domingo, 2 de março de 2008

Domingo Pós Scotch On The Rocks




Domingo Pós Scotch
On The Rocks



O céu tomado
Por nuvens cinzentas carregadas
O chão molhado
Dessa chuva fina que não pára
Embrulhado feito pão de padaria
Entre edredons espreguiço
Acordando sem vontade
Numa tarde de domingo
Pós Scotch
On the rocks

Sobre a cômoda
O relógio marca
Algo além
Do meio-dia
Meio quente, meio frio
Do verão que se vai indo

Lembro de alguém
No burburinho dos bares
Entre mares
De cerveja, drinks
E brumas
De nicotina

Em meio ao desfile de moda
Baladas
Rock `n Roll
Espelhos, faróis, perfumes
Olhares, sorrisos
Miragens alcoólicas
Filosóficas

Ó Quimera madrigal!
Vem ao meu encontro
Num duelo de olhos
Fincados um no outro
Até que o sangue
De dentro de mim escorra
Gota por gota
Transbordando
Em teu cântaro
Quando
Há de rir
Vitoriosa

Difusas lembranças
Sobre lençóis
Exalando outro perfume
Exibindo rutilantes
Marcas de batom

Assim como as pedras de gelo
Num copo de Whisky se derretem
O nevoeiro se esvaece
Cada traço se define
Descortinando um rosto...

Lembro mesmo
Quem diria?
Seu nome
E número
De telefone!

Sete – meia – sete
Quatro – cinco
Sobe três
Desce um
Quatro – cinco – nove
Meia – oito
Restam dois...

Biiiiiiip, biiiiiiip, biiiiiiip...

- Alô!

Da memória que se refresca
Florescem Camélias
Num balé coloquial
Brindando apetitoso
Coquetel de frutas

Logo estamos
Embriagados outra vez
A tarde de domingo
Cinza, chuvosa
Morna
Não é mais
Tão somente
Uma vazia tarde
De domingo
Entediante
Nem fria, nem quente

É poesia e prosa
Amorosa
O quente
Esquentando o frio
O arco-íris
Colorindo
Além do céu cinza
O infinito

Mil coisas faremos
Até o luzir de uma nova aurora
Como bons boêmios
Tortos, de tão ébrios
Cantaremos Odes
Aos moinhos de vento
E que a vizinhança toda acorde!
Porque depois morreremos
Num longo suspiro
Sobre lençóis
Encharcados de suor

Ao abrir as janelas
O céu cinza
Na tarde chuvosa
Não nos importará
Nem o Porvir
Ou o bramir
Dos cães vira-latas
Doentios de cólera



Rob Azevedo





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