segunda-feira, 28 de julho de 2008

Castelo de Montsegur




Castelo de Montségur



Nasci com dote
De ser fantasma
Atormentado
Por fantasmas

Minha casa
É na treva
Aonde a porta
Está fechada

Trancada!

O cadeado não se quebra

A canção que ecoa
Por lúgubres corredores e átrios
É o réquiem
Dos desenganados

Desalmados!

À noite saio
Deixo o castelo
De Montségur

Desço a íngreme colina
Perambulo pelas vielas
Da cidadela
Abandonada

Deparo comigo
Condenado
Não paramentado
Pelas vestes de um cavaleiro consagrado
Mas aos farrapos
Escondendo o corpo em chagas
Com a mortalha
Dos amaldiçoados

Como os ratos
Entre as ruínas
Busco o limbo
O chão pisado
Entrando
Nos canais
Subterrâneos

Há um tesouro
Emparedado
Lá embaixo
Pelos cátaros

A encontrá-lo
Estou fadado
Até que a vida
Me leve da morte

O Santo Cálice!

Depositário do sangue
Do Mestre de antes
Portal dos mundos
Única chance
Para que a vida
Rebelde e compungida
Me leve da morte
No luzir da aurora
E me torne
Como outrora
Cavaleiro
De luz irradiante



Rob Azevedo








Nenhum comentário: