domingo, 15 de junho de 2008

Tudo O Que A Vida Nos Permitiu




Tudo O Que A Vida Nos Permitiu




Se não houver amanhã
Haverá o ontem
O tempo vivido
Que passei contigo

Não o pesar
Pelo trem que se foi
Sem que tenhamos nele embarcado

Porque embarcamos!
Viajamos!
Conhecemos lugares
Que só o coração daqueles que amam de verdade
Pode visitar

Se o acaso da vida quis
Que houvesse uma estação de desembarque
Um ponto final pra nós dois
E tu seguisses teu caminho
Eu o meu...

Vivemos o que foi
Nalgum tempo hoje...

Não apenas deixamos
Que se tornasse ontem
Sem o termos vivido

Tenho lembranças
Para recordar
Histórias
Para contar
Que me engrandeceram
Tenha certeza!

Tornaram-me maior
Ser o que sou
Construído tijolo por tijolo
Com ajuda
Das tuas mãos

Aquela tarde
Serena e leda
Em que sentaste comigo na relva macia
A ouvir dos pássaros a melodia
Sentindo o vento
Acariciando nossos rostos
Colados um no outro

Há algo que a pague?

Pergunto...

Há algo que a apague?

Aquele momento mágico
Eternamente na alma gravado
Em que me disseste
Tudo o que sentias por mim
Eu, exultante, muito ouvi
Até que anoiteceu
E retribuí
Dizendo-lhe tudo o que sentia por ti
Encabulado, no entanto
Tu bem sabes
E eu confesso

Porque tudo
Dá-nos a impressão de um mundo de coisas
Que não cabem ser ditas em horas e horas sem fim...

Tudo é imenso
Uma enormidade deveras grande
Constelações
Os peixes do mar
O infinito...

Então encabulei
Aflito...

Porque tudo o que sentia por ti
E tinha pra lhe dizer
Sabendo que era tudo
O que podia lhe dar
Se resumia
Numa única coisa
Somente uma
Abstrata ainda
Como são todos os sentimentos
Que não se podem tocar
Nem ver...

E nem me veio à cabeça mais nada... Só aquela única palavra...

Vasculhei do porão da minha alma
Ao sótão
Cada cômodo
Parte por parte
Minuciosamente
Sem nada mais encontrar...

De mim para ti
O tudo
Esse tão abrangente tudo
Que nele cabe o mundo
Era uma coisa apenas
Ainda abstrata
Intangível
Invisível...

Senti-me pobre
De sentimentos, sei lá!

Mas valeu a confissão
Pois o meu tudo
Sendo uma única coisa
Era TUDO...

AMOR

Refletido nos olhos
Um do outro
Éramos espelhos

E viajamos juntos
No trem da vida
Até aonde deu:

O Adeus

Mas o ontem
Foi um hoje
Que vivemos
Não agora um remorso
Por tudo que poderíamos ter vivido
Sem tê-lo...

Assim seguindo meu caminho
Levei-te comigo
Serena e leve
Seguindo o teu
Levaste a mim
Gravado no peito
Leve e sereno

Porque tudo
Tudo o que sentíamos
Um pelo outro
Nos dizemos
E vivemos

Agradeçamos
E rezemos
Aquela prece
De outrora
Lado a lado
Ainda que o hoje
Nos tenha distantes

E nos elevemos aos céus
Juntos mais uma vez
Pelos elos inquebrantáveis da gratidão
Por sabermos que vivemos
Tudo o que a vida um dia nos permitiu



Rob Azevedo





Um comentário:

Simplesmente Malu! disse...

O que valeu não foi ter vivido o que deu certo, mas ter a certeza de que se tentou viver.