domingo, 31 de agosto de 2008

Alma Penada




Alma Penada



Uma sombra me ronda
Uma alma penada me atormenta
Uma nau à deriva
Atravessa a tormenta
O Diabo zomba
Da encrenca
Lá na treva funda
Aonde em seu trono assenta

Despojado da minha sapiência
Por força da mulher que me tenta
Não compreendi o que havia além
Da reticência:

Falsa inocência!

E se foi o bem
Do meu vinho
Transformado em vinagre!

Nasceu no meio do caminho
Um cacto espinhoso
Em minha língua o gosto
Acre
Da morte

Destino nefasto, assombroso
O que um dia foi gozo
Metamorfoseou-se no negro
Das asas de um corvo

Ó, Deus, livrai-me do estorvo
De quem vive incorporada num porco!



Rob Azevedo








A Diferença




A Diferença



A grande diferença
Entre as minhas poesias
E as poesias dos outros
É que as minhas
São bebidas embriagantes
De alto teor alcoólico
E aquelas dos outros
São refrescos

A grande diferença
Entre as minhas poesias
E as poesias dos outros
É que as minhas
São picaretas, marretas, martelos
Que estilhaçam em farelos
Tudo o que há
E aquelas dos outros
São petelecos
No ar

A grande diferença
Entre as minhas poesias
E as poesias dos outros
É que as minhas
Contém o saber dos filósofos
E aquelas dos outros
O entender dos asnos

Sobretudo
A grande diferença
Entre as minhas poesias
E as poesias dos outros
É que as minhas
São almas gritando
Corações estourando
Corpos enlouquecidos se amando
Tudo impactando
Tocando, retumbando
Feito bumbo na praça alardeando
E aquelas dos outros
São mugidos de vacas
Magras
Balbuciando



Rob Azevedo






Gioconda




Gioconda



Ó, Gioconda!
D`onde me vem tantos versos
Tão perfeitos e belos?
Senão outra resposta:

Estou incorporado dos espíritos
De dez mil poetas!

Com eles converso
No silêncio de um bosque ermo
Possesso de inspiração
Na overdose da criação

Psicografo o que me dizem
Sussurrando em meus ouvidos
Cânticos antigos
Perdidos na noite dos tempos
Daqueles que repousam agora
No monte Olimpo

Ó, bela senhora!
Por que me fechaste a porta?
- Não é nada, cousa alguma me pára -
Incorporado dos espíritos
De dez mil poetas
Que agora jazem em lousas
Derrubarei vosso castelo
Como se fora o sopro do vento
Curvando frágeis lírios

Cessarão assim os rios
De lágrimas que dos meus olhos derivam
Abrigar-te-ei em meus braços
Tomando-te os lábios
Possuindo teu corpo
Esculpindo-o em alabastro

A flâmula do gozo
Que ascenderá por cada vértebra tua
Serpenteando
Enquanto estremece
Será o laço de ouro
E o brilho da Lua
A nos unir um ao outro

Adeus, meus olhos baços!
Terei então minha Ambrósia
De volta
Mais apaixonada
Do que nunca



Rob Azevedo







Pra Lá de Bagdá




Pra Lá de Bagdá



Estou pra lá de Bagdá
Bandeira, Camões, Drummond
Cecília, Florbela Espanca
Nada melhor não há
Nenhum monstro já me espanta

Enfiei na sacola
A viola dos trovadores de outrora
Que amarrem minhas alparcatas
E batam palmas
Porque me vou embora
Pra Bagdá
Bem além de Bandeira, Camões, Drummond
Cecília, Florbela Espanca

Não chegam aos meus pés
No ardil de nenhum revés
Que durmam em paz
E conversem comigo
Quando eu me for aos céus

São Pedro que seja o juiz
Na tribuna de Deus
Ao bater o martelo, eu sei
Nada melhor se verá
Os trovadores de outrora
Se renderão
Aclamando-me em glória

Foram meus mestres um dia
Os devotei toda minha idolatria
Passaram-se os anos e agora
Carrego a certeza no fundo da alma:

Nada melhor não há
Nenhum monstro já me espanta
Estou pra lá de Bagdá
Bandeira, Camões, Drummond
Cecília, Florbela Espanca


Rob Azevedo





Deus Humano de Inspiração Possesso




Deus Humano
De Inspiração Possesso


“Quanto mais alto nos elevamos
Menores parecemos
Aos olhos daqueles lá embaixo
Que não sabem voar”

Nietzsche




Quando o engenho transborda
Por todos os poros
E o homem a si mesmo transforma
Em deus humano
A humildade não importa
São linhas tortas
Ser humilde nessas horas
É voltar a ser homem
Vindo do sêmen
Quando em deuses
Somos arrebatados aos céus

Que me elevem os elfos
Ao píncaro do monte Olimpo
Ponham em minha fronte o elmo
Rendam-me glórias
Gravem meu nome em ouro
Na História

O que me importa a humildade nessas horas?
Quando a inspiração vis-ce-ral me toma
Deixando-me possesso
E assombra
Abandono a sombra
Do existir mundano
Elevando-me ao que vejo:

A mais bela miragem
De um deus humano!



Rob Azevedo






Simply The Best




Simply The Best



Cansei de dizer mentiras!
Quero ser tão arrogante
Quanto o cavaleiro Lancelot
Dizendo-se o melhor de todos os guerreiros
Do planeta
Ao adentrar em Camelot
Pois de fato o foi
Assim como sou
O melhor de todos os poetas!

Um não aos falsos estetas!

Um soco na cara
Desses bardos de proveta!

Que nenhum deles se atreva
A desafiar minhas trovas
Pois minha pena é afiada
Tal qual a espada
De Lancelot
O melhor de todos os guerreiros
De Camelot

Tão hábil e rápida
Que sem dó dilacera
Desnuda, humilha e enterra
Tudo o que vem da treva

Que meu ego se inflame
O teu se arranhe
E a (impressão) de arrogância
Te espante
Como tambor retumbante
Quebrando o silêncio ignorante
Daqueles que não têm nada a dizer

Calem-se tolos!
Deixem que eu diga!
Pois cansei da mentira
Brindarei a verdade:

Sou o melhor de todos os poetas!

Diante a mim
Perco a humildade!
São pseudo-estetas
Gerados em provetas
De vis planetas!

Nem a mais poderosa luneta
Enxerga a Arte
Em qualquer parte
Do que escrevem (e não arde)
Esses poetas

Já vão tarde!
Minha pena sem dó dilacera
Expõe as vísceras e enterra
Na funda treva
Os falsos poetas

Que eu seja o profeta
Da nova era
Poética!

Um viva à Arte!

Um amém a essa deusa
Da qual sou parte!

Simply The Best!



Rob Azevedo








sábado, 30 de agosto de 2008

Grande Verdade Eloqüente




Grande Verdade Eloqüente
- Parafraseando uma citação de Salvador Dalí -


A grande verdade é que o maior poeta do mundo
que sou eu
não sei escrever poesias.

No entanto, se puder...

Escreva alguma melhor do que as minhas!

Tenta...


Just me – Rob Azevedo







Remissão




Remissão



Se eu quem parti
Teu sentir
Juntarei os pedaços do teu coração
E farei deles
Minha oração!

Se eu quem cometi
O que me redime teu perdão
Despir-me-ei das roupas
Do orgulho
Para que me vejas dele nu
Suplicando redenção

Se eu quem me inundei
Da falta de humildade
Ajoelhar-me-ei diante ti
Clamando piedade

Se eu quem te perdi
Nas trevas da maldade
Vagarei por toda a eternidade
Morto de saudade

Se eu quem não disse
O que havia ter dito
Confessando amor aflito
Tão grande que te escandalizes
Deixarei que minha pena deslize
Ofertando a ti
O arrependimento dos meus versos

Se eu quem murchei
As rosas que me deste
Outras colherei
Que te adornem o leito
Aonde um dia, Deus queira
Ao teu lado amanhecerei

Se eu sei que errei
E contrito juro que hei
Estancar o mal que ofertei
Perdoa-me se te magoei
Permitindo que te mostre
A verdade que não morde
Teu corpo acolhe
O rancor sacode
Até que acorde
De amor tão forte
Mais cheia que a Lua
Feliz por causa tua
Ao ver-te amanhecer
Extenuada de prazer
Junto a quem te pede
A clemência que concede
Grandeza a quem a oferte

Ao beijar-te os lábios, perdoado
Que eu reze
Juntando os pedaços
Do teu coração
Fazendo deles
Minha oração



Rob Azevedo





sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Duas Metades




Duas Metades




Metade de mim é amor...
A outra metade... Horror...

De longe, pareço um mar de encanto
Do mundo o homem mais romântico
Sensível e fino

De perto, a mim mesmo espanto
O que dirás – a tu, então?

Presunçoso?
Prepotente?
Arrogante?

Zombeteiro?
Grosso?
Dado a surtos de ira?
Delirante?
Inconseqüente?

Ególatra?
Narcisista?
Despudorado?
Egoísta?

Ditador?
Insensível?
Torturador?
Sarcástico?
Frio
E calculista?

Gênio
Ou louco?

Não se aproximes demais
Mantenhas uma certa distância
Ou conhecerás
O íntimo dos animais

Consolo-me, no entanto
De perto ninguém é normal
E ainda tenho
A minha outra metade...

Essa outra parte
Vale bem mais
Infinitamente mais
Do que o ser inteiro
De dez mil normais

Porque nasci com dotes transcendentais
Geniais
De um ser único
Que se causa espanto
Por aquela outra metade
Espanto também causa
E pranto
Ao deparar-se com o dom
Assombroso
Da minha Arte

Eram os gênios loucos?

E em qualquer parte
Mesmo o inimigo me aplaude
Embora
A certeza de que...

Metade de mim é amor...
A outra metade...
Horror...

Não me idealize demais
Tampouco me desmereça
Porque também enxergo
A tua outra parte
Negra
E nessa
Somos iguais
Com a diferença
Que eu cedo a mão à palmatória
Reconhecendo-a
E tu?




