sábado, 14 de junho de 2008

Flora




Flora




Senhora e rainha
Da minha trova
Do verso que aflora
Na paixão implora:

Se tens olhos
Os volte pra mim
Aos meus que choram

Se tens coração
Guarde nele
Minha canção

Se tens alma
Alva como a neve
Cobrindo os campos
Ouve com ela
Minha querela:

O belo
Tornou-se feio
O contente
Lastimoso

Nada mais me apetece
Nem as estrelas
No céu que anoitece

Porque não me viste
Minha vida leda
Tornou-se triste

Meu canto
Mar de pranto
Porque partiste
Ainda antes
De chegares a mim

Desaventurado, nalgum instante
Ao acaso te feri?

Perdoa-me, senhora e rainha
Se as rosas
Abrigam espinhos

Haverei de podar
Das roseiras
De aqui e acolá
O que possa tuas mãos
Sangrar

Se meu pecado
Nos presentes que te trago
Foi carecer de mérito
Devotado em cada gesto
Ser indigno...

Perdoa-me, ó deusa
Senhora e rainha
Da minha trova
Que te implora:

Volta!

Com flores te presenteio
Aquém do teu merecimento
Compreendo:

Não és nenhuma delas...

És flora!

Todas elas...



Rob Azevedo





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