sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Dialética Existencial
Dialética Existencial
Numa tarde vazia
Filosofando reconheci:
Sou nada!
Nada!
Nada!
Que bom seria
Se todos um dia
Reconhecessem
Serem nada
Nem sequer
Humúnculo
Vindo do barro
Nem pó
Um nada somente
Lapso de segundo
Na eternidade do infinito
Um vaga-lume
Que pisca uma vez
E apaga
Nunca mais acende
Companheiros
Em miséria existencial
Ninguém acima
Nem abaixo
Tudo igual
Por que não viver
Nem arriscar
Se nada somos?
Por que tantos pesares
Se somos nada?
A cova
O fim da jornada
Então, nos embebedemos do vinho
Esvaziando a taça
Se tão cedo tudo acaba
Por que tanto apego
Ao nada inerente
A cada coisa?
Por que o medo?
O desassossego?
O freio?
O fim no meio?
Aos que perderam
Nem a perda existe
Se em nada consiste
O jogo
Aos que venceram
Mero devaneio
Sonho em noite de verão
Que as traças tornam em pó
Sem meu, nem teu
Compadres na miséria
Libertos do peso da posse
Leves como plumas
Com Deus ou ateus
Ricos do Nada
Sem dores de cabeça
O Ter
No sentido amplo da palavra
Pesa na alma
Uma tonelada
O que importa em verdade
Tão somente Ser
Sendo Tudo e Nada
Viver
Isso e aquilo
Por que não vivê-lo
Se tudo acaba tão cedo?
O que não se viveu
De sua parte
Por que tanto alarde?
Livre-se do peso
O rio flui sem que pare
Deságua no mar
Os balões
Só alçam vôos
Leves
Descarregue o fardo inútil
Leveza é a regra de tudo
O Nada pode ser Tudo
O Tudo, Nada
Ambos
Tão somente metáfora
Pensar demais estraga
Sentir tem mais sentido
Ninguém é insensível
À amargura dos pesares
No entanto a liberdade
De menos senti-los
Sem queixas
Resistindo despojado
Mirando os lírios
Torna a vida
Mais suave
De qualquer forma
Existir é presente
Ao Sol
Ou na escuridão da noite
O que é bom
Finda
O que é mal também
Tudo afinal
Tão desimportante
Diante o viver
Por si só
Esse lapso de instante
Mágico que nos brinda
Aproveite a vida
Sem pressões
Agonizantes
Impostas a si mesmo
Simplesmente viver
O ópio
Que nos livra
Do sem sentido
Desembaçando os olhos
Quando não vêem
Tudo
No Nada
Rob Azevedo
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2 comentários:
Ah, que estranha ironia, depois que descobri que sou nada...virei poeta! Beijos amigo.
Querido amigo,
não nos conhecemos, dei com seu blogg por acso e amei.
sou portuguesa e moro em Grândola,250 Kms da Capital de Portugal.
Vc escreve muito bem.
Um beijo Cristina
se quiser tomar nota de meu msn
torna-te_livre@hotmail.com
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