Rob Azevedo





Diablo




Diablo




Cala-te!
Oh boca desdentada
Porque manejo bem as palavras
Minha pena é afiada
Feito adaga
E mata

Não me despertes a ira
Não me queiras teu inimigo
Ou nenhum abrigo
Te salvará da bomba-atômica
Da minha lira

Nem farelo dos teus ossos
Restará
Tua alma o Diabo
Vomitará do Inferno
Que não te merecerá

Cala-te enquanto podes
Conservando teu último dente
Prefira a morte
A ver-me de cólera doente

Não escolhas o destino pior
Que te trará a negra sorte
Mais escura que a funda treva
Pode supor

As almas acorrentadas
Aos anjos caídos
De ti se compadecerão
Ao saberem não estando
Em teu lugar
Sorrirão felizes
Contentes de viverem ao lado
Da Besta do Apocalipse

Por Deus se livre
Da catástrofe da ira
Contida em minha lira
Mais afiada
Do que qualquer adaga
Que dilacera a carne
Rasga
E mata



Rob Azevedo





Templo Sagrado do Belo




Templo Sagrado do Belo



O belo pelo belo se apaixona
A feiúra a si mesma procura
E blasfema
Contra a beleza humana
Não agüenta o tolo
Mirar-se no espelho
Reconhecer-se tão feio
Que do fundo do âmago
Lhe vem a ânsia de vômito
E o ódio
Pelo belo exaltado
Desde o povo antigo
Grego

Assim são os fracos
Inventores do pecado
Cheios de rubor por sua própria feiúra
Abominam o corpo
Vestem os índios

Cobrem com panos negros
Os nus de Michelangelo
Da Vinci
Renoir e Picasso

Cometem sacrilégios
Contra o corpo humano sagrado
Concebido por Deus
Em perfeição
Porque o feio
Ao belo inveja
E do prazer é apartado

Restam-lhes nos atirar pedras
Nos impor complexos
Com tudo o que diz respeito
Ao sexo

Não vamos celebrar a feiúra
Sim ao belo – que nunca haverá de nos envergonhar!
Seja do corpo ou da alma
O melhor é ser de ambos
Porque tudo se completa
Não apenas na beleza estética
Mas na grandeza interior

Não me atirem pedras
No Templo Sagrado da Beleza
Nem lhe roguem pragas
Ou lhe devotem a inveja
Porque eu enfezo
E apiedado rezo
Para que Deus se compadeça
De vós queimando no fogo do Inferno

Amém!
Enquanto me amo
Sem nenhum rubor
Ou torpeza de espírito



Rob Azevedo









quinta-feira, 28 de agosto de 2008

CENSURA




CENSURA



Não me imponha a vergonha!
Porque nunca me envergonharei da beleza do meu corpo
Se um dia posei de modelo
Para a escultura que os gregos
Fizeram do deus Apolo

Não me imponha o complexo
Com a nudez do meu sexo
Diga suas coisas sem nexo
E deite você
No divã do analista!

Discuta com o sexólogo
Seus traumas controversos
Enquanto converso
Com meus versos

Para o verdadeiro artista
O belo é excelso
Jamais castigado
Vestido e dito pecado

Não confunda as coisas
A Arte é bela
A pornografia vil mazela

Não dê uma de trouxa
Indo à capela Cistina
E tapando com panos negros
As pinturas de Michelangelo
Retratando
O nu humano
Na criação do mundo

Nem se enrubesça
Com a obra prima de Renoir
Ao pintar suas musas
Nuas
Banhando-se num lago

Volte ao analista
Faça mais uma consulta
Mas não me endoideça
Pois sou artista
E sei que a Arte
Não se censura



Rob Azevedo







quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Crise de Estrelismo




Crise de Estrelismo



Todo artista
Quando aparece
É dado a crises
De estrelismo
Eu tenho as minhas também
Sem nunca ter aparecido
Que não fosse
Para meia dúzia
De gatos pingados
Malhados
Contados
A conta gotas
Que me idolatram
Nem sei por quê
Se na verdade
Nem sou artista
Só escrevo
Umas bobagens
E me dizem:

É Poeta!

Ou talvez, quem sabe?
Até eu seja
E esteja na estrada
Underground
Trilhando-a no anonimato
E algum dia
Quando meus cabelos houverem embranquecidos
Eu brilhe
Nos círculos literários
Sendo reconhecido
E estudado
Em cada escola e faculdade

Quem sabe ainda mais?
Eu arrume mesmo algum trocado
Que me dê para comprar um túmulo
No Jardim da Saudade
Pois o tempo
Haverá chegado

Tudo é tão hilário
Que eu me divirto
Com meu sarcasmo
E explodo em crises súbitas
De estrelismo
Diante minha legião
De meia dúzia de fãs
Atônitos

É que eu me vejo em devaneios insanos
Um grande artista
Sob as luzes
Da ribalta
No palco imaginário
Do Carnigge Hall lotado
Sendo ovacionado
De pé

E também por quê
Eu sempre estudei a biografia dos grandes artistas do passado
E eram loucos de fato
Passíveis de atos
Impensados
Espantosos
Surreais
E boçais

Espelhei-me neles
E procuro de vez em quando pra quebrar o marasmo
E focar as luzes da ribalta sobre mim
Surtar diante todos
Que sejam meia dúzia de gatos pingados
Em meu delírio
São a platéia
Do Carnigge Hall lotado
Boquiaberta
Assustada
Com tanta loucura surreal
Mas vinda de um grande artista
É uma tacada genial
Estampada nas manchetes
Dos jornais
Mundo a fora

Tudo isso impulsiona as vendas
E se enriquece
Fomentando escândalos

Medito nessas coisas
Mas eu sou apenas
Um poeta underground
Só conhecido
Por meia dúzia
De gatos pingados
Malhados

