o que ninguém entende

É fazer casa na Lua
Pátria no Sol

É mesmo ser demente
De lucidez radiante

É dor também...
Dor pra quem
É doce a passagem
Pro além
Quando viver já não convém
Se não se tem
O bem
Maior
Do Amor

Que tudo se acalme
Abrande o fogo e se apague
Carne torne-se pó
Alma tão só
Claridade

E a paixão se cale...

Que o Onipotente nos redima na morte...

Do Amor
Dizemos muito
Sem dizer o tanto
Do que mesmo o infinito diante
É pequeno
Ínfimo
Sopro do vento



Rob Azevedo






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