quarta-feira, 20 de junho de 2007

O Segredo




x-X-x-X-x- O S.E.G.R.E.D.O
-x-X-x-X-x

-> Trilha sonora



Passos e trovões
Ao léu
O uivar dos lobos

O poeta se foi
Ao soar meia-noite
Porque de seu segredo
Quer proteger
Quem no Amor que doa
Como borboleta na teia
Descuidada se envolve

Vitimas emaranhadas
São devoradas
Impiedosamente
Cada pedaço
Do corpo refém
Indefeso e rendido
Diante desejos insaciáveis

Sem que nada se possa fazer
Dominada da ponta dos cabelos
Aos pés
E sobretudo
A alma e cada pensamento
Resta à presa
Se entregar
Ao instinto sedento
Do predador que devora
Como bem quer

E conseqüências não se mede
Tão logo razão e espírito se perde
Entregue nas mãos que tudo pede
Breve se enlouquece
Chamando quem escraviza de My Lord
Presa por corrente
Que não se vê, mas nunca se parte
Ainda sorri contente
E à noite – naquelas de abandono
Navegando na incerteza
Naufragando no Mar da Dúvida
Derramado no choro, se entristece

Amor que não se sacia
Arde sem que apague
Deseja a todo instante
Tanto quanto abandona
E quando se contraria
Explode
Calando o uivar dos lobos

Amor que vicia
Torna dependente
Corpo, espírito e mente
De doses cada vez maiores

Adiante se dá conta
É entorpecente
Narcótico
Erva venenosa
Ópio
Cocaína
Ecstasy
Heroína
Injetada na veia
Indo às vísceras
Causando euforia
E dores agonizantes
Ao Sol do meio-dia
No âmago do Ser
De onde
O sentimento
É exaurido
De tão exacerbado
Indo da dor extrema e agonia
No desespero do abandono
E desprezo quando alguém nos pisa
Ou se sente nas costas a adaga
Ao ápice do gozo
Navegando em outro Mar
Doado por quem entende da Arte
Da cor do arco-íris
Que estende tapete vermelho
Nas plácidas nuvens
Onde nos amamos
E tudo de tão incongruente
Desaba no trovejar dos relâmpagos
Em buquê de flores
Que abrem o riso
E trazem espinhos
Ferindo e sangrando
O coração que derrama pranto

Amor-Masoquista
Tortura emocional
Veneno derramado na fonte
Que a sede sacia
Adiante
Definha quem bebe
E a flor murcha, ressequida só floresce
Quando água recebe
Da fonte que entorpece
Raízes e caule retorce
Folhas secas desprende
A seiva exaure

Por detrás do Bem Maior
A Dor que fere

E fere
Porque é ferida
Reação instintiva
De quem da Dor
Se esquiva

Sangra porque o Bem
Que de presente tem
Em ramalhetes de rosas
Também abriga
O espinho que agoniza
A mão que recebe
Ao se ver ferida

Quem Amor doa
Também oferta
Consigo a Dor
Quem Amor recebe
O presente quando abre
Encontra
Sua cota de sofrer

De quem mais amamos
Sempre vem
A estocada que mais nos fere

E tudo vale
Para ambas as partes

No Amor que recebo
Também sofro
Minha cota de Dor

De quem escravizo
No Amor que faz sofrer
Também sou escravo
Do Bem que faz doer

Daquilo que causa
Contentamento e lágrimas
Rosas e espinhos
O êxtase do ópio
E o desencanto dos que dormem
Sem orgulho na sarjeta
Sou o princípio ativo que entorpece
Quem do meu amor sorve
E o viciado entorpecido
Que na noite esmorece



Rob Azevedo






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