Ainda assim o fato
É que me idolatram
Me bajulam demais
Acham que sou o máximo
E eu acredito
Até que surto
Subindo ao picadeiro
Sendo um palhaço de circo
Mas daquele bem famoso
Considerado
Um grande artista
Fenomenal

Na verdade sou o macaco
Que come as pipocas que lhe atiram

Fico cheio de vontades
E caprichos
Assentado num trono de ouro
Como um Rei
Porque meia dúzia de gatos pingados
Malhados
Acham que sou o máximo
Até que eu acredito

Crise de estrelismo
É isso...
Perder a humildade
Se julgar um deus humano
Sendo o maior
De todos os insanos

Perdoa-me, Meu Sol
Tudo aquilo foi só
Um ego que inchou demais
Se achou
E estourou
Diante
Meia dúzia de gatos pingados
Malhados

Rezo
Que apesar de tudo
Tu nunca deixes
De ser um deles
Acreditando em mim
Enquanto caminho
No anonimato




Rob Azevedo







Sátira da Sala de Estar




Sátira da Sala de Estar



Em tua sala de estar
Pe-ne-trei
E barbarizei
E tuas primas escandalizadas
Com a beleza das rimas
Escritas em meu corpo
Invejaram-te, eu sei
E me maldisseram pelas costas
Fomentando fofocas
Cobiçando o que é teu

Ah! E aquelas velhacas também...
Mal amadas
Celibatárias
Um não sei o quê
Um ninguém quer
Protótipo de mulher

Não sabem mais o que é o prazer
Desde mil novecentos e seis
Fizeram seus discursos hipócritas
De falsa moral sórdida
E me apunhalaram
Fechando a porta

Mas Deus escreve certo por linhas tortas
E nos vimos a sós
Trancados em teu quarto
Rangendo a cama
Enfiando o parafuso
Na porca

E só a ti coube então
Contemplar o belo
Go-zan-do comigo
Daquelas senhoras
Mal amadas
Invejosas



Rob Azevedo







Ode ao Sol MAIOR




Ode ao Sol MAIOR



Mero sopro
De um Bufão Surrealista
VIS-CE-RAL
Inspirado por um Sol

MAIOR

Bem MAIOR

Que o poente sem arrebol

Dos cães doentios de cólera

Que ladram

No bosque florido

Da minha poesia...

E minha grandeza de espírito

Vive bem além

Da hipocrisia

E de tudo o que escandaliza...


Porque você é o meu Sol

MAIOR

Bem MAIOR

Que o poente sem arrebol

Dos cães doentios de cólera

Que ladram

No bosque florido

Da minha poesia...



Rob Azevedo







Carta aos Hipócritas




Carta aos Hipócritas



Deixa as coisas assentarem
A poeira baixar
O tempo mostrar
Quem somos de fato
Na verdade invejados
Porque damos Ibope

Se escabelam os loucos
Abandonados
Despontando
Para o anonimato

Blasfemam
Caluniam
Proliferando intrigas
Se dizendo cordeiros
Quando são víboras

O belo eu canto
Sou amante da perfeição estética
Não do lixo
Aonde vivem os ratos

Se os louros da fama
Me brindam
Reclamam os porcos
No escuro da sarjeta

Oh feiúra que abomina minha alma!
Encontre tua lápide lá fora
E deixe que eu viva
Porque nasci
Para brilhar
Ser estrela

E tu que me olhas de lado
Cochichando pelos cantos
Resmungando?

Nunca foste Cinderela
Já nasceste abóbora!

Abracadabra
Morre logo e vai embora
Encontrando tua lápide lá fora
No jazigo do esquecimento
E que eu viva feliz
Gozando meu talento
E as bênçãos
Que Deus me deu



Rob Azevedo








terça-feira, 26 de agosto de 2008

Aos Retrógrados Cabeças de Fósforos Riscados




Aos Retrógrados
Cabeças de Fósforos
Riscados



Às mal amadas
- Digo sem ser vulgar! –
Deixo o meu riso de escárnio
Exemplar
Troçando dessas damas eunucas
Frustradas!
Mal amadas
- Digo sem ser vulgar! –

Um viva!
À liberdade dos gregos antigos
De Atenas
Berço dos poemas
Do teatro
Da Olimpíada
Da filosofia
E da boa vida!

Hedonistas
Sejam bem vindos
Aos meus versos
Alexandrinos

Um viva!

À Santíssima Virgem Mãe das Ex-Donzelas

Repudie do mundo as mazelas

E salve nossas messalinas

Pois delas

O ventre é bendito

A vida mais bela

Salveeeeeee!!!

Baco salve nossos bêbados bacantes!!!

Salveeeeeeee!!!

Homero, Aristófanes, Horácio
Cratino, Sólon
Epicarmo, Ésquilo...
Deuses Poetas nós te saudamos
Desde à Grécia à Atlântida e Parnaso!!!

Salveeeeeeee!!!

