sábado, 1 de março de 2008

Estrela Bailarina




Estrela Bailarina


”Somente quem tem o caos dentro de si pode dar à luz uma estrela bailarina.”
(Nietzsche)




Dá-me pena
Ver teu vestido novo
Preto e branco
Que toda feliz
Com ar de criança
Sorrindo me mostra...
Teu sapato de salto alto
Rosto de boneca maquiada
Cabelo de princesa de Mônaco
Brincos, anéis e colares
Reluzindo e chacoalhando...

Parece um carro alegórico
Em noite de Carnaval
Ou ícone às barbies
De Bervely Hills...

Hoje estou sarcástico
Destilando fel
De tão embriagado
Do teu perfume
E minhas retinas
Tão embaçadas
Pelo vermelho incandescente
Das tuas unhas de tigresa
E lábios suplicantes
Pintados de fogo

Voltei a ser implicante...
Inconseqüente, adolescente
Rebelde sem causa
Ébrio delirante
Em qualquer copo
Se não é de um bom Scotch
Mas de água
Vejo uma tempestade
Ao meu ego afrontosa
E quebro eloqüente
Numa cena espalhafatosa
Teu espelho
Onde se miras
Em sonhos cor de rosa

- Só pode haver um Narciso nessa droga!

Grito...

Depois incompreendido
Num arroubo de fúria sem sentido
À luz dos holofotes, que enfim, pairam sobre mim
Pego em teu braço
Contrariado, te empurro pra dentro do carro
E saio
Cantando pneus
Cruzando sinais
Vermelhos
Com destino
Ao motel mais próximo...

Entre quatro paredes despedaço
Teu vestido preto e branco
Tua lingerie rasgo
Do teu cabelo cada mecha desfaço
Acabo
Com a pintura do teu rosto
Que agora ao meu gosto
É um quadro de Renoir

Teu batom
Mais um borrão
Impressionista
Ou obra de vanguarda
Da Semana
De Arte Moderna

Sobre cacos dadaístas
De brincos, anéis e colares
Despojados de fantasias
Gozamos
Em meio ao caos
Onde enxergamos
Como Nietzsche dizia
Uma estrela
Bailarina



Rob Azevedo









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