sexta-feira, 30 de maio de 2008
Os Versos Que Te Faço
Os Versos Que Te Faço
- Se cala e sente a dor porque é Amor -
Eu canto a lucidez do lado avesso
Aquela sem fim nem começo
Eu canto o dia que passei inteiro
Perdido em devaneio
Perguntando ao espelho:
- Ela me ama?
Cantando ateio a chama
Que incendeia minha cama
Fogo que me consome
Lembrando seu nome
Passo noite insone
Perco a fome
A Margarida do jardim
Despetalada
Ainda não me respondeu:
Bem me quer?
Mal me quer?
Entro em bar
Saio bêbado
Chorando dor de cotovelo
Transbordo o cinzeiro
Ascendem nuvens de nicotina
Abro a cortina
Respiro um ar
Por que eu amo se me dói
Se me mata
O que sinto?
Por que eu conto
Horas que me devoram
Quando não estou contigo?
Horas tão lentas
Vagarosas
Pesarosas
Que parecem anos
De vazio
Sem tamanho
Diante delas
Que uma vaga me trague
Me afogue
No mar
Que nem um vaga-lume
Ilumine
O breu
Que eu mergulhe
Desposarei a Morte
Se avara a Fortuna sequer me consola
Impiedosa tortura
Molha minha boca e mata de sede
Uma alma que chora
Quisera cegassem meus olhos
Antes de conhecer-te
A ver-me agora
Desejando a negra Sorte
Envolto no betume da noite
Minha veste é mortalha
Meu companheiro de lástima
Um Corvo
A bebida que me embriaga
Balouçando no copo entre pedras de gelo
É lágrima!
Dos Campos Elíseos
Cerraram-se as portas
O murmúrio das águas
O silvar dos colibris
Já não ouço
Somente o lamento
Eterno tormento
Vindo das sombras do calabouço
Do Inferno de Dante
Fantasmas rangem os dentes
Arrastam correntes
Regresso ao cárcere
Que me empareda
Do outro lado a liberdade
Já não me espera
Num olhar ígneo
Com coração de pedra
Desafia minha entranha
Num tropel de perguntas
Enigmáticas
Contraditas
Dilacerantes
Como adaga afiada
Que desfia
O fio da meada
Por que morro de secura
Se nem sequer tenho boca?
Por que tamanha alvura
Diante minha alma escura?
Por que comparo
Meu Amor
Ao infinito
E dele cai
Uma estrela
Cadente?
Ninguém responde...
O vento sopra
O Sol se põe
A noite vem
Saudade...
Eu conto horas...
Endoideço
Ainda ontem
Jurei por ti
Eternidade...
Contarei sem que acabe!
Grãos de areia
- No deserto -
Gotas de água
- No oceano -
Folhas de árvore
- Nas florestas -
Estrelas
- No céu –
Pecados que não cometi
- Ainda assim pago -
E nas contas do terço
O mais penoso de se contar:
O Amor que padeço
Nos versos
Que te faço
Rob Azevedo
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