Salve, salve
Abençoado o Amor
E a falta
De pudor

Salve as estátuas de mármore
Grego-Clássicas
Estandartes
Da beleza do corpo
Humano

Salve as pinturas de Michelangelo
Da Vinci
Dalí e Picasso

Salve a Terra
Do Pensamento Livre
E enterra
O pecado
Da Idade Média

Salve Woodstock
Jimmi Hendrix
E Janis Joplin

Salve a beleza
Dos índios
Meninos de Deus
Vivendo
No paraíso
Sem o rubor
Que entorpece
E envergonha
A natureza
Humana

E tenha piedade daqueles
Eunucos e eunucas
Que não entendem
Nossa vasta cultura

Oh! Vossas feiúras
Nunca serão decantadas
Em meus versos

Nossas meninas
São Cinderelas
E aquelas vossas?
São abóboras!

Nossos meninos
São mais belos
E aqueles vossos?
O remelo
Nos olhos
Cegos

Salve minha bomba
Poética-Atômica
Que explode nas cabeças
Dos retrógrados e boçais
Derretendo seus miolos
De equívocos abissais



Rob Azevedo






Palhaços




Palhaços



O bumbo retumba na praça

Palhaços!

Grito...

E o bumbo retumba na praça...

Palhaços!

Palhaços!

Grito
E vomito
Rostos coloridos
Trajes espalhafatosos
Semblantes asquerosos

Piadas sem graça...
Despudoradas
Ah!

Que comédia malfadada
Hilária
Só a vida desses palhaços
Abrindo o riso
Amarelado

Palhaços!

Palhaços!

Palhaços!

Grito...

E o bumbo retumba na praça...



Rob Azevedo





Toda Nudez Será Castigada




_Toda Nudez Será Castigada_



O que me importa estar sem vestes
Quando estou despido da alma?

Refém
Entregue...

Não vedes
O perigo ao qual me exponho?

Uma alma nua
Causa muito mais pudor
A quem de sua roupagem
Se despe

Apague a luz, por favor!
Não quero que me veja
Como sou
Espiritualmente nu

Não que do lúmen interior de mim
Eu me envergonhe
Mas por medo
Que me abocanhe
Enxergando-me como sou
Indefeso, portador
Da inocência das crianças
Quando choram
Longe dos pais

No reservado do quarto
Sobre lençóis
Nossos corpos se acolhem
Nus
Como adultos que se amam
Sem nenhum castigo
Mas a nudez interior
Que desvendo
Aos teus olhos
Por si só
Me castiga

É o poder do Amor
Que me despe
Entregue
Em tuas mãos
Sem que eu saiba
Se o bem que devoto
Será inocentado
Ou julgado culpado

Clemência por meus pecados!
Dá-me um castigo menos amargo
Do que viver banido do teu sorriso
De que tanto preciso

Permita que eu sempre o vislumbre
Em minha vida
Pois nela trago
Da alma despida
A inocência das crianças
Quando choram
Longe dos pais



Rob Azevedo - Dedicado com todo carinho à uma poetisa MAIOR que o Sol...







segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Mercador de Ilusões




Mercador de Ilusões
- Dedicado à Megg, 25/08/2008 –





Poetisa não creia
Em tudo o que diz os poetas
Nós mentimos demais
Por tanto amarmos o Amor
E dele precisarmos em nossas vidas
A cada instante
O forjamos
Para que nosso coração se inflame
Transbordando em poesias

Ah! Vistosa quimera!
A paixão na verdade
É pela beleza estética
E sentimental
Do que escrevemos
E pela utopia
Do Amor em si

Todo poeta é um Narciso
Se mirando nas águas do lago
Onde o lago é a branca folha
O que vê seus versos

Abrigam lendas
E contos de fábulas
O mundo perfeito
Das terras de Platão

Passaram-se os tempos
Ainda vemos
Rainhas e princesas
Cavaleiros e reinos

Trovadores medievais apaixonados
Recitando seus escritos
Debaixo da sacada
D`alguma nobre dama
Da eterna Verona

Ah! Vistosa quimera!
Embebeda e vemos
O que ninguém enxerga!

Contudo, poetisa, não creia
Nessas miragens líricas...

São ilusões
Bailando no deserto...

Eu mesmo um dia cri em meus versos
Amanheci tão ébrio
Que em verdade amei
O que eu mesmo criei
Sem que sequer existisse

Eu, mercador de ilusões
Comprei
O que eu próprio vendi:

Uma garrafa verde pálida
De licor Absinto embriagante
Onde li no rótulo
Só após esvaziá-la:

DESENGANO!

Ah! Que bufão demente!

Continha a água
Do lago onde contemplei refletida
A beleza dos meus versos
Dela bebi
Cada gota
Sedento
E morri
Não afogado como Narciso
Mas embriagado
Do asco
Que me tornou fantasma...

Não creia, poetisa
Em tudo o que diz os poetas!

Pode haver alguma verdade escondida
Na entrelinha
Onde se abriga
A lâmina afiada
Da adaga
Que mata

Ó morte!
Que torne
Verdade mentirosa
No cálice da rosa
Aonde moribundo da treva
Encontre meu sepulcro
No derradeiro suspiro
Que encerra
Minha vida de poeta

Que então eu me transforme
Na metamorfose
Não num Narciso à margem do lago ilusão
Mas em alguém
Que ame
Outro alguém
De carne e osso
Tal qual é...


Rob Azevedo






domingo, 24 de agosto de 2008

Paz Dominical




Paz Dominical



Eu odiava tanto
Essas tardes de domingo
Agora estou amando
Um brinde ao ócio
Ao encontro consigo mesmo

Refugiar-me em meu quarto
Deitar na cama esparramado
De papo pro ar
Sentindo o perfume de Sândalo
Do incenso
Ouvindo um canto gregoriano

Um tempo pra pensar...
Um tempo só pra mim, me namorar
Relax, zen

No dia frio
Ler um livro
Ver na TV algum documentário
Escrever um poema
Ouvir música
Meditar

Esquecido do mundo:
- Eu dele e ele de mim -
Bem a sós comigo
Gozando despreocupado, as horas
Que passam lentas

Ir à cozinha
Comer uma fruta, tomar um sorvete
Um suco
E voltar
Pro refúgio do quarto
Nele trancado
Sem incômodo algum
Em plena paz
Imperturbável
Como se estivesse
Num templo
Sagrado
Encravado
No Tibet

Lá, bem longe, aonde ninguém sabe onde
Esquecido do mundo
- Eu dele e ele de mim –
Bem a sós comigo
No Horizonte Perdido
De férias de tudo
Em momentos de grande paz...

Introspecção
Pausa para meditar
Dedicar-se
Ao mundo intelectual
E espiritual

Assim descubro
- A melhor companhia que tenho
Sou eu! –

Que passem lentas as horas
Esparramado na cama
Espreguiço
Sem vontade
Como um gato no quintal
Numa tarde de Sol

Celebro o ócio
O descanso da mente e do corpo
Ouço
Uma sonata de Bach
Sinto
O perfume de Sândalo no ar
Leio um livro
Penso em alguém
Imagino mil coisas, em sonho desperto
E escrevo um poema

Gozo
Profundamente
A impressão
De estar inteiramente
Esquecido pelo mundo
Por todos

Têm horas na vida
Que esse esquecimento
É o que mais desejamos

Então podemos
Encontrarmo-nos com nós mesmos
E resolvermos
Nossas pendências íntimas
Acomodando as coisas
Recuperarmos
Nosso equilíbrio psicossomático
Anímico

Nenhuma chamada telefônica
Receberei
Nessa tarde vazia
Ninguém virá bater à minha porta
Nenhum vizinho
Com algum problema banal
Ou qualquer coisa que seja
Haverá de me importunar

Nem o cão
Latirá no quintal
Quebrando o silêncio
Dominical

Ajeito-me na cama
Reclino a cabeça no travesseiro
Enfurnado no edredom
Aconchegado
Aquecido
Eu esquecido do mundo
Ele de mim
Em perfeita paz
Celestial



Rob Azevedo





sábado, 23 de agosto de 2008

Ego Trip




Ego Trip



Antes do alvorecer
Hei de escrever
Algum poema...

Não tenho andado lá
Muito inspirado
Na verdade fatigado
Achando tudo banal
As palavras me fogem
Escorrendo entre os dedos
Como água

Será que meu mundo
Não será mais como outrora?

Em que minha pena
Deslizava
Tão fácil nas brancas folhas
Criando lendas e fábulas
Em metáforas
Encantadas

Ainda não veio a aurora
Que minha alma
Dê à luz
Na escuridão de agora

Talvez eu, peregrino
Tenha me perdido
No caminho que conduz a mim

Talvez isso e aquilo...
Tanta coisa
Que matou
Meu lirismo...

Passam horas
Cintilam estrelas lá fora
Um cigarro, um café
Acompanham meu drama
Riscando o último fósforo
Para que acenda a chama

Já não penso
Sou todo sentidos
Sinto frio
A sombra me envolvendo
O silêncio da noite
E o vazio

Quando menino
Queria ser o meu cão vira-lata
Achava aquela vida tão descomplicada
Dormindo o dia inteiro
Vez ou outra latindo
Bastava uma lata de água
Outra de comida que sobrava

Ou então uma coruja misteriosa
Piando na noite alta
Tendo o ninho ninguém sabe aonde

Imaginei também
Ser um fantasma
Um gnomo e um duende

Ainda quis
Ser um eremita
Vivendo numa cratera
D`algum planeta perdido

Por que eu
Tão misantropo
Nasci no seio
Desse formigueiro humano?

A mim, estou habituado
De tal forma
Que me é custoso
Habituar-me a outros

O espanto que me causo
Sendo estranho e incógnito
É ameno
Diante ao que me causam:

Puro estupor insólito!

Tenho a sina
De seguir minha trilha
Sozinho
Não quero ninguém
Que me acompanhe
Nem me amole

Vagueio de um pólo
Ao oposto
Sou grego e troiano
Desdigo o que disse
Sou lagarta
Crisálida
E borboleta

Metamorfose!

Apareço e sumo
Brilho e apago
Rio e choro
Vou e volto

Ninguém me entende!

Sou uma multidão interminável
De personagens
Em mim mesmo
Em constante batalha
Um contra o outro

É tão árdua a luta
Que me vejo deveras
Cansado e envelhecido
Parecendo ter nascido
Antes de Cristo

Quem sabe nada disso
Apenas eu, andarilho
Encontre-me
Nalgum pólo indefinido

Têm dias em que tudo desaba
O que era doce acaba
E encontrar o fio da meada
Num emaranhado tão intrincado
É pagar promessa
No Muro das Lamentações
E dando a sétima volta
Em torno do Kaaba

A senda de um poema
Filosofal
Quando inicio a jornada
Confuso
Para mim é tão longa e penosa
Que no transcurso da viagem
Ao fundo da alma
Perco-me de mim
Mil vezes
Encontrando-me fragmentado
Aos cacos
Lá embaixo
Reunindo meus pedaços

Nem tudo é tão mal
Minha sorte
É que no último verso
Sempre renasço
Num Girassol



Rob Azevedo






Chá de Boldo




Chá de Boldo



O passo torto
Na calçada escura
O mundo à penumbra
Sopra o vento uivando
Ao longe, cães ladrando

Fria madrugada, embriagada
Seguindo a estrada
Ruídos
De pegadas

Aonde vais?
Ó alma atormentada?

Nos becos
Ecoam
Seus ais

O corvo te espreita
Do telhado da igreja...

Tu caminhas sem destino
E se depara
Com a encruzilhada...

Aonde vais?
Volta pra casa?

Ah! Na embriagues dos sentidos
Esqueceste...
Já não tens morada!

E agora
Ó alma penada?
Nem a encruzilhada
Aonde a duvida paira
Te agonia
Qualquer caminho
Te leva ao nada

Já não tens escolha
Perdeste a morada
Só te resta
O chá de boldo
Que te cure
A ressaca



Rob Azevedo







quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Prats dels Cremats - Testemunho de uma vida passada




Prats dels Cremats

- Testemunho de uma vida passada –
"Als cathars, als martirs del pur amor crestian.”





16 de Março de 1244…

Os cruzados logram sucesso
No assalto à fortaleza de Montségur
E nós cátaros
Negociamos a rendição da praça forte...

- Heréticos! Heréticos! Heréticos! Esbravejam os cruzados...

Aqueles que renegarem à fé cátara serão poupados
Da fogueira inquisitória!

Nossas senhoras e crianças choram
O desespero aflora
É consumado o fim
Da resistência cátara em Montségur

Tudo em nome
Da Igreja que se arroga
A ser a voz de Deus

Ó cegos
Magistrados do Diabo!
Vil pecado
É abarrotar os cofres
Da Basílica
Com ouro roubado!

Ó cruzados!
Tua Santa Igreja latifundiária
É covil de endemoniados
A serviço dos monarcas
Tiranos
Que impõe armas

Papas, Bispos, Cardeais
Toda corja
De parasitas prepotentes
Espalhando ais
Pelos quatro cantos do mundo
Sangrando, morrendo, faminto
Em nome de reis, príncipes, duques, condes
Trupe infame de aristocratas empedernidos
Auto-intitulados nobres em arrotos de porco
Ostentando diademas
Cinzelados pela Besta

Nossas crianças e senhoras gritam e choram
Desoladas
Mirando desesperadas esposos, pais, filhos, irmãos, companheiros
Sangrarem pela espada,
Por arqueiros das trevas
E dilacerados
Por pedras lançadas
De catapultas malditas

Nosso lar arde incendiado
Sob as chamas do Diabo
Nos saqueiam os cruzados!

Sangrenta chacina
Em nome de Deus
Onde tudo é heresia
Abissal covardia!

Os últimos combatentes cátaros
São dizimados
Aos olhos
De nossas crianças e senhoras

Não há saída
Tudo está perdido
Negociamos a rendição da praça forte

- Heréticos! Heréticos! Heréticos! Esbravejam os cruzados saqueadores endiabrados...

Aqueles que renegarem à fé cátara serão poupados
Da fogueira inquisitória!

Abro o peito e grito:

- Não renego!
Nosso Deus seja louvado
Não o Diabo dos saqueadores cruzados!

Todos se emudecem temerosos
Espantados
Meus companheiros se calam
Crianças e senhoras choram

Silêncio e olhares aflitos
Diante à morte cruciante na fogueira
Queimado vivo...

Agarra-me o braço um cruzado
Esbofeteia-me, chuta-me
Insulta-me
Corta meu rosto
Com a lâmina da espada
E sangra

Preparam a pira crematória
Escarnecendo de nós cátaros
Em nome do Santo Deus-Diabo

Silêncio e olhares aflitos
Crianças e senhoras choram
Vou sozinho
Ser queimado vivo...

De súbito
Uma voz se levanta:

- Em nome do povo cátaro
Também não renego
Minha fé!

E mais outra e outra e outra
Se vai ouvindo
Vencendo bravamente o medo
A vida e a morte
Com um sorriso valente de orgulho no rosto...

E somos duzentas vozes destemidas
De homens e mulheres
A não renegarem a fé

Ó servidores das trevas
Mais trabalho a vós damos
A pira crematória
Há de ser grande
Imensamente grande
Tão grande o quanto
Nossa fé
Diante a vida e a morte

Aos cantos de louvores a Deus
Somos amarrados nos mastros
Sobre a palha e madeira seca

É ateado o fogo...

Agonizamos em êxtase queimados vivos
Nos Prats dels Cremats

É o fim da resistência cátara em Montségur...

E início de uma lenda
Que atravessando em vidas séculos
Não esquece dos campos
Neles semeando não a morte no fogo
Mas o Amor em Versos



Rob Azevedo






domingo, 17 de agosto de 2008

Confissão




Confissão




Não!
Esse não é mais um poema de amor
Entre tantos
Fujo da desculpa
De que tudo é eu lírico
Devaneio de poeta...

Entenda minhas palavras
Como uma confissão direta
De alguém apaixonado

Uma ou outra metáfora
Sempre existirá
Rimas e cuidados
Com a escrita
Dando ares
De literatura
Mas não é
Senão uma confissão
De alguém apaixonado
Abrindo o coração

Prato farto
Para a imaginação de tantos
Que se perguntam:

- Será verdade?

Meus versos
São verdadeiros
Afirmo e não minto
São vindos
Do mais profundo
Amor que sinto

Não se contentam e perguntam:

- A qual dama
É dedicada
Tão ardente chama
De paixão e encanto?


Àquela
Que meus olhos enxergam
Como a flor mais bela
Dentre açucenas
Rosas e camélias...

Àquela
Que nenhuma aquarela
Reproduz seus matizes
Inigualáveis
Contemplados
Pela benevolência do Sol
E transcendência das pedras
Preciosas

Suas longas madeixas
São delicados fios dourados
Pelo arrebol
Colorindo manhãs felizes
Em tons purpúreos

Seus olhos
São dois rubis
De valor sem igual

Sua boca
É oásis
A mim, sedento
Fonte
Da qual bebo
Diante
Qualquer outra
É veneno

Seu corpo
Meu templo
Sacratíssimo
Aonde adentro
De espírito
Limpo

Sua alma
A pureza que canto
Banhado em pranto

Seu nome
Traz em si
A perfeita rima
A quem se confessa
E pensam:

- Escreve poesia!

Não!
É tão somente
Uma confissão direta
De amor
Amor
Amor
Amor e mais amor
Por Olívia...



Rob Azevedo








sexta-feira, 15 de agosto de 2008

No Teu Colo




No Teu Colo




Eu, homem
Defronte você
Sou menino
Querendo abrigo
No teu colo

Indefeso, perdido
Choro ouvindo
As batidas
Do teu coração

Silencio o soluço
Tremo
Devagar me acalmo
Fecho os olhos
Ao canto
De uma canção
De ninar

Amar
É navegar em mar
De contentamento...

Menino, enxugue teu pranto
Passou o tormento
O Sol amanhece
Dourado a brilhar

Passa o dia e anoitece
De mãos dadas comigo
Será doce
Teu caminhar
Colhendo
Estrelas
Ao luar


Secou o pranto
Ao canto
De uma canção
De ninar

Sereno adormeço
Aninhado no seio
Entrelaçado nos braços
Da menina mulher
Que Deus queira
Mereço

O Amor baila
Magnífico no ar
Transmutando o inverno
Em primavera
Aonde floresce
No jardim
A flor
Mais bela
De um Jasmim

Sonhando desperto
Adentrando no Templo de Eros
Cresço
Num suspiro uníssono
Com a lua
Menina crescente
Endoideço
Brindando
O cálice transbordante
Do Amor
Toque de Midas
Que me torna
Homem feito

O orvalho das manhãs
Que atravessaram em suspiros a noite
Escorre
Sobre dois corpos
Encharcados
Lado a lado

De menino
Indefeso, perdido
Choramingando
Ao longo do caminho
Sou homem feito
Feliz, sorrindo
Com a lua
Outrora
Menina crescente
Agora
Mulher cheia
De Amor
Gratificante

Dá-me teu colo
Mais uma vez
Ó flor que eclipsa
A luz da aurora
E cante
Como antes
Uma canção
De ninar




Rob Azevedo







quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Não Tem Segredo - Nem pra você, nem pra ninguém -




Abaixo é uma letra de música no estilo MPB.






Não Tem Segredo
- Nem pra você

Nem pra ninguém -



Já nem sei
O que dizer
Pra você
Amor

Enfeitei
A Lua
Com uma flor

Inventei
O menino
Trovador
E andei
Sozinho
Pela rua
Do Ouvidor

Ah! Meu Amor
De mãos dadas contigo
O adeus
Pra Dona
Dor

Ah! Meu Amor
Contigo eu vou
Pra onde
For

No teu seio meu abrigo
No meio do Sol o esconderijo
Em teu espírito
O sonho mais bonito

Meu Amor não tem segredo
Nem pra você
Nem pra ninguém

Não sei se é meu ouvido
Mas o vaivém
Das ondas
Sussurram
Teu nome

Olívia

Olívia

Olívia




Rob Azevedo









domingo, 3 de agosto de 2008

No Caminho do Mar





A composição a seguir é uma letra de música no estilo MPB.






No Caminho do Mar

(Rob Azevedo)



No caminho do mar
Eu vou te encontrar, eu sei
Eu vou te encontrar, eu sei
No caminho do mar

Na beira do mar
Vou me afogar, eu sei
Vou me afogar, eu sei
De tanto te amar

Castelos de areia
As ondas não vão levar
As ondas não vão apagar
Corações desenhados na areia

Iemanjá
Mãe da sereia
Me dá certeza
Noite traiçoeira
Não virá

A Lua é cheia
Olívia a estrela
A me guiar

Vou sair pro mar...

Na senda prateada vou seguir
Até onde a Lua beija o mar

Vou te encontrar...

Olívia, Olívia
Sereia bonita
Filha de Iemanjá



***Em negrito repete 3 vezes.